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Médicos chamam a atenção: obesidade é doença crônica

Auxílio profissional é necessário para não esperar pelo 'milagre do crescimento'

Por Portal Eu, Rio! em 15/07/2021 às 06:00:00

Foto: Divulgação

Obesidade não é sinal de relaxamento ou falta de determinação, mas uma doença crônica. Atinge 600 milhões de adultos e 100 milhões de crianças ao redor do mundo, causando 4 milhões de mortes por ano, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

No Brasil, já acomete um em cada cinco habitantes. É o maior fator de risco para a Covid depois da idade. Portanto, se um adolescente é obeso, não adianta esperar que ele cresça e, por algum milagre, isso se reverta na fase adulta. Já está provado que adolescentes obesos têm enormes chances de se transformarem em adultos obesos. Por isso, quando mais cedo o problema for atacado, melhor.

Como fazer isso? Existem diversas formas, que variam de acordo com o paciente. Mas claro que exercícios físicos e uma dieta regrada e balanceada são a base. Isso sem falar, eventualmente, do uso de algum medicamento.

Yara Dantas, especialista em Nutrologia do Hospital Albert Einstein, esclareceu algumas dúvidas em entrevista ao Portal Eu, Rio!


Portal Eu, Rio!: Como identificar se a criança ou adolescente tem obesidade crônica ou se apenas está acima do peso?

Yara Dantas: A obesidade infantil é caracterizada por excesso de gordura corporal e em crianças de até 12 anos, sendo considerado sobrepeso quando o peso dessa criança está, no mínimo, 15% acima da referência para a sua idade, que é determinada pelo índice de massa corpórea (IMC). Esse índice é calculado dividindo o peso (em quilogramas) pelo quadrado da altura (em metros) e o resultado revela se o peso está dentro da faixa normal abaixo ou acima do resultado. Então, se um IMC está acima de 27, indica que aquela criança e/ou adolescente está acima do peso.

A obesidade é uma doença crônica definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo e é capaz de causar, lógico, alterações funcionais, estruturais ou, até mesmo, alterações comportamentais que vão prejudicar a saúde da criança e do adolescente e até mesmo dos adultos.

PER: Qual o melhor tratamento? Ele é para vida toda?

YD: Não existe o melhor ou o pior tratamento. Devemos fazer primeiro um minucioso exame de sangue para saber como está a saúde desse paciente. Avaliar todas as funções hormonais, saber se esse paciente é ansioso, se dorme bem, se é muito estressado e, principalmente, a causa da obesidade. Isso é fundamental, porque não adianta traçar uma estratégica alimentar que ele não vai seguir. Temos que tratar a causa. Por exemplo: o paciente que é muito ansioso, o que a ansiedade causa para ele? A vontade de comer. E o que a comida vai causar? Prazer.

Então, se a gente não tratar a causa fundamental da obesidade, esse tratamento não vai adiante. A obesidade, como disse, é uma doença crônica e é para sempre. É como se fosse uma hipertensão, uma diabetes... Temos que ficar de olho! Não é porque a pessoa emagreceu, está magra e pode comer tudo de novo. Não. Tem que manter a sua dieta para o resto da vida. Precisamos entender o que é obesidade, como devemos tratar. Ela é uma doença como qualquer outra, devemos ter muito carinho, atenção e seriedade com o paciente obeso.

PER: Em que situações devem ser usados medicamentos? Quais?

YD: Existem algumas situações, sim, que a gente vai precisar usar medicamento. A medicação no tratamento da obesidade é muito importante quando a gente percebe a causa da obesidade, o que está levando esse paciente a ser obeso ou estar obeso. Tem pacientes que chegam e falam que precisam comer toda hora, tem vontade de ficar sempre beliscando algo para comer mesmo sem fome. Ele ataca a geladeira e pega qualquer coisa para mastigar e tem também aquele paciente que diz que sente muita fome e aí não adianta o médico dar para esse paciente um plano alimentar porque ele não vai conseguir seguir. Precisamos conseguir descobrir primeiramente a causa, a base de que ele está sentindo. A base da doença pode ser ansiedade ou compulsão, isso tudo precisa ser avaliado.

Existem, hoje em dia, várias medicações que podem ser usadas, mas tudo vai depender da queixa, do que ele está sentindo. A obesidade é uma doença e, para cada tratamento, para cada queixa e para cada paciente, vai ser uma medicação, vai ser um tratamento muito individual.

PER: Qual a dieta mais eficiente?

YD: Na verdade não existe dieta mais eficiente, dieta ideal. A dieta mais eficiente é aquela que o paciente consegue seguir. Não adianta ter a dieta da moda, a mais rápida ou a mais famosa, o importante é fazer com que o paciente consiga seguir essa dieta. O certo não é dieta, é um plano alimentar. Ou seja, mudar todos os seus hábitos alimentares. Até mesmo quando se faz uma dieta muito restritiva, ela pode ocasionar uma compulsão alimentar quando para de seguir essa dieta. A dieta tem que ser prazerosa. Ele tem que ter consciência dentro das coisas que ele gosta e consumir de uma maneira muito mais saudável. Aí começa a entender que tem de ver a quantidade de calorias. Isso é mudança de vida, mudança de hábitos.

PER: Como manter a forma depois da conquista do peso ideal?

YD: O grande erro às vezes pode estar aí: "fiz dieta, emagreci e agora eu posso comer o que eu quero". Não é isso. Segue um truquezinho que sempre faço: a mudança de hábito, que é o mais importante. Durante a semana, siga firme na dieta e, nos finais de semana, coma o que quiser. Aí, durante a semana, volta para a dieta programada. Isso não é válido para quem está de dieta, porque dieta é de segunda a segunda, sem descanso. Mas quando você atinge o objetivo do peso ideal, tem que manter. Fazendo isso, você pode fazer esse truquezinho durante o fim de semana.

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