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Saiba como foi empreitada criminosa que condenou 12 PMs por corrupção no Rio

Recebimento de propinas e venda de armas era rotina de policiais do 17ºBPM (Ilha)

Por Mario Hugo Monken em 26/09/2018 às 09:51:25

Reprodução Google Street

Dia 16 de março de 2014, por volta das 19h, um cerco começa a ser estruturado por PMs em frente à Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Um veículo Ecosport de cor vermelha é 
abordado. Cinco homens abandonam o carro e deitam-se no chão de bruços, rendidos no meio-fio da calçada. 

Um dos policiais indaga: "É o Belo?", se referindo a um dos ocupantes do automóvel como sendo Rogério Vale Mendonça, vulgo Belo, que na época era figura de destaque no tráfico de drogas na Ilha do Governador, frente à facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP). É citado também um outro nome, Palermo, que se trata de Atileno Marques da Silva, que também estava no carro. 

Alguns policiais se dirigem ao Ecosport, com objetivo de revistar o veículo. Eles visualizam um fuzil, um cinto tático e uma mochila que são acomodados no banco de trás da viatura. Mais dois fuzis são achados no carro. Um policial faz um alerta e as armas retornam para o Ecosport. Devido a importância de Belo e Palermo junto à criminalidade no local, os PMs separam eles dos demais suspeitos, que recebem esporádicos pontapés e puxões grotescos para se levantarem. 

Dois policiais conversam com Belo e Palermo, que são levados para perto da Blazer da PM e são colocados dentro da viatura, no banco de trás. Os outros ficam na caçamba do veículo. 

PMs entram no Ecosport e deixam o local assim como outros colegas em uma Blazer. Eles rumam para a Estrada do Itacolomi, uma área quase que um matagal, que fica ao lado, bem próximo do Aeroporto Internacional do Galeão. Em diálogos, ficam claros os planos dos policiais. Dois criminosos (Belo e Palermo) seriam retirados da viatura e passados para um veículo particular enquanto os outros três seriam entregues para a autoridade policial. 

Os policiais passam a discutir sobre a quantidade de fuzis que será apresentada na delegacia sendo que um deles diz "apenas um" enquanto que as outras armas poderiam ser vendidas por altas quantias em dinheiro, para os traficantes da localidade. 

Os PMs rumaram juntos a Ilha das Canárias a fim de efetivar a liberação de Belo e Palermo mediante entrega de dinheiro. Os presos ligaram para a advogada deles para negociar a libertação. Foi exigida a quantia de R$ 300 mil para que os dois traficantes ficassem livres mas os policiais teriam pedido mais dinheiro. 

A negociação foi feita por SMS no próprio celular de um dos bandidos que acionou a advogada que foi até a Favela da Coréia, em Senador Camará, na Zona Oeste, pegou o dinheiro e levou para os policiais, que disseram que o comandante do batalhão (17º BPM) teria recebido R$ 40 mil pela empreitada criminosa.

No dia seguinte aos fatos, um ex-policial militar e um traficante do morro do Dendê, negociaram a venda dos três fuzis apreendidos pela quantia de R$ 170 mil. Quatorze policiais que participaram da abordagem ao Ecosport também estavam em tratativas com outros bandidos da comunidade da Serrinha, em Madureira, para vender as armas pelo mesmo valor mas que dariam preferência a Fernandinho Guarabu, chefe do tráfico no Dendê, em razão de supostos acertos periódicos que o traficante já possuía com alguns militares envolvidos - a famigerada ´amizade´. A negociação acabou finalizada em R$ 150 mil, sendo R$ 100 mil pagos à vista, prometendo a entrega dos R$ 50 mil remanescentes para a semana seguinte, condições estas que não estavam sendo aceitas de bom grado pelos policiais envolvidos, que já tinham aceitado valor menor para que a quantia fosse integralmente paga de uma vez só, à vista. 

Toda a ação criminosa acabou resultando em condenação essa semana pelo juízo da Auditoria da Justiça Militar de 12 policiais militares, entre eles o tenente-coronel Dayzer Corpas Maciel, na época, comandante do batalhão da Ilha do Governador.  O oficial pegou 20 anos de prisão. 

Os outros condenados foram Vítor Mendes da Encarnação, Francisco Zilvano Fonteles, Honorato José da Silva, Erickson Barros Pieroni, Alexandre Peres Querino, Saelton Lúcio de Medeiros, Rogério Veiga, Henrique dos Anjos Henaut, Saint Clair de Araújo Silva, Márcio André Alves da Silva e Roosevelt de Guimarães Carvalho Júnior.

Todos devem cumprir a pena em regime fechado.

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