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Família de mulher morta no Caju é vítima de jogo de empurra das autoridades

Corpo de auxiliar de limpeza ficou treze horas aguardando remoção do local

Por Anderson Madeira em 02/06/2021 às 16:57:28

Foto: Reprodução TV Globo

Viver no Rio de Janeiro não está fácil, com crise econômica e pandemia. Morrer nestes tempos, então, nem pensar! A auxiliar de limpeza Cristiane Pedro Gomes, de 42 anos, esperava no início da noite de ontem (1) condução na parada de ônibus em frente ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no bairro do Caju, quando teve mal súbito e faleceu no local. Ela ficou 13 horas esperando a remoção do corpo, que só ocorreu às 8h50 de hoje (2). Neste meio tempo, várias ligações para a Polícia Civil, Defesa Civil e Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) e muito jogo de empurra.

Segundo outras pessoas que estavam no ponto de ônibus e policiais militares que foram reanimá-la, por volta das 18 horas ela começou a sentir falta de ar e desmaiou. Após ser reanimada, Cristiane informou o contato do marido e de um filho, que ao serem avisados, correram para o local. Quando chegaram, ela já tinha tido outro mal súbito e falecido. O viúvo, Alexandre Graciano, entrou em contato com o Samu, que enviou uma equipe e lhe deu atestado de óbito, mas não removeu o corpo. Também ligou para o Instituto Médico Legal (IML), mas ninguém apareceu. A sede do órgão fica a dois quilômetros do local, na Avenida Francisco Bicalho.

De acordo com Alexandre, a Polícia Civil lhe disse que a remoção do corpo era com a Defesa Civil ou com o Samu. Este pediu que ele entrasse em contato com a Defesa Civil. Após cinco ligações, disse ao viúvo que a questão era com o Samu. De acordo com Alexandre, Cristiane era hipertensa.

O corpo acabou sendo recolhido pelo Serviço de Recolhimento de Cadáver da Defesa Civil Estadual e levado para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. Procurado pela reportagem, o órgão informou que não foi acionado para a ocorrência mencionada. Alexandre alegou que nenhuma autoridade lhe orientara a fazer isso.

A Defesa Civil informou ainda que a atuação do rabecão está diretamente ligada ao acionamento por parte da Polícia Civil que, por sua vez, atua em ocorrências de crime. Em caso de morte natural, os familiares podem, com o atestado de óbito em mãos, procurar os serviços funerários. Caso não tenha condições de arcar com o sepultamento, é possível acessar concessionárias conveniadas da Prefeitura do Rio.

Também procurada, a Secretaria de Estado de Polícia Civil informou que cabe ao IML a investigação das causas de mortes decorrentes de fatores externos, como homicídios, lesão corporal seguida de morte, latrocínios, entre outras. Ou seja, casos de crimes. O IML não tem no seu escopo análise de mortes de pessoas por doenças, uma vez que o objetivo do instituto é auxiliar a solução de crimes. Diagnósticos cabem aos órgãos de saúde. Em casos em que não há crime, de acordo com a legislação vigente, a remoção deve ser realizada pelas prefeituras, via Samu ou outro serviço de saúde.

A reportagem entrou ainda em contato com o Samu, que até o momento não se manifestou.


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