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Lula articula para ter palanque triplo no Rio: Freixo, Neves e Castro

Líder das pesquisas a presidente da República quer apoio de pelo menos três candidatos a governador no estado

Por Anderson Madeira em 17/11/2021 às 19:43:30

Lula. Foto: Divulgação PT

Líder em todas as pesquisas de opinião sobre as eleições presidenciais, o pré-candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva articula para ter mais de um palanque no estado do Rio de Janeiro, ou seja, apoio de pelo menos três candidatos a governador. Seguindo o que diz a canção dos Tribalistas ‘Já sei Namorar’, “Eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também”. Além do deputado federal Marcelo Freixo (PSB), Rodrigo Neves (PDT) e o atual presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, que pode vir a disputar o governo estadual pelo PSD, com apoio do prefeito do Rio, Eduardo Paes, presidente regional da sigla, "namoram" o petista. Até o governador Cláudio Castro (PL), que tenta a reeleição, sonha com apoio do ex-presidente.


Castro também quer o apoio de Lula. Foto: Divulgação

Embora já tenha fechado aliança com o PSB em nível nacional, não quer dizer que Freixo terá Lula só para o seu palanque. O vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, que já foi dirigente regional do partido no Rio, não gostou do socialista ter votado contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 5/2021, que permite maior controle político no Ministério Público e impediria possíveis abusos do órgão. Recentemente, ele declarou à imprensa que Freixo perdeu o posto de candidato exclusivo apoiado pelo PT no Rio. Quaquá tem defendido que, como a candidatura de Lula deve ser a maior das prioridades da legenda, o ex-presidente tenha mais de um palanque no estado.

“Ele (Freixo) perde completamente as condições de ser o candidato exclusivo de esquerda no Rio. É trágico alguém que se diz da esquerda votar a favor de que o Ministério Público tenha autonomia de fazer o que quiser sem ter o escrutínio da sociedade brasileira”, declarou Quaquá, acrescentando que a definição sobre a questão acontecerá somente após a convenção do partido. “Lula é prioridade! Não é por nós! É pelo Brasil! Não tem projeto pessoal nem interesse estadual que se sobreponha à necessidade dele voltar a governar e mudar para melhor a vida do povo”, declarou o petista.


Lula e Freixo. Foto: Divulgação

Rodrigo Neves foi filiado ao PT durante mais de 20 anos, tendo se desligado em 2015, filiando-se ao PV por onde disputou a reeleição a prefeito de Niterói em 2016. No final de 2017 mudou-se para o PDT para ser o coordenador no estado da pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República em 2018. Ele se vale da sua passagem pelo PT e a aliança entre petistas e pedetistas, em Niterói, para conseguir apoio de Lula.

No último dia 10, o pedetista encontrou-se com Lula, acompanhado do presidente regional do PT, João Maurício e do vice-prefeito de Niterói, Paulo Bagueira (Solidariedade).

“Conversamos sobre a sólida e histórica aliança entre trabalhistas e petistas no Leste Fluminense e a grave crise do desemprego, da falta de renda e do aumento da pobreza e da fome no Brasil e no Rio de Janeiro. Lula elogiou as administrações trabalhistas em Niterói e incentivou a nossa proposta de resgatar e modernizar o projeto de educação em tempo integral dos CIEPs em todo o estado. Voltei a ressaltar as políticas públicas que ele fez durante seus dois mandatos e que foram determinantes para dar mais dignidade e melhores oportunidades de vida para milhões de cariocas e fluminenses, sobretudo os mais pobres. Conversamos ainda sobre a importância de se construir uma ampla aliança regional para derrotar o bolsonarismo e reconstruir o nosso estado a partir das eleições do próximo ano”, disse Neves, em uma postagem em seu perfil numa rede social.


Rodrigo Neves, Lula e Paulo Bagueira. Foto: Divulgação

Felipe Santa Cruz conta com a boa relação entre Eduardo Paes e Lula, além do bom trânsito do prefeito com o PT para obter apoio do petista rumo ao Palácio Guanabara. Como presidente da OAB, Santa Cruz tem tido posições progressistas e em defesa da democracia, sendo um feroz crítico do presidente Jair Bolsonaro.


