"É possível fazer jornalismo de um modo diferente do tradicional, não existe só uma forma ou fórmula de fazer jornalismo. A tecnologia pode ser muito bem utilizada e precisa cada vez mais de cabeças pensantes. A interatividade, graças a Deus, é uma realidade e o ouvinte não apenas ouve, mas fala e influencia a programação. Isso é um grande caminho. A internet é um mundo de possibilidades, o céu é o limite", incentivou o jornalista, Carlos Briggs, repórter da Band News FM, durante a palestra realizada na Faculdade Hélio Alonso (FACHA), em Botafogo, nesta quinta-feira, 11. O encontro fez parte da 3ª Semana Acadêmica da FACHA e contou com a palestra do jornalista Edison Côrrea, CEO do Portal Eu Rio, criado em junho deste ano.
Edison destacou a importância da colaboração espontânea que gera notícia. "Os grupos de Facebook dos bairros, por exemplo, são excelentes fontes porque é ali na ponta que a notícia acontece, mas os jornalistas não podem esquecer de apurar. As vezes, alguns profissionais querem dar a notícia primeiro, mas quando a agilidade não acompanha a apuração é preocupante. Ao invés de dar um furo, pode dar uma "barriga" (notícia falsa)", ensinou Edison.
Na Semana Acadêmica, realizada entre os dias 8 e 11 de outubro, foram abordados temas ligados ao mercado de trabalho, novos caminhos e novas possibilidades. "Cada vez está mais difícil dar um furo jornalístico, porque todos têm voz e a notícia está na palma da mão, no celular", pontuou a jornalista e professora da FACHA, Ana Paula Goulart, que foi mediadora das palestras.
Ana reforçou que essa interatividade, onde os leitores e ouvintes enviam informações, não deve deixar os profissionais acomodados. "Os jornalistas precisam ser criativos e exercer múltiplas tarefas. Não devemos esperar a pauta chegar, que é o "jornalismo sentado", nem repetir as mesmas pautas dadas por todos os veículos".
Band News - Interatividade e inovação
"As redes sociais movimentam nossa rádio hoje de uma forma muito significativa. Temos pelo menos uma pessoa monitorando o whatsapp da rádio durante todo o período em que estamos no ar. Durante nosso programa jornalístico, recebemos cerca de mil mensagens por hora, de prestação de serviços e denúncias. Essa interatividade é muito importante e fundamental para ajudar na construção da notícia. Recebemos a colaboração de pessoas pelo twitter que nem escutam a rádio", disse o repórter da Band News FM.
Carlos Briggs afirmou que o repórter hoje precisa ser multitarefas. "Hoje não saímos para fazer somente um áudio, fazemos também um vídeo para enviar pelo twitter ou facebook. Eu já fiz uma matéria específica para o facebook, pois o tema pedia imagens, isso mostra uma mudança de paradigma. A rádio hoje é uma multiplataforma, existe uma convergência midiática que já é uma realidade. O rádio se apropriou muito bem dessa convergência, pois nada é tão imediato como o rádio, nem mesmo a internet. Até alguém digitar algo, a notícia já foi falada no rádio".
Portal Eu Rio - Um caso de sucesso
"Quando criamos o Portal Eu Rio, desde o primeiro momento, eu não quis abrir mão de um "jornalismo raiz", com apuração e escuta do contraditório, porque é preciso ouvir os dois lados da notícia. Em três meses de existência alcançamos 1.300.000 visualizações. Procuramos pegar exclusivas, ter um diferencial e somos independentes", afirmou o jornalista Edison Côrrea, CEO do Portal Eu Rio.
O CEO do Portal Eu Rio contou que o novo veiculo de comunicação surgiu num momento de crise. "Em Fevereiro deste ano, aconteceram demissões em massa de jornalistas. Percebemos que tínhamos que buscar um caminho, desenhar alguma outra forma de seguir. Buscamos uma forma colaborativa, democrática e, principalmente, coletiva, para sair dessa situação. Hoje no portal temos a Web TV, já vai entrar no ar a Web Rádio e a versão impressa da revista eletrônica está prevista para 2019", contou.
Edison informou que o público alvo é o estado do Rio de Janeiro, mas têm pessoas acessando o portal da Finlândia, Noruega e Groelândia, além de muitas visualizações nos Estados Unidos. Para os futuros estagiários, o jornalista deu um conselho: Aproveitar as oportunidades. "Não pense em dinheiro no primeiro momento, é preciso mostrar o seu valor".
Novas gerações
"Por mais que esteja concorrido, se corrermos atrás iremos conseguir a tão sonhada vaga. Essa palestra abriu minha visão sobre as diversas áreas e veículos, não devemos nos prender a um só local. Com a internet, temos o espaço e a independência que não teríamos numa mídia tradicional. Prestar serviço para a população foi o que me chamou a atenção no jornalismo", afirmou o estudante do 2º período, Sérgio Junior dos Santos Leão.
A estudante do 2º período de Jornalismo, Thamily de Freitas Santos, foi conquistada para o curso de jornalismo por gostar muito de escrever e de ler. "O leque de opções do jornalismo também foi uma das coisas que me atraiu. Onde surgir oportunidade, eu vou para pegar experiência".