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Lugar de educação também é no hospital

Professores do município dão aulas para crianças hospitalizadas

Por Cristina Ramos em 12/10/2018 às 13:10:00

Fotos: Arquivo pessoal Karla Bastos

A educação é para todos. Mas se a criança estiver hospitalizada? Elas também têm direito à educação. E é o que prevê a legislação brasileira, quando o assunto é pedagogia hospitalar. E no Rio não é diferente: Souza Aguiar, INCA, Hemorio, IPTMG, Hospital Jesus, Hospital Federal de Bonsucesso, Hospital Naval Marcílio Dias e a Casa Ronald disponibilizam classes pedagógicas hospitalares para mais de 200 crianças internadas. Ano passado esse número foi de 397.

São crianças com dificuldade de locomoção, imobilização parcial ou total, imposição de horários para administração de medicamentos, efeitos colaterais de determinados fármacos, restrições alimentares, procedimentos invasivos, efeito de dores localizadas ou generalizadas e indisposição geral decorrente de determinado quadro de adoecimento e a "falta de espaço". Se elas são impedidas de ir à escola, a escola vai até elas.

Karla Bastos, 52 anos, professora da classe hospitalar há 22, trabalha com atendimento escolar no Hospital Souza Aguiar há dois anos. "Sou vinculada à escola municipal Tiradentes, que fica na Rua Visconde do Rio Branco, 48, Centro do RJ. A classe hospitalar funciona aqui no Souza Aguiar, de segunda a sexta-feira, no horário da manhã e da tarde. A sala de atendimento às crianças e adolescentes fica no 7º andar, dentro da Pediatria, conta Karla.

"É uma sala de aula onde a gente dá atendimento escolar às crianças e adolescentes internados. Só divido a turma quando são muitos. Falamos do mesmo assunto em vários níveis, dou basicamente o conteúdo que é disponibilizado para toda a rede, os mesmos cadernos que toda a rede municipal usa, as provas acontecem na mesma época. Como tenho acesso à escola Tiradentes já aviso que há aluno da rede pública internado. Toda criança tem o direito de frequentar à escola.  Se a criança ou o adolescente está internado em um hospital público ele tem acesso a esse programa de escolarização hospitalar (classe hospitalar)", explica a professora.

Segundo a professora da classe hospitalar Karla Bastos "é um desejo nosso, que todos os hospitais públicos, possam vir a ter esse atendimento pedagógico na classe hospitalar para as crianças e adolescentes internados. Além de ser um direito pela constituição, a gente traz o que o aluno deixou do lado de fora, ou seja, não perde conteúdo escolar. Ficou comprovado aqui no Souza Aguiar, que a implantação da classe hospitalar, faz com que o tempo de internação das crianças diminua em um dia e meio, dependendo do quadro clínico apresentado", completa Karla.

Para que a classe hospitalar tenha sucesso é importante se criar um ambiente descontraído com objetos e móveis coloridos, para que a criança ou o adolescente possam esquecer por um momento, o período do tratamento. Colocar em prática métodos não tradicionais de aprendizagem, levar para as aulas dinâmicas e novidades, a fim de prender a atenção do estudante, também é enriquecedor.  Muitos que estão internados estão passando por um processo crítico de tratamento.

As intercorrências entre as mães; as mães e a enfermagem; as mães e os médicos; entre as crianças e as mães diminuiu em 90% com a implantação do programa de classe hospitalar.

"Eu vejo este trabalho como uma realização pessoal. Gosto muito do que eu faço. E o retorno é muito interessante. São crianças que viram pra mim e dizem: Professora, muito obrigada! Crianças com idade avançada que entram sem saber ler e saem lendo. Outros com uma dificuldade em determinada área, que recuperam no período que ficam internadas. Deixam desenhos e recados - Tia eu te amo, Obrigada.

Conforme fonte da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, o atendimento pedagógico da classe hospitalar funciona há 64 anos no Hospital Municipal Jesus, especializado em pediatria. O Souza Aguiar é a nona unidade pública de saúde no município a contar com o programa e foi inaugurado em março de 2017. A participação das crianças e adolescentes na classe hospitalar durante o período de internação - especialmente em casos de longa permanência - traz muitos benefícios, entre eles: o aluno não perde o vínculo com as aulas; não perde a escolarização; e tem resguardado o direito à Educação, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

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