De acordo com o Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 7% da população brasileira (6,95%) sofre de algum tipo de deficiência motora. Dentro desse percentual, 5,32% não tem um membro superior ou inferior ou o tem em parte. Por causa disso, alguns preferem a utilização de prótese para locomoção, mas o processo para se adaptar nem sempre é simples.
A ortoprotesista Fernanda Santos explica ao "Portal Eu, Rio!" que o segredo para a completa reabilitação de um paciente através da adaptação de uma prótese, pode ser difícl para alguns e depende da atuação interdisciplinar e multiprofissional . Ela, que atua na Ottobock Clinical Services, também esclareceu uma espécie de mito, que é sobre a pessoa se adaptar à prótese quando o correto é o oposto.
"São muitos os pacientes que chegam aqui na clínica relatando que não se adaptarem à prótese. Eles alegam desde a má utilização por falta de orientação adequada até a ausência de processo fisioterapêutico. Tudo isso, somado à má indicação e construção dos componentes. Também não é incomum o acesso à prótese sem ajustes e treinamento adequado. E ainda existe uma crença generalizada, que o usuário deve "se adaptar" ao aparelho, que não será necessário o processo personalizado e individual. O aparelho sim será adaptado ao usuário", salientou Fernanda.
Apoio psicológico é fundamental
Além do processo de adaptação, existe a questão psicológica sobre como a pessoa se aceitar, por exemplo, sem uma parte da perna ea de que forma deve ser o acompanhamento para a utilização da prótese. Essa foi a situação do músico Túlio Fuzato. Ele, que é atendido na clínica onde a ortoprotesista trabalha, falou como foi seu tratamento.
"Fiquei muito mal e cheguei a pensar que não conseguiria retomar a minha rotina. O acompanhamento que tive desde a identificação do que eu precisaria, passando pela adaptação, chegando até a independência nos movimentos e locomoção foram excepcionais", afirmou Fuzato.
Fabricação minuciosa
Fernanda Santos salientou que o procedimento para a confecção de uma prótese é minucioso e é necessário contar com o apoio de outros especialistas para facilitar um melhor ajuste do material ao corpo de quem é amputado. Ela também falou do tempo ideal de troca, que pode ser de dois até seis anos, caso o componente seja eletrônico. A ortoprotesista também afirmou que quanto maior a utilização mais cuidados com a manutenção se deve ter, além de aconselhar sobre o encaixe do equipamento no corpo.
"Um ponto crucial é o encaixe, por tratar-se de um componentes que deve estar muito bem ajustado ao coto do paciente, há a necessidade de manutenção de peso corporal para que não haja a perda do encaixe por aumento e ou diminuição significativa de peso. Se esta ocorrer, o encaixe deve ser trocado e um novo molde tomado", finalizou a profissional.