Vinte e três anos depois que os serviços de água e esgotos da Região dos Lagos foram concedidos à Prolagos, do grupo Aegea, moradores e ambientalistas do Peró, um dos destinos turísticos mais procurados da região, entraram na luta por saneamento básico. No último sábado, Dia Internacional do Meio Ambiente, eles lançaram a campanha Saneamento Já. Através da Assembleia Legislativa, eles vão cobrar do município e do estado, através da Agência de Saneamento Básico (Agenersa) soluções para o esgotamento sanitário do Peró, que está com lençol freático comprometido.
Já nesta semana, conselheiros da Agenersa serão procurados para explicar os motivos pelos quais Peró, onde as edificações têm gabarito de apenas dois pavimentos, não conta sequer com um metro de rede para esgotamento sanitário, embora seus moradores paguem a tarifa de água mais cara do Estado do Rio por estimativa e não por consumo.
-- Procuramos a Prefeitura e constatamos que o município sequer sabe para onde vai o esgoto do Peró. Nós temos informações extraoficiais que vai para o canal da Ogiva e dali para o Canal Itajuru, que deságua na Ilha do Japonês e na Praia do Forte. A maior parte, contudo, vai para fossas dos condomínios, comprometendo o lençol freático. Uma boa parte vai para a rede de água pluvial, que tem mais de 30 anos e está obstruída por falta de limpeza periódica – disse o biólogo Octávio Menezes, dos Amigos do Peró.
Reunidos na Sorveteria da Praia, os moradores e ambientalistas pediram o apoio do deputado estadual Luís Martins (PDT), que é veranista do Peró, e do ex-deputado e atual diretor financeiro da Alerj, Jânio Mendes. Martins disse que já foram expedidos ofícios para a Agenersa, para o prefeito José Bonifácio e para a Prolagos pedindo o contrato de concessão e explicações sobre a situação do Peró. Nesta semana, o parlamentar se encontra com o novo presidente da Prolagos, Pedro Freitas.
-- Inadmissível que o Peró não tenha sequer um plano de saneamento 23 anos após o início da concessão. O estado e o município têm responsabilidade nisso, pois são os donos da concessão. Técnicos e advogados do mandato já estão debruçados na questão para entenderem a concessão e a seguir pedir providências – disse Luís Martins.
Moradores e ambientalistas se reuniram com o deputado Luís Martins e com o diretor financeiro da Alerj, Jânio Mendes. Foto: José Antônio Moreira
Jânio Mendes afirmou que a Prolagos tem uma dívida de R$ 160 milhões com a Região dos Lagos por obras não executadas nos últimos anos. Prometeu dar todas as informações que possui para a campanha lançada pelo Peró. Depois do lançamento da campanha, o ambientalista Ernesto Galiotto comemorou seus 50 anos de ações ambientais e culturais na Região dos Lagos.
No mesmo encontro, os moradores e ambientalistas discutiram os rumos do projeto Bandeira Azul, certificado internacional de qualidade conquistado pela praia, que tem 7,2 quilômetros de extensão. A preocupação aumentou depois que a Prefeitura dispensou 7 dos oito agentes azuis que cuidam do ordenamento da praia. Resta apenas um, de licença médica, cujo contrato está no fim. Um coordenador foi dispensado, as obras de reforma dos quiosques, prometida pelo prefeito José Bonifácio, não começaram, o tratamento paisagístico da orla não foi feito e não foi adiante a desapropriação de uma casa na Avenida dos Pescadores para ser a base operacional dos agentes municipais que atuam na praia.