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Museu de Arte Contemporânea de Niterói completa 25 anos

Obra-prima do arquiteto Oscar Niemeyer é o maior símbolo da cidade

Por Anderson Madeira em 02/09/2021 às 18:49:09

Foto: Divulgação MAC

Antes da construção do Museu de Arte Contemporânea (MAC), o Mirante da Boa Viagem era apenas um terreno vazio para onde os rapazes levavam as namoradas de carro para ficarem ali olhando o céu e as estrelas, além da paisagem, entre um amasso e outro. Passados 25 anos da inauguração do prédio, um dos pontos turísticos mais visitados de Niterói e considerado uma obra prima do arquiteto Oscar Niemeyer, que o projetou, o MAC é hoje o maior símbolo da cidade. No próximo dia 8, oferecerá ao público uma programação diversificada.

O MAC foi pensado para fazer parte do futuro Caminho Niemeyer, também projetado pelo arquiteto. O então prefeito Jorge Roberto Silveira (na época, no primeiro mandato,- 1989-1992) queria transformar Niterói no maior acervo do país das obras de Niemeyer, depois de Brasília (DF), fomentando o turismo no município. O museu integra um conjunto que depois foi composto pelo Teatro Popular, Memorial Roberto Silveira (Centro de Memória da História e da Literatura Fluminense) e a Fundação Oscar Niemeyer (no Caminho Niemeyer, atrás do Terminal Rodoviário João Goulart), a Praça JK (todas no Centro), o Centro Petrobras de Cinema, em São Domingos e a Estação de Catamarãs de Charitas.

Foi em um almoço no dia 17 de junho de 1991, no restaurante Sacada, em frente à Praia de Charitas, onde Niemeyer desenhou em uma folha de guardanapo os traços do futuro museu, que ele comparou a uma “flor brotando do chão”. Depois, o desenho passou para uma folha de papel ofício trazida do escritório do restaurante. Lá estavam também Jorge Roberto, o secretário municipal de Cultura, Ítalo Campofiorito, o secretário de Urbanismo, João Sampaio e o diretor da Emusa (Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento), o arquiteto Cláudio Cardoso, que também atuava como fotógrafo.


Almoço histórico entre Oscar Niemeyer, Jorge Roberto Silveira, João Sampaio e Ítalo Campofiorito no Restaurante Sacada, em Charitas. Foto: Arquivo Cláudio Cardoso

Aliás, ele registrou o encontro histórico, bem como a visita de Oscar ao terreno onde o MAC seria construído. A intenção era construir um centro cultural que abrigasse o acervo do colecionador de arte João Sattamini, de quase 1.200 obras. “Éramos todos bem jovens e Jorge sempre foi um visionário. Queria que a cidade tivesse uma obra de Niemeyer”, lembra Cláudio, que ainda pediu ao arquiteto um autógrafo para a mulher dele, também arquiteta.


Rascunho de Oscar Niemeyer, feito em um guardanapo de restaurante, do futuro MAC. Foto: Arquivo Cláudio Cardoso

Durante as obras de construção, no começo dos anos 1990, o museu foi alvo de críticas da oposição ao governo municipal na época, que considerou o projeto dispendioso e desnecessário. A construção do MAC custou aos cofres públicos 5 milhões de dólares (o equivalente hoje a 25 milhões de reais). A inauguração dele se deu já na gestão do sucessor do prefeito Jorge Roberto, o arquiteto e urbanista João Sampaio, do mesmo partido, o PDT.


Visita de Niemeyer e Jorge Roberto à Praça do Mirante da Boa Viagem. Foto: Arquivo Cláudio Cardoso

A construção demorou cinco anos e foi feita em uma praça de 2.500 metros quadrados. Trabalharam nas obras 300 operários. Foram consumidos 3,2 milhões de metros cúbicos de concreto, quantidade suficiente para levantar um prédio de 10 pavimentos. O prédio tem 50 metros de diâmetro, tendo recebido tratamento térmico e impermeabilizante. A estrutura consegue suportar um peso de cerca de 400 quilogramas por metro quadrado e ventos de velocidade de até 200 quilômetros por hora.

