Celular em sala de aula desvia atenção de aluno, dizem estudos

O uso do celular, a cada dia, se torna mais presente nas atividades em sala de aula. Com o avanço da internet, a tecnologia móvel, além de trocar mensagens e vídeos entre os jovens, vai muito mais longe e domina o espaço também da Educação. Dentre as inúmeras possibilidades, o aluno pode fotografar, filmar, gravar e ouvir áudios, interagir com aplicativos, ter acesso aos podcasts e fazer buscas na internet com e sem a orientação do professor.

Em 2015, Pernambuco se tornou o mais novo Estado brasileiro a proibir o uso de telefones celulares nas salas de aula. A lei sancionada no estado nordestino vai ao encontro de normas semelhantes adotadas no Rio de Janeiro, Goiás, São Paulo, entre outros. No mesmo ano, uma pesquisa publicada pela London School of Economics and Political Science (LSE) mostrou que as escolas britânicas que proibiram os celulares registraram um aumento de 6% no desempenho de seus alunos. Segundo o estudo, os aparelhos seriam uma causa de desatenção dos estudantes.

Para a educadora da Escola Municipal Prefeito Milton Rodrigues, de Itaboraí (RJ), Reni Nogueira Vitorino, não há situação positiva para o uso do celular em sala de aula. Os alunos não se limitam a atividade. É negativo sempre, pois rouba a atenção. Não sou a favor, pois não há controle. Muitos abrem duas telas, e no final, poucos fazem a atividade no tempo normal. Ele tira a concentração, é nocivo sempre, poucos resistem a tentação de não entrar nas redes sociais e responder aos amigos. Sou contra o uso, os alunos não têm limites e são poucos os que têm consciência. Trabalhei em 2015 no Colégio Pedro II e lá o índice do uso de celular era baixo, pois a disciplina era severa - Fiz trabalhos satisfatórios. Quando as séries são mais baixas, o melhor é o confisco durante a aula. Quando pego um aluno utilizando o telefone, confisco e devolvo no final da aula, para não tirar de sala e nem dar advertência. E na devolução pergunto algo sobre a matéria. Se responder certo ganha 0,25. Alguns que estão com notas baixas chegam a oferecer o celular, na chance de melhorar a nota, assim que entro em sala de aula. Outros falam que não se controlam, então, o melhor é o celular ficar comigo. E entregam sem problemas, completa Reni Nogueira.

Na Escola Modelar Cambaúba da rede privada, a professora de Inglês da 1ª a 3ª série do ensino médio, Claudia Henriques Ramos, comenta que a estratégia que já usou e funcionou no combate ao celular em aula, foi manter uma sapateira em cada sala. "os alunos tinham que colocar os seus celulares na sapateira antes de iniciar a aula. Mesmo assim, alguns mentiam e diziam que tinham deixado o celular em casa. Pelo menos, o problema foi amenizado", ressalta a professora. Segundo Cláudia, o celular torna-se positivo, quando é fonte de consulta; e negativo, quando o usam para redes sociais e assuntos que não tenham nada a ver com a sala de aula.

Nas escolas paulistas, o celular já está presente em sala desde novembro do ano passado. O governador Geraldo Alckmin liberou o uso de telefones celulares nas salas de aulas para fins pedagógicos. A lei foi sancionada e publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 6 de novembro de 2017. Pela lei, "ficam os alunos proibidos de utilizar telefone celular nos estabelecimentos de ensino do Estado, durante o horário das aulas, ressalvado o uso para finalidades pedagógicas". A nova medida altera uma lei de 11 de outubro de 2007, que proibia o aparelho celular nos estabelecimentos de ensino, independentemente de como ele seria usado.

O professor titular do curso de pós-graduação em Cultura Afro-Brasileira e Indígena, da Universidade Católica de Petrópolis, João Paulo Carneiro, que também já atuou na educação básica, tanto no ensino fundamental, quanto no ensino médio da rede privada, afirma que "o uso do celular pode ser positivo na sala de aula durante as pesquisas e debates". E acrescenta, que por ser favorável ao uso, a utilização necessita ser negociada. Jamais proibida", finaliza João Paulo.