Felipe Santa Cruz. Foto: Divulgação OAB

As chances de Castro ter Lula em seu palanque são cada vez mais reduzidas. Não bastasse o presidente regional do PL, deputado federal Altineu Côrtes, ter publicado em seu perfil numa rede social post reforçando o apoio da legenda ao presidente Jair Bolsonaro. “O PL é da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro e está comprometido com seu projeto de reeleição. Este mesmo compromisso nacional é acompanhado pelo PL no Rio e por todas as suas lideranças. O governador, filiado ao PL, já reiterou publicamente - recentemente ao jornalista Datena, o apoio à reeleição de Jair Bolsonaro”, disse o dirigente. Este admitiu, porém, um apoio informal do partido a Lula no estado. “O PL nacional irá com Bolsonaro. Mas existe, sim, um movimento para juntar Castro e Lula no Rio”.

Esta semana, o presidente nacional do PL, Waldemar da Costa Neto, e Bolsonaro, discutiram. A filiação dele ao partido, marcada para o próximo dia 22, porém, foi adiada. O chefe do Executivo Nacional não gostou do possível apoio da sigla a um candidato apoiado pelo PSDB e quer o controle da legenda, o que Waldemar negou. Tal fato acendeu as esperanças de Castro em ter Lula em seu palanque.

O objetivo do grupo político do governador é construir uma aliança informal com Lula com apoio dos principais nomes da articulação eleitoral no estado: o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), André Ceciliano (PT), e Eduardo Paes. Ceciliano formou para o governador uma aliança com pelo menos dezesseis partidos, que conseguiram cargos em secretarias, subsecretarias e órgãos estaduais, garantindo em troca apoio às ambições de Castro em 2022. Em agosto, ao lado do governador em um evento, Quaquá, declarou: “É Castro-Lula, é Castro-Lula!”. Em troca do apoio, Ceciliano disputaria a vaga ao Senado com apoio do governador.

Além disso, Castro vem mudando a postura. De negacionista no início da pandemia do Covid-19, virou um defensor da vacinação. No dia 4 de outubro, publicou no Twitter uma foto da primeira-dama tomando vacina. “Chegou a vez da minha esposa, Analine Castro, tomar a segunda dose. Mais que falar que acreditamos na vacina, é importante dar o exemplo. Vacinação avançando é esperança em dias melhores chegando”, disse.

Na ocasião também disse: “somos do diálogo, e não foi à toa que esta gestão pacificou o RJ. O tempo das brigas ficou para trás. Grandes investimentos estão voltando, mas nosso foco também se volta aos pequenos empreendedores, que geram renda para milhares de pessoas. Sem politicagem, seguimos trabalhando”. Esta mudança de lado ocorreu quando Bolsonaro começou a ir mal nas pesquisas sobre as eleições de 2022 e seu governo sendo mal avaliado pela população. Até então, ele era bem próximo da família presidencial. Também tem evitado citar Bolsonaro e aparecer junto a ele nas redes sociais. Assinou a carta-protesto contra a afirmação do presidente de que “todos os estados, sem exceção”, aumentaram impostos, contribuindo para a subida no preço dos combustíveis.

Castro sonha ainda com apoio de Paes. Em troca da aliança, o governador apoiaria o prefeito na sua campanha para o governo do estado em 2026.

Em busca de alianças, Lula - em sua versão Tribalista - anda “cortejando” o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que está de saída do PSDB (principalmente se o atual governador de São Paulo, João Dória, ganhar as prévias tucanas, no próximo domingo, 21), para ser o vice em sua chapa. Alckmin foi o principal adversário de Lula nas eleições de 2006 e perdeu para o petista no segundo turno, em uma campanha acirrada. Recentemente, Lula disse que “Alckmin é o único tucano que gosta de pobre”. Tal articulação tem sido feita com a participação do PSB, para onde Alckmin iria. Porém, ele também é disputado pelo PSD de Gilberto Kassab, que sonha em vê-lo como vice de Rodrigo Pacheco (PSD), atual presidente do Senado.

Sobre estas articulações, o ex-governador publicou a seguinte postagem em seu perfil no Twitter. “Muitas especulações têm surgido nos últimos dias sobre nosso futuro político. Sigo percorrendo São Paulo e pensando nos problemas da nossa gente. Quero deixar claro que vocês, com os quais me comunico aqui, serão os primeiros a saber de qualquer novidade”.

Assim como em 2002, quando escolheu o empresário José Alencar para ser seu vice, Lula poderá ter outro no pleito de 2022. Ele tem sido aconselhado por aliados a escolher um nome de Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do Brasil. O empresário Josué Gomes, filho de Alencar, tem sido cogitado. Ele é dono da indústria têxtil Coteminas e foi eleito presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para suceder Paulo Skaf a partir do próximo ano. Além dele, também a empresária Luiza Trajano, proprietária do Magazine Luiza, e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB).


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