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Jovens estão cada vez mais cedo tomando decisões importantes

Especialista afirma que precocidade pode prejudicar desenvolvimento

Por Alessandra Pinheiro em 12/10/2018 às 09:49:00

Foto: Pixabay

Gabriel (18) e Pâmella (23) são jovens com estilos de vida e objetivos totalmente diferentes. Mas o que eles têm em comum é uma característica comportamental que representa uma parte da população formada por jovens preocupados com o futuro: A ânsia pela vida adulta, que engloba, principalmente, a responsabilidade precoce e a extrema dedicação como fatores primordiais para uma vida bem-sucedida.

De acordo com a psicóloga e especialista em Psicologia Clínica, Psicopedagogia e Comunicação, Júlia Bittencourt, essa preocupação, se existe em excesso, pode interferir no desenvolvimento saudável de uma pessoa. “Há estágios do desenvolvimento humano que devem ser respeitados, que geram maturidade, capacidade de tolerância à frustração, regulação emocional, resiliência, entre outras habilidades. Claro que é preciso entender o que está por trás de cada pessoa, mas jovens que querem fazer tudo muito cedo podem sofrer influência de aspectos como ansiedade, necessidade de autoafirmação, baixa tolerância à frustração, entre outros negativos”, alerta. 

Com apenas 11 anos de idade, Gabriel Bernard Conceição da Silva já não se via fazendo outra coisa que não fosse seguir a carreira de jogador de futebol. Frequentou escolas esportivas e treinava com muito comprometimento. A determinação o levou a fazer parte de clubes cariocas como Madureira, Vasco e Flamengo. Mas ele viu sua vida mudar repentinamente ao receber uma proposta de um clube profissional de futebol na cidade de Goiânia (GO), onde precisaria morar, deixando sua família e amigos no Rio de Janeiro.

“Minha rotina é muito intensa, e nas horas vagas ainda vejo vídeos para me aperfeiçoar. A maioria dos atletas que conheço tem dificuldade para conciliar a carreira profissional com os estudos, muitos não terminam a escola, e sobra muito pouco tempo para o lazer. Eu daria tudo para ter 10 anos de novo (risos)”. Acho que tudo deve ter o seu tempo, mas penso que nessa vida temos que abrir mão de muitas coisas para colher frutos no futuro”, contou o goleiro do Atlético Goianiense, clube que faz parte da segunda divisão do campeonato brasileiro de futebol.

A enfermeira recém-formada Pâmella Rosa de Oliveira Arnaldo sempre teve paixão por ciências biológicas e, ao realizar o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM conseguiu se classificar para alguns cursos, entre eles o de enfermagem. Pâmella sempre foi ambiciosa e determinada com relação ao seu futuro e, para ela, sua maior motivação sempre foi o incentivo de seus pais e a vontade de ter uma vida estabilizada.

“Me formei no primeiro semestre de 2017 e atualmente faço residência em enfermagem pediátrica, o que me fez abrir mão de muitas coisas e momentos de lazer, para conseguir uma vaga em um programa tão concorrido como esse. Com certeza sinto muita falta de ter mais tempo, principalmente para família, amigos e lazer”. 

Para a residente, a competitividade entre os jovens e a necessidade de ter uma imagem consolidada também é fruto de cobranças externas. “Percebo que hoje a sociedade e a mídia cobram muito do jovem, principalmente para que ele seja bem-sucedido. Isso faz com que muitos não respeitem seus limites e busquem êxito profissional e pessoal a qualquer custo. Vejo muitos amigos ficando doentes por isso. Nós jovens possuímos uma auto-crítica e a comparação com outros da mesma faixa etária também acaba gerando a necessidade de buscar cada vez mais conquistas”, analisa.

Já há algumas décadas, o cenário era outro. É o que conta Kátia Cardoso Teixeira, de 55 anos.

“O jovem do meu tempo tinha como objetivo terminar o segundo grau (atual ensino médio) com 18 anos, e posteriormente conseguir um emprego. Mas a maioria dos adolescentes e jovens não tinham essa preocupação e cobrança do nível superior como ocorre hoje. Inclusive existiam pouquíssimas universidades particulares, e a propaganda era mínima”, compara a dona de casa, mãe de dois filhos. 

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