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Pé diabético é a maior causa de amputação de membros inferiores

Doença atinge 14 milhões de brasileiros e causa mais de 50 mil amputações por ano

Por Nira Grassia em 18/09/2018 às 15:49:35

Foto: Reprodução/Internet

A Diabetes Mellitus é uma doença silenciosa que atinge mais de 14 milhões de brasileiros. Muitos são os efeitos que ela causa no corpo, mas um em especial é muito comum e, ao mesmo tempo, pouco percebido: as infecções nos pés. Elas podem ocasionar amputações de membros inferiores, um problema de saúde pública que leva a mais de 50 mil amputações de perna por ano.

Segundo o cirurgião vascular e especialista em tratamento de pé diabético, Jakson Caiafa, é preciso ter atenção a vários sintomas. O médico chamou atenção para um em especial, que é a ardência, queimação ou uma dor exagerada no pé.

"O pé diabético surge principalmente pelo mau controle do diabetes, que faz com que esses pacientes tenham algumas complicações gerais e, principalmente, no caso do pé, uma neuropatia, que é uma lesão dos nervos sensitíveis e motores das pernas e dos pés, fazendo com que o paciente não sinta dor no seu pé ao se machucar, e não se cuide adequadamente", disse.

Ainda de acordo com Caiafa, além dos problemas neurológicos no pé, o diabetes mau cuidado pode ocasionar alterações circulatórias, resultando em arteriosclerose mais grave nesta faixa da população. A falta de sangue nesses casos, onde há uma lesão que o paciente não sente e não se trata, dificulta muito a cicatrização causando uma piora da ferida.

"Uma pessoa diabética, que não está sentindo bem certas partes do pé, tem que tomar muito cuidado, pois como não percebe que se machuca, não vai cuidar precocemente dessa lesão, fazendo com que infeccione. E, nesta situação, na maior parte das vezes, há necessidade da amputação do pé", disse ele, acrescentando que o pé diabético é a maior causa de amputação de membros inferiores em todo planeta.

Cuidados necessários

Ainda de acordo com o cirurgiãoé preciso examinar os pés diariamente e ter uma série de cuidados como, não usar sapatos apertados; não andar descalço; não usar sandálias de tiras no dedo; cortar as unhas retas; não ir a qualquer lugar para tratar dos pés e das unhas, onde as pessoas não tenham treinamento específico.

"Então, os principais fatores de risco seria o diabetes mau cuidado, porque vai gerar neuropatia diabética, vai gerar vasculopatia, que é a lesão do sistema vascular, e vai gerar tambem a insuficiencia renal crônica. Além disso, também podem ocorrer os problemas oculares, que é a retinopatia diabética, maior causa de cegueira; e a nefropatia diabética, maior causa de insuficiência renal no mundo", alertou.

Mudança na rotina

Diabético há três décadas, o fonoaudiólogo João Francisco Coutinho de Andrade, com 58 anos, disse que a doença do pé diabético é um processo que foi se instalando aos poucos. Ele, que precisou passar por duas amputações, não notou uma mudança no começo, mas percebeu uma perda gradual na sensibilidade de seus pés.

"Há mais de 15 anos trato dos meus pés com uma podóloga especializada para diabéticos, como forma de precaução para futuros problemas. Há uns quatro anos sofri a amputação do quarto dedo do pé esquerdo. A princípio, não houve nenhuma alteração significativa na minha rotina, exceto pelo fato de aos poucos ter perdido a sensibilidade na sola dos pés de uma forma geral. Hoje não tenho sensibilidade a calor nem a toque", afirmou.

Quanto aos cuidados, João disse que não não come doce nem consome açúcares. Também não anda mais descalço, não usa sandálias do tipo havaianas e mantém os pés sempre protegidos em virtude da falta de sensibilidade.

Parceria entre UERJ e Fiocruz

A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em parceria com a Fiocruz, recruta 20 voluntários diabéticos e que tenham ferida no pé para participarem de um teste com um medicamento que visa acelerar a cicatrização da ferida.

Para participar da pesquisa, é necessário que o paciente se enquadre em alguns requisitos. Quanto à ferida, é preciso que tenha um diâmetro maior do que quatro centímetros; quatro semanas de evolução, no mínimo; e que seja superficial, sem gangrena, osteomielite ou infecção profunda.

O tratamento tem duração de um ano e meio e será realizado no Ambulatório de Cirurgia Vascular. Os voluntários também receberão sapatos especiais, curativos e ajuda de custo para transporte. Os interessados em participar da pesquisa devem entrar em contato pelo telefone 2334-2439

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