Para ter acesso ao museu deve-se subir uma rampa sinuosa, marca característica das obras de Niemeyer. No primeiro piso funciona a Administração. Nos segundo, estão a sala de exposições e a varanda panorâmica, envidraçada, também reservada para mostras. No mezanino, que circunda todo o interior do prédio, é dividido em salas menores, para exposições. No subsolo há uma área onde ficam armazenadas as obras, um bar, o Bistrô MAC e um auditório para conferências.

As comemorações do aniversário

A programação inclui uma grande ocupação das artes visuais em todos os espaços do museu: galerias internas, rampa e praça. Serão sete exposições ao todo, além de outras programações artísticas e culturais. Com esta iniciativa, vem a ideia da quebra das suas próprias barreiras físicas: um museu que se espalhe pela cidade, pelas redes. O visitante só conseguirá ver todas as exposições se for ao ambiente virtual (Transeuntis Mundi), se for até a praia da Boa Viagem (Samba exaltação), precisando estar dentro e fora.

“Os traços marcantes do gênio Oscar Niemeyer atraem olhares de todo o mundo para o mirante da Boa Viagem, onde as curvas do Museu de Arte Contemporânea se integram à exuberante paisagem da Baía de Guanabara. Ao completar 25 anos, o MAC se confirma como um dos principais espaços culturais do País e encara o desafio de se aproximar ainda mais dos niteroienses. Exposições e demais atividades cumprem a importante missão de manter nosso MAC como sinônimo de vanguarda, um marco da pluralidade cultural contemporânea, acessível a todos que moram aqui e àqueles que vêm nos visitar”, destaca o prefeito de Niterói, Axel Grael.

Ao chegar na Praça do Museu, o público será recebido por um grande monumento, erguido em homenagem aos 25 anos, em diálogo com a arquitetura de Niemeyer. Já para as galerias do MAC, os monumentos que pairam sobre os céus da Guanabara: de um lado o MAC e do outro o Cristo Redentor. No mezanino, algumas das principais obras das Coleções MAC e Sattamini, garantindo sua função pública e cultural. Diversos autores e trabalhos de extrema importância para arte contemporânea brasileira estarão ao alcance do público, incluindo Lygia Clark, Tunga, Beatriz Milhazes e Ricardo Ventura.

Ao terminar a visita, o público será brindado com o MAC trazendo a própria origem, sua história e construção. Serão diversos documentos, publicações e imagens que retratam um pouco esse período do museu, incluindo a primeira exibição pública do livro de ouro do MAC, que guarda depoimentos e assinaturas de grandes personalidades que visitaram o museu em seus 25 anos.

Ao longo do mês, outras linguagens estarão presentes na programação, como a Cia de Ballet (nos dias 11 e 12), trazendo a dança contemporânea da cidade para o interior do museu, em uma apresentação inédita criada exclusivamente para os 25 anos do MAC. Haverá também o Seminário de Arte e Cultura LGBTI, no dia 23, e a atividade de arte e cultura urbana “Basta ter princípios”, com transmissão nas redes virtuais. Assim, será iniciado o processo de expandir o museu para além do Mirante da Boa Viagem e das artes visuais.

“Tenho uma relação muito próxima com o MAC, porque acompanhei o nascimento da ideia e, depois, todo o processo de construção. Como toda obra de Arte importante, o MAC já nasceu despertando os mais diversos sentimentos nas pessoas e isso acontece até hoje quando os visitantes da cidade se surpreendem ao avistá-lo. O Museu tem sido cuidado com muita responsabilidade e carinho por todos os governos que se instalaram na cidade. Em 2016, o ex-prefeito Rodrigo Neves fez uma importante reforma no MAC, modernizando e valorizando ainda mais sua beleza arquitetônica. Ao completar 25 anos, se insere definitivamente na alma niteroiense com investimentos e ideias novas para o futuro. O MAC é mais do que um Museu, é uma obra de arte, um templo para a Cultura de Niterói e do mundo”, ressalta o presidente da Fundação de Arte de Niterói, Marcos Sabino.

