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Especialistas criticam projeto de metrô na Baixada e defendem melhorias nos trens

Eles concordaram que o projeto de metrô na superfície não deve ser uma prioridade em detrimento à melhoria do que já existe

Por Anderson Madeira em 18/09/2021 às 13:07:32

Especialistas discutiram a proposta do Governo do Estado. Foto: Reprodução

A proposta anunciada pelo governador Cláudio Castro, recentemente, de levar linha de metrô para a Baixada Fluminense, partindo da Pavuna, continua gerando debate entre especialistas. No programa Vozes da Baixada desta semana, mediado por Jessé Dutra, coordenador geral do Coletivo Lula Brasil – Baixada Fluminense, o tema foi discutido entre Henrique Silveira, coordenador geral da Casa Fluminense; Rafaela Albergaria, mestre em Serviço Social e coautora do livro “Não foi em Vão: Mobilidade, Segurança, Desigualdade nos Trens Metropolitanos do Rio de Janeiro” e o deputado estadual Waldeck Carneiro (PT).

Os especialistas concordaram que o projeto de metrô na superfície não deve ser uma prioridade e que o governo do estado deveria melhorar a qualidade dos trens e reformar as estações existentes, além de oferecer outras modais alternativos de transporte na Baixada, como bicicletas. A obra do corredor expresso BRTransBrasil, que corta a Avenida Brasil, também foi criticada pelos participantes da live, já que sua inconclusão impacta negativamente na locomoção diária dos moradores da Região Metropolitana.

Para Waldeck, os governos priorizaram o transporte rodoviário em detrimento do ferroviário, deixando a população da Região Metropolitana dependente deste modal.

“A Região Metropolitana do Rio de Janeiro tem a maior densidade populacional do país, concentrando 75% da população do estado. Investiu-se muito no transporte rodoviário e deixou-se de lado o ferroviário. Há grandes distâncias de um município a outro. É preciso investir em outros modais alternativos com grande potencial. Com relação à proposta do governador, ninguém aqui é contra, mas é preciso ver se isso é realmente prioritário. Já há linhas de trem que ligam a cidade do Rio à Baixada. Com relação ao BRTransBrasil, parece uma obra de igreja. Poderia ser um grande potencial de oportunidades para a Avenida Brasil. Poderia se criar um corredor de negócios e promover recuperação de áreas verdes. Do jeito que está sendo feita, parece uma obra de quintal, sem importância”, apontou o deputado.

Segundo Rafaela, a obra do BRT agravou problemas já existentes. “Essa intervenção agravou o que já era bastante frequente na Avenida Brasil: longos engarrafamentos na ida e retorno do trabalho. Em relação ao trem, há vagões cujas portas não fecham, a distância da plataforma é grande e causou quedas de passageiros, trens descarrilados e houve casos de chover dentro dos vagões. Tem ainda a questão da violência. Em 2016 foram registrados 33 atropelamentos na linha férrea. Em 2017, pulou para 66 e, em 2018, houve 83 registros”, citou a especialista. Foi feito um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Governo do Estado, a Supervia e o Ministério Público, para melhorar as estações e a acessibilidade. Mas nada foi feito”, lamentou Rafaela.

“A verba de R$ 1,7 bilhão que querem destinar à extensão do metrô até a Baixada poderia ser usada na reforma dos trens, além de garantir mais segurança e acessibilidade nas estações”, sugeriu Jessé, lembrando que o recurso foi obtido graças à outorga da Cedae.

Henrique Silveira defende também a reforma nos trens. “Querem estender a linha do metrô e ignorar os ramais de trem que já existem. Falta prioridade. O governo do estado poderia ainda melhorar este modal usando a verba destinada ao metrô”, afirmou.


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