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Violência e insegurança afetam mercado imobiliário da região do Lins de Vasconcelos

Em relação a setembro de 2017, o preço do m² diminuiu na região

Por Jonas Feliciano em 06/10/2018 às 12:37:31

Foto: Jonas Feliciano

Não é de hoje que os moradores do bairro do Lins de Vasconcelos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, sofrem com a violência e a constante sensação de medo. Há alguns anos, a região é uma das mais perigosas da capital carioca e, constantemente, amanhece e adormece sitiada por operações policiais. Principalmente, devido o intenso domínio do tráfico.

É no bairro que está localizado o Complexo do Lins. Um conjunto de três grandes comunidades: o Morro do Amor, da Cachoeirinha e da Gambá. São cerca de 37 mil pessoas morando ao redor da área que faz parte do conhecido Grande Méier. Há tempos, a insegurança e a violência relacionada ao tráfico também afetam não só a vida de quem reside por ali, mas ainda, outros aspectos que influenciam diretamente em fatores sociais relevantes como, por exemplo, o mercado imobiliário.

A dona de casa Joselma Firmino mora há 4 anos na localidade. Segundo ela, apesar de gostar muito do Lins, é difícil conviver com a constante sensação de insegurança, além do medo da sua família ser vítima de algum evento violento.

"Eu tenho duas filhas adolescentes e uma netinha de três anos. Foi por essa razão que acabamos nos mudando do endereço anterior. Ele era mais próximo à entrada das comunidades e, muitas vezes, sentimos receio de alguém se machucar com uma bala perdida. As trocas de tiro eram muito próximas a sacada do nosso apartamento. Infelizmente, a violência na cidade e por aqui está muito grande e isso afeta a nossa rotina. Há qualquer momento estamos propensos a essa realidade. Vivemos assustados", contou Joselma.

De acordo com uma pesquisa fornecida pela SECOVIRIO ao Portal Eu,Rio!, os valores para compra de imóveis no Grande Méier reduziram quando comparados ao mesmo período do ano passado. Em setembro de 2017, a média do m² no Lins de Vasconcelos era de R$ 3.910. Agora, em setembro de 2018, o preço caiu para R$ 3.822. Isso significou uma queda de 2,25%. No Grande Méier, a redução foi de 5,31%. A pesquisa realizada pela entidade analisou preços de apartamentos com 1 a 3 quartos.

Imagem: SECOVIRIO

Ainda segundo as estatísticas do estudo, algumas ruas do bairro que estão mais próximas das comunidades, sentiram o impacto na diminuição dos preços. No quadro abaixo, é possível observar a variação percentual entre os anos de 2017 e 2018:


Imagem: SECOVIRIO


É importante destacar que a violência não é o único fator determinante que define os números do mercado imobiliário, mas pode ser considerado um dos responsáveis pela restrição das vendas, locações e preços.

Para o corretor, Vinicius Monteiro, aqueles que procuram a região do Grande Méier estão conscientes da realidade e das possíveis adversidades quando o assunto é a compra de imóveis. E essa não é uma realidade exclusiva do local. Isso acontece com outras partes da cidade.

"Já vendi muitos apartamentos em áreas que tinham altos índices de violência e criminalidade e que também ficaram momentaneamente tranquilas e depois passaram a viver os mesmos problemas. O que acontece é que muitas pessoas compram por uma questão de oportunidade. O carioca já entendeu que as políticas de segurança pública não são muito eficazes. Um bom exemplo disso são os lançamentos imobiliários, eles funcionam como um termômetro do mercado. Geralmente, os compradores estão saindo de um bairro com características inferiores ao novo endereço. Neste sentido, o Lins pode ser um upgrade para o comprador. Uma chance de melhorar sua qualidade de vida O próprio marketing das construtoras trabalha nisso", comentou o corretor.

Vinicius também falou sobre outras dificuldades do mercado imobiliário carioca nos últimos anos.

"Além dessas questões ligadas à violência e a crise econômica, um fator relevante foi o crédito imobiliário. Eu não deixei de ter clientes querendo comprar, mas sim, uma maior dificuldade na liberação do crédito. Cerca de 90% das pessoas compram por meio de financiamento, por isso, dependem desse benefício. Ainda hoje, temos um déficit imobiliário muito grande", afirmou Vinicius.

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