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Jornalistas da Editora Globo exigem salários acima da inflação em carta à direção da empresa

Profissionais que trabalham na redação de jornais e revistas lamentam que desde o início da pandemia, a editora tenha pedido compreensão à categoria, mas recusado contrapartidas em benefício dos trabalhadores

Por Portal Eu, Rio! em 10/11/2021 às 23:04:30

Reposição de 8,9% é uma das demandas da categoria. Foto: Eduardo Viné/SJSP

Nesta quarta-feira (10), mais 60 jornalistas que trabalham nos impressos editados pelo Grupo Globo na cidade de São Paulo (SP) divulgaram, por meio do Sindicato, carta aberta à direção do "Valor Econômico" e "O Globo" e das revistas publicadas pela Editora Globo. Os profissionais reclamam por não terem recebido a reposição salarial necessária para contrapor a alta da inflação.

Após mais de cinco meses do início da campanha salarial de jornais e revistas da capital paulista, as empresas ainda se mostram inflexíveis diante das reivindicações dos jornalistas, que lutam para repor o aumento de 8,9% nos preços em relação aos salários.

No texto, os jornalistas recordam apelos feitos pela direção da empresa com a realidade da pandemia e diferentes mensagens que reforçavam a importância do jornalismo durante essa cobertura histórica. Alertam ainda sobre os gastos extras e a dificuldade em conciliar num mesmo ambiente físico o trabalho profissional com as tarefas de casa. E, para piorar, tudo no cenário de gravíssima crise inflacionária que corrói os cada vez mais defasados salários dos trabalhadores.

A carta dos jornalistas foi encaminhada espontaneamente ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo (SJSP), que a entregou para a direção jurídica e à gerência de RH da empresa, conforme decisão dos profissionais da redação. Assim como também decidiram pela divulgação de seu conteúdo no site e redes sociais do Sindicato. Diante disso, portanto, fica a pergunta:

Por que a Editora Globo quer empobrecer seus jornalistas?

Em solidariedade, conforme tuitou o editor Amauri Gonzo, da Ponte Jornalismo, a redação também baseada na capital paulista paralisou hoje por duas horas. O jornalista, colunista do site UOL e fundador da ONG Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, fez uma postagem a respeito em seu perfil no Facebook.

Imagem: Reprodução/Twitter

Leia trechos da carta abaixo:

Carta endossada por mais de 60 jornalistas dos jornais Valor Econômico e O Globo (sucursal São Paulo) e de diversas revistas da casa à direção da Editora Globo e do Grupo Globo (leia a íntegra a seguir):

Em abril de 2020, naquele que talvez tenha sido o período de maior incerteza em relação à pandemia que começava a se agigantar, a Editora Globo fez um apelo aos seus repórteres, editores, diagramadores, fotógrafos e demais funcionários. Preocupada com a saúde financeira de seus veículos, os jornais O Globo e Valor Econômico e as diversas revistas da casa pediram que aderissem às regras de uma medida provisória que implicava em redução de 25% dos salários pelo período de três meses em troca de uma garantia de estabilidade por mais três.

As dúvidas em relação à covid-19, a adaptação forçada às inéditas medidas de isolamento e o estado de insegurança econômica em relação ao futuro não eram questões que afetavam apenas as empresas. Impactavam e angustiavam igualmente as famílias de todos os tipos. E com maior intensidade, os que dependem do salário para sobreviver, os que tinham planos, os que sustentavam e ainda sustentam filhos, pais, avós.

Foi naquela hora mais crítica que, sensível aos argumentos da Editora, a maioria dos jornalistas da casa aceitou atender ao pedido de socorro corporativo. Depois de decisão coletiva aprovada em assembleia, praticamente todos os funcionários das diferentes redações assinaram os termos em que cada um abria mão de um quarto da remuneração em nome da manutenção da saúde financeira da empresa.

Não tem sido fácil exercer o jornalismo na atual conjuntura.

Ainda em decorrência da pandemia, repórteres, editores, diagramadores e demais funcionários trabalham de casa há mais de um ano e meio em condições precarizadas. Além dos gastos de adaptação, como reforma de cômodos e compra de materiais de escritório, transformaram equipamentos domésticos em ferramentas de trabalho, como computadores particulares e celulares. E passaram a bancar parte relevante dos custos fixos de produção dos jornais e das revistas sem qualquer tipo de reembolso ou compensação.

Para 100% desses funcionários, a adaptação ao modelo home office implicou em aumento do consumo individual de energia, cuja tarifa acaba de sofrer nova e agora brutal elevação. Aumento também de gastos domésticos diversos, como limpeza, manutenção e consumo de água. E para boa parte deles, ampliação do plano residencial de conexão à internet.

Tem sido essa gambiarra corporativa que, aliada ao compromisso profissional de cada um, vem garantido a manutenção da prestação do serviço: as edições impressas dos jornais entregues diariamente na porta de seus assinantes nas primeiras horas da manhã, os sites dos diferentes títulos remodelados ao ritmo do noticiário e o Valor PRO atualizado em tempo real 24 horas por dia.

Fora do ambiente doméstico transformado em sala de trabalho, a situação dos jornalistas não é menos desconfortável. Nas ruas e nas redes sociais são alvos preferenciais de sistemáticas campanhas de ódio, boa parte disso incentivado e alimentado pelo próprio presidente da República e sua hoste de seguidores fanáticos.

Aqui, o texto pode ser lido na íntegra.

Imagem: Reprodução/Facebook

Fonte: SJSP

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