“Pensar Niterói é pensar no MAC. A identidade cultural da cidade é marcada por esse patrimônio valioso, que é uma referência mundial na arquitetura, graças ao mestre Niemeyer, que assinou as curvas futuristas do museu. Além do acervo próprio, o MAC abriga uma das mais importantes coleções de arte contemporânea do país, que projeta Niterói na vanguarda do segmento. Nesses 25 anos de MAC, o legado é imensurável. A contribuição para a arte, para a educação, as ações de formação, inclusão e integração social foram constantes no museu. Nossa cidade tem muito orgulho desse espaço, que projeta nossa cultura para o mundo”, diz o secretário municipal das Culturas, Leonardo Giordano.

O diretor do MAC Niterói, Victor De Wolf, destaca a importância da data:

“Celebraremos os 25 anos do MAC com o mesmo orgulho que os niteroienses têm de viver nesta cidade, com esse incrível símbolo. O MAC olha pro seu próprio passado, mantendo viva sua missão de ser um abrigo da arte contemporânea, mas se recolocando também como um museu que traz o novo, que pauta os debates importantes da sociedade e que busca, ativamente, retomar seu afeto com a cidade e com os niteroienses. Um museu de Niterói para o mundo”, analisa.

O acervo conta ainda com a Coleção MAC Niterói, com obras de arte incorporadas ao acervo por meio de doações de artistas que ali fizeram exposições, em especial de Almir Mavignier de uma série de cartazes aditivos em homenagem à inauguração do Módulo de Ação Comunitária em 2008, incluindo, ainda, dois raros cinecromáticos Abraham Palatnik.

Referência para a cidade, para a região e com projeção mundial, o MAC Niterói, um dos cartões-postais do Rio de Janeiro e do país, foi tema de documentários – inclusive com o próprio Oscar Niemeyer o apresentando –, de campanhas publicitárias e de inúmeros programas televisivos.

Nesses 25 anos, foram recebidas mais de 2, 8 milhões de pessoas no museu, nomes como David Bowie, Juliette Binoche, o ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, entre outros, estiveram no equipamento e deixaram seu relato no livro de ouro. Foram realizadas mais de 185 exposições ao longo desses anos.

Abertura das exposições para o público – 08 de setembro

Área interna

90 | 25 – Ícones e Arquétipos – Salão Principal – com curadoria de Marcus de Lontra Costa

90 | 25 – A simbologia da paisagem – Varanda – com curadoria de Marcus de Lontra Costa

90 | 25 – A materialização do invisível – Mezanino – com curadoria de Marcus de Lontra Costa

Transeuntis Mundi – Mezanino e virtual – Um projeto de Cândida Borges

MAC Origens – Recepção – Coleção de imagens, documentos e objetos importantes na história dos 25 anos do MAC

Área externa

Samba Exaltação – Praça – Texto Curatorial de Alexandre Sá

Monumento Comemorativo dos 25 anos do MAC Niterói – Praça – Curadoria de Priscilla Allegretti

Sobre as exposições

90 | 25 – O conjunto das exposições do salão principal, varanda e mezanino forma a instalação 90 | 25. No salão principal, estarão expostas obras de Oskar Metsavaht, relacionadas aos 90 anos do Santuário Cristo Redentor, e a exposição se chama “Ícones e arquétipos”. Na varanda, a exposição “A simbologia da paisagem”, com obras das Coleções MAC e Sattamini, que dialoga com as obras de Oskar Metsavaht. No mezanino, a mostra recebeu o nome de “A materialização do invisível”, com obras das Coleções. A curadoria é de Marcus de Lontra Costa.

Transeuntis Mundi – Uma exposição inédita no Brasil fará parte das comemorações dos 25 anos do MAC: “Web Derive 01”, do projeto “Transeuntis Mundi”, da artista transmídia, pesquisadora e musicista brasileira, Cândida Borges, e do artista colombiano e escritor, Gabriel Mario Vélez. A obra, que já esteve em sete países, poderá ser vista em Niterói, primeira cidade brasileira a recebê-la, em duas versões: presencial, entre os dias 8 e 12 de setembro, e online, pelo site do MAC, até 30 de setembro. A exposição virtual mostrará por meio de imagens e sons as interações culturais, fruto da migração mundial. Uma viagem de possibilidades que leva às ancestralidades e a futuras possibilidades nas relações culturais.

