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Sem teto deixam ocupação no Centro e esperam prefeitura comprar imóvel

Acordo garantiu saída de 150 famílias do imóvel de prédio ocupado esta semana na Rua da Alfândega

Por Anderson Madeira em 29/06/2021 às 18:26:56

150 famílias haviam ocupado imóvel no Centro do Rio. Foto: Edison Corrêa

As 150 famílias que ocupavam um antigo prédio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (Faperj), na Rua da Alfândega, no Centro do Rio, desocuparam nesta terça-feira (29) o imóvel, conforme acordo feito com o Governo do Estado e a Prefeitura do Rio na última segunda-feira (28). A prefeitura ficou de adquirir outro imóvel, preferencialmente na região central e o Estado começou a cadastrar as famílias a serem beneficiadas. As famílias temem serem mandadas para bairros mais distantes.


Foto: Edison Corrêa

Segundo Elza Maria, uma das coordenadoras do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que organizou a ocupação, a maioria das pessoas está desempregada e irá para casa de amigos e parentes, até ir para uma moradia definitiva definida pela prefeitura.

“As famílias não têm praticamente para onde ir. Não nos deram uma alternativa. Só a de nós desocuparmos o prédio para que haja um processo para continuarem ajudando na solução. Não há um local apropriado para irmos. Estamos tirando as famílias daqui, pacificamente, conversando com cada uma, para ver se elas vão para casas parentes a fim de não voltar para a rua. A vida deles é aqui no Centro. Não há condição de levar para abrigos. Ainda falaram para a gente escolher um lugar para a prefeitura comprar. Não sabemos se vão dar um prédio pronto ou se vão fazer obra. Isso a gente vai negociando. De preferência, um imóvel que esteja em condições para colocar todas as famílias. Não somos pessoas de bagunça, aqui é todo mundo trabalhador, mas a maioria está desempregada”, informou Elza.


Foto: Edison Corrêa

Segundo a ativista, o prédio estava sujo e deteriorado quando os ocupantes chegaram e foi feita uma grande limpeza.

“Chegamos aqui ele estava em estado deplorável. Não tinha ninguém tomando conta e entramos. Estava aberto. O prédio é habitável. Há quantos moradores de rua sofrendo frio, passando fome e com Covid-19? Que vantagem é manter um prédio fechado com tanta gente sem casa? Aqui tinha água e energia elétrica. Encontramos muita poeira. Limpamos tudo, montamos uma creche, uma cozinha, tudo muito bem organizado, lavamos a sala, o piso histórico apareceu novamente. Não entrou bandido aqui. Recebemos muitas doações”, relatou Elza.


Famílias ocupadas no prédio da Rua da Alfândega. Foto: Divulgação

De acordo com um dos ocupantes, que se identificou apenas como Genilson, a intenção inicial do governo era mandar as pessoas para um abrigo.

“O povo quer casa própria, não abrigo. As pessoas trabalham no Centro, não querem pegar três conduções para vir para cá. Uma moradia no Centro facilita para todo mundo. Eles estão em negociação para comprar um prédio aqui no Centro”, contou.


Pessoas começam a desocupar o prédio. Foto: Anderson Madeira

Denise Antunes, de 55 anos, foi para a ocupação no último dia 25, com a filha e três netos, sendo a mais nova de cinco meses.

“Eu pagava aluguel de 500 reais em Belford Roxo. Uma dificuldade. Se a gente paga aluguel, não come. Minha filha só ganha se fizer unha. O marido dela tem dia que trabalha e tem dia que não. A gente precisa de uma moradia. Tem muito prédio aí vazio. Eu ando de cima para baixo procurando cesta básica e trabalho. Na ocupação fui cozinheira. Agora vou voltar para Belford Roxo, onde ficarei em casa de parentes, aguardando ”, disse Denise.


Denise foi a cozinheira da ocupação. Foto: Edison Corrêa

Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras, a Prefeitura se comprometeu a viabilizar o terreno e o Governo do Estado iniciou, no último fim de semana, o cadastramento das famílias para posterior edificação das unidades habitacionais. Foi montada uma força-tarefa composta por assistentes sociais da Secretaria, que cadastrou 78 pessoas, sendo 34 solteiros e sem filhos e com idade inferior a 30 anos. Com a desocupação, será estudada caso a caso a necessidade de um aluguel social. A pasta vai construir casas para as famílias que se enquadrarem no programa de habitação.

Ainda de acordo com a Secretaria de Infraestrutura, as famílias eram oriundas de bairros como Copacabana, Centro, Engenho da Rainha, Campo Grande, Andaraí, Costa Barros, Jardim América, Santíssimo e Santo Cristo. Mais de 40% dos entrevistados declaram ser solteiros e residiremm sozinhos na ocupação. A maioria relatou morar em casa de parentes e de aluguel. Poucos relataram ter Bolsa família ou ter feito uso do auxílio emergencial do governo federal.


Mesa de negociação entre membros da ocupação, o Secretário de Estado de Obras e Infraestrutura, Max Lemos; o vice-prefeito e Secretário de Estado de Habitação, Nilton Caldeira; o deputado estadual Waldeck Carneiro; e o vereador Reimont Otoni. Foto: Edison Corrêa

Procurada pela reportagem, a prefeitura não se manifestou até o momento.

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