O ator Sérgio Mamberti morreu na madrugada de hoje (3), em São Paulo, aos 82 anos. A informação foi confirmada pelo filho dele, Carlos Mamberti. Ele estava intubado desde o último sábado, no hospital da rede Prevent Senior para cuidar de uma infecção nos pulmões. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos, segundo o filho do ator.
O ator, diretor, produtor, autor, artista plástico vinha enfrentando problemas de saúde ao longo deste ano, com outras duas internações por disfunção renal e pneumonia.
Irmão do também falecido ator Cláudio Mamberti, Sérgio deixa três filhos: o ator Duda Mamberti, o produtor Carlos Mamberti e o diretor de TV Fabrízio Mamberti. Nascido em Santos/SP, em 1939, Mamberti teve longa carreira no cinema, televisão e teatro. Um de seus personagens mais icônicos foi o de Dr. Victor, no programa infantil "Castelo Rá Tim Bum", sucesso da TV Cultura na década de 1990.
A carreira
Na televisão, fez sua estreia na novela "Ana", da Record, em 1968. Além do Doutor Victor, no "Castelo Rá-Tim-Bum", ele também se destacou na TV como o mordomo Eugênio, de "Vale Tudo", e o carrasco Dionísio, de "Flor do Caribe". Somente em 1981 o ator estreou na TV Globo, como o Galeno de "Brilhante'', novela de Gilberto Braga. Foram mais de 40 novelas, a última, na TV Globo, foi "Sol Nascente", em 2016, no papel de Dom Manfredo. Depois ele chegou a atuar na série "3%", da Netflix, e, em 2017, no sitcom "Eu, Ela e um Milhão de Seguidores", do Multishow.
Ao lançar sua autobiografia "Sérgio Mamberti: Senhor do Meu Tempo", recentemente, em abril, ele falou abertamente sobre a bissexualidade e seus dois amores: Vivian Mahr, com quem foi casado de 1964 a 1980, e Ednardo Torquarto, com quem viveu uma relação de 37 anos, até a morte de Ednardo, em 2019. "Sei que nunca vou me recuperar dessas duas perdas, mas a vida exige coragem e esperança para seguir em frente", escreveu ele ao contar dos amores vividos.
O livro traz alguns detalhes da infância do ator, da cultura herdada pelos pais, e explica como ele fez para aprimorar sua habilidade em línguas, falando cinco idiomas. A importância de Sérgio Mamberti para a cultura brasileira pode ser comprovada também pela obra. Entre muitos relatos, nomes consagrados, como Fernanda Montenegro, que assinou o prólogo do livro, e Gilberto Gil, que escreveu a orelha.
Política
Sérgio Mamberti, filiado ao Partidos dos Trabalhadores (PT), ocupou diversos cargos dentro do Ministério da Cultura durante o Governo Lula. Ele foi Secretário de Música e Artes Cênicas, Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural, Presidente da Fundação Nacional de Artes (FUNARTE) e Secretário de Políticas Culturais. Sua atuação na política e seus posicionamentos sempre foram fortes. Ele se posicionou contrário ao processo de Impeachment de Dilma Rousseff e deu força para o movimento "Lula Livre".
Arte
Formado em artes cênicas pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD), Sérgio Mamberti foi, ao lado de seu irmão, Cláudio Mamberti, figura de extrema importância para a história do teatro brasileiro. Realizou montagens como "O Balcão", do francês Jean Genet, em uma releitura de 1968 que remetia diretamente ao que passava na Ditadura Militar, e também "Réveillon", conquistando o Prêmio Molière de Melhor Ator em 1975.
Mamberti viveu rodeado pela arte, sem deixar que ela nunca morresse. Em julho deste ano, ele chegou a ser hospitalizado para tratar de uma pneumonia, passando pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Teve alta após 15 dias. O artista ainda fez outros planos, aos 82 anos, que não chegaram a sair do papel: um longa-metragem e um documentário sobre a carreira, e uma série para a internet com seu personagem mais famoso, dono do bordão "raios e trovões", o doutor Victor, de "Castelo Rá-Tim-Bum".