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Lojistas se rendem à violência e aos altos preços dos aluguéis

No Rio, comerciantes gastam R$ 900 milhões em segurança particular no primeiro semestre de 2018

Por Natália Carneiro em 06/10/2018 às 20:29:24

Lojas fechadas na Rua da Carioca. Crise afeta o setor lojista da cidade (Foto: Rodrigo Rebechi)

Segunda-feira. Rua da Carioca. Quem passa por ali não acredita que uma das ruas mais emblemáticas do Centro está jogada às traças. Um festival de lojas fechadas. A reportagem do portal Eu, Rio! contabilizou, pelo menos, 18 estabelecimentos fechados no perímetro que vai da estação de metrô Carioca até a Praça Tiradentes. Mas a Rua da Carioca não é a única a passar por isso. Quem anda pela cidade do Rio já deve ter percebido o aumento no número de lojas que vem fechando suas portas. Impactando todo o fluxo de renda formal e informal, o fechamento desses comércios é reflexo da ascensão da violência que assola o estado e do encarecimento dos espaços para locação.

No primeiro semestre de 2018, de janeiro a junho, os comerciantes cariocas investiram R$ 900 milhões em segurança privada, quase 20% a mais que no mesmo período do ano anterior. De acordo com o Centro de Estudos do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio), esse valor foi usado para a aquisição de equipamentos eletrônicos, contratação de vigilantes, blindagem de portas, reforço de vitrines e claro, seguro. Segundo o presidente do CDLRio e do Sindicato de Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio) Aldo Gonçalves, “É como se fosse mais um tributo pago pelos lojistas, já massacrados pelo peso da burocracia e da alta carga tributária”.

 Segundo a pesquisa feita pelo CDLRio com 750 lojistas, 180 afirmaram já terem tido seus comércios assaltados, furtados ou roubados, o que apresenta um aumento de 15% se comparado com o ano passado. Ainda segundo o estudo, no estado do Rio 21.139 lojas encerraram suas atividades em 2017, o que representa um crescimento de 26,5% quando em comparação ao mesmo período de 2016. Se voltando para o município, do início até o final do ano passado, 9.121 estabelecimentos comerciais encerraram suas atividades, sendo 1.342 no Centro, 1.459 Zona Sul, 2.912 Zona Oeste e 3.408 Zona Norte.

De acordo com o comerciante Gerson Cardoso, que há 27 anos trabalha na Rua da Carioca, foi em 2012 que as coisas começaram a piorar, após a compra de uma porção das lojas da Rua para a Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário, “O preço dos alugueis dobrou e fez com que todo mundo abandonasse o barco. Não estamos aguentando pagar um valor tão alto de aluguel, já nos bastam os impostos tão caros”, esclarece o vendedor de uma loja de instrumentos musicais.

Mas, se você ainda não entendeu o que a violência e os alugueis caros tem a ver com o fechamento das lojas e o que isso implica na realidade socioeconômica carioca, o Eu, Rio!, te explica. É como se fosse um círculo vicioso, pois a abertura de um comércio, no geral, apresenta a demanda de mão obra de terceiros, remete a compra e venda de produtos ou serviços e, naturalmente, envolve a procura por demanda dos mesmos. Com o fechamento das lojas da Rua da Carioca, por exemplo, o número de pessoas circulando no local diminui, o que influencia diretamente na possibilidade de compra dos varejistas que ainda se mantem na região e aumenta a possibilidade dessas mesmas pessoas que transitam pela área de serem assaltas, uma vez que se não há comércio e nem forte circulação de transeuntes dificilmente vai haver uma segurança policial ali, sem contar na quantidade de pessoas que perderam seus empregos, diminuíram sua renda familiar e, por vezes, acabam optando pela marginalidade que é a causadora desse gasto tão alto em segurança.

           

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