Uma mulher grávida morreu após ser atingida por um tiro durante ação policial hoje (8), no Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio. Kethelen Romeu, de 24 anos, que era designer de interiores e vendedora, estava grávida de 14 semanas. Ela estava com a avó e chegou a ser socorrida, mas não resistiu. "Perdi minha neta num tiroteio bárbaro. Não temos culpa de nada", declarou Sayonara Oliveira.
Uma hora antes de morrer, Kethelen havia postado "bom dia, neném" em sua rede social. Veja abaixo:
Foto: Reprodução Rede Social
Segundo a PM, policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Lins foram atacados a tiros por criminosos na localidade conhecida como “Beco da 14”, dando início a um confronto. Após cessarem os disparos, os militares encontraram a mulher ferida, que foi socorrida ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. A Secretaria Municipal de Saúde informou que Kethelen Romeu faleceu logo após chegar à unidade hospitalar.
Buscas foram realizadas na região e os agentes apreenderam um carregador de fuzil, munições de calibre 9mm e drogas
Desde 2017, 15 grávidas baleadas no Grande Rio
De acordo com a plataforma Fogo Cruzado, Kathelen não foi a única. Desde 2017, houve 15 grávidas baleadas na Região Metropolitana do Rio. Oito delas morreram.
Houve ainda dez bebês baleados quando ainda estavam na barriga da mãe: somente um sobreviveu.
*Nem todos os bebês foram atingidos por tiros quando a mãe foi baleada
Grajaú-Jacarepaguá fechada
Após a morte da jovem, moradores da comunidade fizeram um protesto na região. Revoltados, eles pediram paz e justiça. A autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, que liga as zonas Oeste e Norte do Rio, foi fechada nos dois sentidos por volta das 16h15 desta terça-feira (8) por conta da manifestação.
Foto: Reprodução Rede Social
Ambos os sentidos foram reabertos por volta das 18h35, segundo informou o Centro de Operações Rio (COR).
Repercussão
Antônio Carlos Costa, da ONG Rio de Paz, disse que o cotidiano do Rio é marcado por três realidades trágicas.
"A quantidade absurda de arma e munição que entra livremente no Rio de Janeiro; a incapacidade do poder público de elucidar a autoria dessa espécie de crime, o que fomenta a violência em razão da garantia da impunidade; e os tiroteios entre policiais e bandidos, nos quais armamentos de guerra são usados, em áreas densamente povoadas, numa completa desconsideração pela vida do morador de favela", enumerou. Segundo ele, a morte de Kathelen soma-se ao de tantos outros cidadãos cariocas mortos em circunstâncias análogas. "Uma vida foi interrompida na flor da idade e outra não teve nem o direito de nascer. O que isso mudará na política de segurança pública do nosso Estado?", indagou.