A esporotricose é um tipo grave de fungo que atinge principalmente gatos, mas também pode infectar cachorros. A castração dos animais é a melhor forma de combater, pois não há vacina. "Atualmente, há uma epidemia da doença e o maior problema é o proprietário que não castra o animal que tem em casa. É preciso ter uma posse responsável. O gatinho que fica dentro do apartamento com tela, que não vai à rua, não pega a esporotricose", esclareceu a coordenadora de Zoonoses da Vigilância Sanitária do Município do Rio, Patrícia Nuñez.
A contaminação ocorre pelo contato das garras do animal com material orgânico em decomposição contaminado, como cascas de árvores, palhas, farpas, espinhos e o solo. A transmissão é pelo arranhão, mordida e pelo contato direto com a pele lesionada. Humanos também podem ser infectados e devem usar luvas para tratar o animal.
A médica veterinária Bárbara Xavier Silva reforçou que é essencial manter os animais em casa. "Lugar de gato e cachorro que têm dono é em casa, não na rua. O instinto de cruzar faz com que eles fujam e quando brigam na rua são infectados. Castrados tendem a ser mais caseiros", disse.
Feridas que não cicatrizam no focinho e nos membros são alguns dos sinais que devem ser investigados e a demora do tratamento pode causar o óbito do animal. "Essa doença pode matar porque gera uma infecção e dependendo do local, nariz ou boca, atrapalha a respirar e a comer", alertou Dra Bárbara.
Feridas que não cicatrizam são alguns dos sinais que devem ser investigados. (foto Arquivo Pessoal)
Notificação obrigatória dos casos
"Por conta da epidemia, a Vigilância Sanitária tornou a notificação obrigatória dentro do município do Rio. Se a pessoa levar o seu animal numa clínica particular, o médico veterinário é obrigado a informar. Precisamos ter noção dos números da doença no município. Os tratamentos de humanos infectados também precisam ser notificados à Secretaria Municipal de Saúde", informou Patrícia.
Nas unidades municipais, no ano passado, foram 12 mil consultas e três mil animais iniciaram tratamento. "A média de duração do atendimento é de seis meses e o animal precisa passar por uma consulta mensal para receber a medicação. Assim que eles recebem alta, são castrados para evitar que se contaminem novamente", disse Dra Patrícia.
As informações de animais abandonados nas ruas com suspeita da doença podem ser dadas pela Central 1746, de Atendimento ao Cidadão. "Normalmente, os que estão na rua são levados por protetores de animais e ONGs para serem consultados e medicados. É importante informar que os animais mortos com esporotricose não podem ser enterrados ou jogados no lixo, precisam ser cremados no Instituto Jorge Vaitsman (IJV)", disse Patrícia.
Os animais com suspeita de estarem infectados podem ser levados ao Instituto ou ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Existem dias certos para o atendimento é preciso chegar cedo para pegar a senha, pois a procura é muito grande. O endereço do IJV é Av. Bartolomeu de Gusmão 1.120, em São Cristóvão (atendimento terças, quartas e quintas-feiras), e do CCZ é Largo do Bodegão, 150, em Santa Cruz (terças, quintas e sextas-feiras).
Em humanos, o tratamento para esporotricose pode ser feito em unidades de atenção primária do município.
Mutirão de prevenção
No próximo sábado (dia 6), a Subsecretaria de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses promoverá mais um mutirão para castração de gatos no Instituto Jorge Vaitsman. Técnicos do Instituto falarão também sobre a prevenção e tratamento da Esporotricose. No evento, será lançada a campanha "Esporotricose - o cuidado é a principal cura", que alerta a população quanto aos riscos da doença.
As 130 vagas disponibilizadas já foram preenchidas e o evento é fechado para os inscritos. Os próximos mutirões acontecerão nos dias 27 de Outubro, 17 de Novembro e 1º de Dezembro. As senhas para inscrever o animal para a castração gratuita, normalmente, são distribuídas na terça-feira da semana anterior ao mutirão. Os interessados chegam na noite anterior e fazem fila para conseguir a senha.
É possível também castrar de forma gratuita ou por um preço menor em ONGS, na Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa) e em hospitais veterinários populares. "Mas só a castração não basta se os proprietários deixarem os bichos ir à rua. As pessoas precisam se conscientizar que devem cuidar e não abandonar os animais", advertiu Dra Patrícia.