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Professor mobiliza as comunidades em torno da escola

Marcelo Andriotti transforma aulas em espetáculos e já representou o Brasil na ONU.

Por Cristina Ramos em 12/10/2018 às 11:10:44

Foto: Arquivo pessoal

O professor Marcello Andriotti ensina muito mais do que manda a Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Multifacetado, Marcello além de ser professor de artes da rede municipal do Rio de Janeiro, é ator, produtor e caracterizador. Leciona para mais de mil alunos do primeiro segmento (1º ao 5º ano) e da Educação de Jovens e Adultos (EJA), e se caracteriza para trabalhar os temas de suas aulas.

 Além da rotina de trabalho de 40 horas semanais, o professor fundou a ONG Favela Mundo há oito anos, que já beneficiou mais de 4.500 crianças e jovens de 132 comunidades do Rio, Niterói e Baixada Fluminense. A organização trabalha a mediação de conflitos com as crianças e os adolescentes através de expressões artísticas como a dança, o balé e o teatro.  

“A escola é o local ideal para vivenciarmos coisas novas, termos diferentes estímulos, conhecer músicas de outros países, que influenciaram (ou não) as nossas danças, brincadeiras e jogos. O mais legal é que muitos pais acompanham as aulas espiando pelo portão e apoiam. Alguns falam ‘esse professor é maluquinho, mas a criançada adora quando ele vem com essas aulas diferentes’. Prefiro que lembrem de mim como um professor maluquinho, o Tio Marcelo, do que como o professor chato que passava trabalhos que não serão lembrados”, explica Marcelo Andriotti.

Durante as Olimpíadas, o professor usou a influência de diversas nações na formação cultural brasileira. Se fantasiou de samurai e providenciou caracterizações para todos os seus alunos. A aula, além de desenvolver a cultura oriental enfatizou temas como respeito, escuta e atenção.

Quando o foco foi a África, Marcelo levou roupas para os alunos de diferentes povos africanos e músicas de diversos continentes.  

Para trabalhar questões de reconhecimento e representatividade como em “Alice no Brasil das Maravilhas”, Andriotti engajou o envolvimento de toda a comunidade escolar - a personagem principal da história era negra e tinha os cabelos crespos. Segundo Marcelo são ações como essas que transformam as escolas da Zona Oeste – as mais bem colocadas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, Ideb – e que fazem de suas aulas as mais concorridas. 

“Tento transformar o ambiente escolar em algo mais acolhedor. Atualmente as crianças estão perdendo a capacidade de sonhar e a imaginação é uma das principais chaves para o aprendizado. O jogo lúdico é fundamental para o desenvolvimento do aluno. Transformamos a sala de aula em reinos, florestas, oceanos, espaço sideral, em que o conteúdo precisar e onde a nossa imaginação levar. As aulas ficam mais leves, mais divertidas e abre-se um espaço, para que novos conhecimentos tenham lugar”, completa. 

Reconhecimento Internacional 

Marcelo Andriotti foi selecionado entre mais de 140 mil inscritos de diversos países para participar do UNAOC Summer School, na ONU, em Nova York, em 2013, onde debateu temas como inclusão social, racial e religiosa. Retornou como convidado à sede das Nações Unidas em 2014 e em 2015. Representou o Brasil também no México, Marrocos, Cuba e Canadá.

Atualmente, o trabalho do professor se estende as famílias, e promove oficinas de capacitação profissional para pais e irmãos maiores de alunos.

 

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