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Acusado de participação na ditadura argentina sofre escracho em Israel

Governo argentino emitiu ordem de extradição contra o homem, que vive no país do Oriente Médio desde 2012

Por Daniel Israel em 18/07/2021 às 00:43:26

Manifestantes protestam em frente à residência de agente da ditadura argentina que vive em Israel. Fotos: Sergio Slutzky

Pela primeira vez na história de Israel, foi realizado na sexta-feira (16) um escracho para denunciar agente da repressão argentina, durante o período ditatorial (1976-83). A ação ocorreu em frente à residência de Aníbal Teodoro Gauto, fugitivo da Justiça argentina desde 2003. Ele tem contra si uma ordem internacional de prisão que data de 2010, em razão de acusações de crimes de lesa humanidade por ter participado sequestros, torturas, homicídio e subtração de menores.

Idealizador do protesto, o jornalista e documentarista Sergio Slutzky tem uma questão pessoal para denunciar Aníbal Gauto. Existe a suspeita de que seu primo, Samuel, tenha sido assassinado pelo torturador no Centro de Detenção Clandestina de La Cacha, em La Plata, cidade na Região Metropolitana de Buenos Aires. No mesmo local, pereceram centenas de opositores do regime autoritário.

Organizações de direitos humanos e partidos políticos israelenses apoiaram a convocação para o escracho, que ocorre semanas antes de assumir o novo governo israelense, liderado por Naftali Bennet e Yair Lapid. O jornalista e documentarista Sergio Slutzky, que deu início à atividade na cidade de Kiriat Bialik, ao norte do país, deu um recado aos presentes: "Se este é um governo que se diz de "mudança", que o demonstre na prática ao alterar a política e deixar de ser omisso com o pedido de extradição argentino feito recentemente pelo Secretário Nacional de Direitos Humanos, Horacio Pietragalla".


Além de um canto tradicionalmente entoado durante essas manifestações na Argentina, algumas pessoas usaram o microfone para discursar e explicar por que estavam presentes. Também participaram do ato jovens argentinos de 18 anos que estão no país para um curso anual de formação voltado a futuras lideranças comunitárias judias em seus países de origem, que vão permanecer em Israel até dezembro.

Vizinhos de Gauto ficaram surpresos ao conhecer o histórico dele, que adotou o nome hebraico de Yossef Carmel e não apareceu em público durante a atividade, carregada de emoção e aplausos.

De todos os acusados no "Caso La Cacha", apenas Gauto/Carmel, que vive em Israel desde 2012, não foi condenado pela Justiça argentina no final de 2014. Três anos depois, em dezembro de 2017, Slutzky conseguiu que o pedido de extradição contra o torturador começasse a ser analisado pela Suprema Corte de Israel.

Assista abaixo a "Aníbal Gauto: Profugo argentino asilado en Israel" ("Aníbal Gauto: Fugitivo argentino asilado em Israel", em livre tradução), documentário dirigido pelo jornalista argentino. A obra é narrada em espanhol e contém entrevistas em hebraico (legendadas em espanhol).


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