Rodoviários de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá decidiram, após intensos debates, em assembleia, acatar a proposta patronal de reajuste salarial de 6%, cesta básica de R$ 400 (hoje é R$ 280) e aumento de 10% no valor do subsídio para aquisição dos uniformes. As deliberações ocorreram em dois turnos, pela manhã e à tarde, na sede social do Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo, no bairro do Sapê, em Niterói.
Pelo menos 442 trabalhadores votaram a favor da proposta patronal e 149 votaram contra. As empresas haviam inicialmente oferecido apenas 4% de reajuste e aumento de 25% da cesta básica. Os rodoviários recusaram esses valores e entraram em estado de greve. Com a evolução das negociações, a categoria optou por aceitar os 6%, que serão pagos em uma primeira parcela de 3% na folha de novembro e mais 3% em julho de 2022.
“Está longe de ser o ideal, mas foi o que a maioria decidiu. É preciso que o poder público comece a reformulação do sistema de financiamento do transporte coletivo, atualmente custeado quase que totalmente pelo usuário, caso contrário o preço final das passagens ficará inviável para a população”, alerta o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira, referindo-se às propostas de mudanças na estrutura financeira do transporte público, que estão sendo debatidas por governos, empresas e trabalhadores.
Atualmente, a inflação descontrolada, acumulada em 10,25% nos últimos 12 meses, que tem pressionado os rodoviários a exigirem maiores reajustes salariais, e o aumento do óleo diesel em 65% somente este ano, podem levar o transporte por ônibus a um cenário caótico em 2022, com a projeção de reajuste tarifário em até 50% já a partir de janeiro, de acordo com dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).
“Existem vários modelos de licitação sendo adotados atualmente por prefeituras em todo o Brasil para que o usuário de ônibus não sofra os impactos dos reajustes tarifários, inclusive o subsídio das empresas por quilômetro rodado, entre outros. Precisamos analisar isso no Leste Fluminense, pois nem os trabalhadores e nem os passageiros devem pagar uma conta que não lhes diz respeito”, avalia Rubens, que destaca ainda que os trabalhadores precisam ser ouvidos pelos governos, pois são peça fundamental na consolidação de um transporte público de qualidade para a população.
“Estamos estudando todos os modelos que estão sendo aplicados no País e esperamos chegar a um formato ideal para o Leste Fluminense, que será encaminhado, como proposta, para os governos municipais e estadual. Precisamos sempre lembrar que o transporte público aqui também reflete na capital, pois há uma grande massa de pessoas que transitam diariamente pelo Rio de Janeiro, mas moram nas cidades vizinhas”, conclui o presidente do Sintronac.