Samba Exaltação – segunda exposição individual do artista Felippe Moraes na instituição e parte da programação especial de celebração dos 25 anos do museu. A partir do dia 8 de setembro, o público poderá conferir um panorama dos trabalhos em néon produzidos desde 2019, todos inéditos no Rio de Janeiro. Com citações de compositores como Caetano Veloso, Paulinho da Viola e Nelson Sargento. Eles tecem comentários filosóficos sobre o carnaval ausente, a pandemia e o atual contexto histórico e social do Brasil. A mostra terá conteúdo presencial e online, que pode ser acessado por QR codes espalhados pelo espaço e texto curatorial assinado pelo curador e pesquisador Alexandre Sá.

Monumento Comemorativo dos 25 anos do MAC Niterói – O monumento aos 25 anos do MAC Niterói é uma obra criada para ser vista por todos os lados. Mais que uma alusão à idade do museu, ele é uma comemoração à arte. Um confronto de formas, que, através do Círculo Único – movimento criado por José Raul Allegretti, seu autor, se harmoniza nos olhos, mente e espírito de quem a vê. Curadoria de Priscilla Allegretti.

MAC Origens – Uma instituição é feita da sua história e a do MAC Niterói começa antes mesmo da sua construção, na década de 1990. Neste espaço, será contado um pouco desse passado, em um pequeno recorte da trajetória. Por meio de imagens da construção, documentos, publicações, entre outros, é traçado um panorama das origens deste museu tão icônico e importante para Niterói.

Atividades Culturais na programação de aniversário

11 e 12 de setembro – Cia de Ballet da Cidade de Niterói

IMpReSsõeS é inspirada na estética da arquitetura modernista, época que se deu a ascensão arquitetônica brasileira. Oscar Niemeyer, uma das principais referências desse movimento, valoriza a beleza, as formas simples, a natureza e as pessoas, e é nessa premissa que nos inspiramos para fortalecer a ideia que os espaços só criam vida quando são habitados por gente. A apresentação acontecerá de forma itinerante. O espaço ambientado por uma trilha sonora será preenchido por esses corpos dançantes, criando formas, desenhos coreográficos e com os olhos marcados por uma pintura para exaltar a presença humana.

20 de setembro – Basta Ter Princípios: Projeto MAC Audiovisual

Um coletivo de arte urbana que promove, principalmente, batalhas de rodas de rima, que tiveram que ser adaptadas para o mundo digital por conta da pandemia. O evento, que inclui percussão, grafite, DJs, bgirls, bboys e batalhas de rima, será gravado no pátio do MAC, no dia 20 de setembro e, posteriormente, disponibilizado online. Durante a gravação o pátio do museu será fechado para evitar aglomerações.

23 de setembro – Seminário de Arte e Cultura LGBTI

Neste dia, serão realizadas rodas de conversa entre público e convidados sobre temas relacionados à arte e cultura LGBTI, incluindo a crise gerada pela pandemia, possíveis soluções e, também, sobre a parada LGBTI, que não aconteceu ano passado e nem este ano. A forma de participação será divulgada, em breve, nas redes do museu.

Serviço

Abertura das 7 exposições do MAC para o público
Data: 8 de setembro, quarta-feira
Visitação: galerias – interior (de terça a domingo, das 11h às 16h) | pátio (de domingo a domingo, das 9h às 16h)

Período expositivo:

Até o dia 5 de dezembro de 2021

– 90 | 25 – Ícones e Arquétipos – Salão Principal – com curadoria de Marcus de Lontra Costa

– 90 | 25 – A simbologia da paisagem – Varanda – com curadoria de Marcus de Lontra Costa

– Samba Exaltação – Praça – Texto Curatorial de Alexandre Sá

– Monumento Comemorativo dos 25 anos do MAC Niterói – Praça – Curadoria de Priscilla Allegretti

Presencial, entre os dias 8 e 12 de setembro, e online, pelo site do MAC, até 30 de setembro

– Transeuntis Mundi – Mezanino e virtual – Um projeto de Cândida Borges

Longa duração, sem data ainda para término

– MAC Origens – Recepção – Coleção de imagens, documentos e objetos importantes na história dos 25 anos do MAC

– 90 | 25 – A materialização do invisível (da Coleção MAC-João Sattamini)

O MAC fica no Mirante da Boa Viagem, sem número – Niterói.
Entrada gratuita em setembro Informações: 2722-1543 ou pelas redes @macniteroi

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