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Sem diálogo com as empresas, rodoviários ameaçam parar em novembro

Veja a proposta dos rodoviários aprovada em assembleia nesta sexta-feira

Por Anderson Madeira em 02/10/2021 às 08:54:53

Assembleia de Rodoviários. Foto: Sintronac

O Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) encaminhará, na próxima semana, ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e às empresas de ônibus, a proposta da categoria de reajuste salarial imediato de 10%; aumento de 20% nas demais cláusulas econômicas do contrato de trabalho; R$ 400 para o valor da cesta básica; comissão de 2% para os motoristas que acumulem a função com a de cobradores; e instalação de cofres nos pontos finais de maior circulação para que volumosas quantias de dinheiro não sejam transportadas pelos trabalhadores. Caso não sejam atendidos, ameaçam parar em novembro. A Fetranspor alega que as empresas estão em dificuldade e pede ajuda ao Estado e prefeituras para resolver o problema.

A proposta foi aprovada nesta sexta-feira, 1º de outubro, após uma série de assembleias, realizadas na sede social do sindicato, em Niterói, desde a última segunda-feira (27) e hoje, tendo recebido votação de 682 trabalhadores, contra 209 e seis abstenções. Rodoviários de 30 empresas dos municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá foram convocados para as deliberações. Na próxima terça-feira (5/10) haverá reunião dos representantes dos trabalhadores com os patrões, na sede do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Setrerj).

O Sintronac argumenta que tenta desde junho negociar, com mediação do MPT, o reajuste salarial da categoria junto às empresas de ônibus e estas se mantém irredutíveis em dialogar. De acordo com o sindicato, as perdas salariais dos trabalhadores, que estão com seus vencimentos congelados desde 2019, chegam a 14,5% conforme cálculo pela variação anual do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado).

“Os trabalhadores estão insatisfeitos com os salários, que entrarão em novembro sem reajuste, totalizando 24 meses. Se for necessário, nós vamos fazer greve. Isso é inevitável, não tem jeito. Vamos parar na Justiça, mas vamos ter que arrancar um aumento porque não há como aguentar mais. Não é radicalismo. Procuramos o diálogo insistentemente, mas simplesmente não fomos ouvidos”, afirmou, durante a assembleia da manhã de hoje, o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.

Procurada, a Fetranspor explicou, em nota que em relação à sinalização de greve por parte dos rodoviários, que:

“1) Reconhece a legitimidade das reivindicações e é solidário aos rodoviários neste momento em que o transporte público vive a maior crise de sua história, com o esgotamento financeiro das empresas e a possibilidade real de paralisação das atividades.

2) É de conhecimento público que a grave crise que atinge o transporte coletivo provocou forte impacto na operação das empresas, pressionadas pela redução atual de 35% dos passageiros pagantes e do aumento dos custos, como o reajuste dos principais insumos, principalmente o óleo diesel, que já registou este ano elevação de mais de 50%. Com o agravamento da crise devido à pandemia de Covid-19, as empresas sentem mais ainda os efeitos do desequilíbrio econômico-financeiro provocado pelo congelamento da tarifa há dois anos nos sistemas de linhas municipais e intermunicipais de ônibus. É preciso ressaltar que desde o início da pandemia, o setor de ônibus perdeu quase 1 bilhão de passageiros no Estado do Rio.

3) O Setrerj reforça que está empenhado em garantir a preservação dos empregos dos rodoviários mesmo diante da mais severa crise econômica, que impõe a necessidade de se discutir de forma urgente um novo modelo de financiamento para o transporte público.

4) Desta forma, torna-se imprescindível a participação do poder concedente em busca de soluções que possam apoiar as empresas de transporte a superar esta grave crise financeira, com a adoção de medidas efetivas para a preservação do sistema público de transporte por ônibus.”

O Sintronac informou que insistirá no diálogo com as empresas até o dia 1º de novembro, quando é a data – base da categoria. Caso não obtenha êxito, uma nova assembleia será convocada para definir como será a greve, que atingirá 438 linhas municipais e intermunicipais de Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Tanguá, que fazem o transporte mensal de aproximadamente 36 milhões de passageiros.

Também procurada, a Secretaria de Estado de Transportes informou que busca alternativas com o objetivo de minimizar os impactos para a população, considerando que, atualmente, 65% das pessoas que usam o transporte coletivo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro são transportadas por ônibus intermunicipais.

A secretaria acrescentou que os canais de comunicação e negociação com os operadores de transportes estão abertos. São realizadas reuniões periódicas para atualização sobre os impactos da pandemia, as perdas de demanda, as questões operacionais, entre outros assuntos.

Ouça no Podcast Eu, Rio! o presidente do Sintronac, Rubem Alves, falar sobre as negociações entre rodoviários e patrões.

Por Anderson Madeira
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