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Rodoviários do Rio entram em estado de greve

Categoria pede aumento de 10% de reajuste salarial e de 30% do valor da cesta básica

Por Anderson Madeira em 25/11/2021 às 20:01:53

O Sindicato dos Rodoviários do Rio de Janeiro decretou estado de greve para os trabalhadores do transporte coletivo. A categoria reivindica 10% de reajuste salarial e de 30% no valor da cesta básica, que passaria a ser de R$ 500. O reajuste não é concedido desde 2019. A entidade divulgou uma carta aberta à população detalhando que em março os salários foram reduzidos e até suspensos devido à pandemia de Covid-19. Além disso, o texto cita adiamento de férias, compensação de feriados e horas extras. Uma paralisação geral e por tempo indeterminado não está descartada.

Eis um trecho da carta aberta:

“Com a pandemia de Covid-19, por exercermos atividade essencial à sociedade, colocamos nossas vida e de nossa família em risco, mesmo durante o período mais severo de restrição de circulação, isso sem qualquer tipo de plano de saúde concedido pela empresa. Com isso, acumulamos mais de 200 mortes de rodoviários por Covid-19 e milhares de companheiros e companheiras que convivem com as sequelas desta doença.

Num contrassenso, desde março/2020, tivemos nossos salários reduzidos e até suspensos, férias adiadas, compensação de feriados e férias extras, devido a medidas emergenciais de socorro às empresas, situação que levou a uma redução do salário médio mensal nos últimos dois anos. Além disto, para manutenção das atividades das empresas e dos postos de trabalho, desde junho/2019 estamos com nosso salário e cesta básica congelados, com a promessa das empresas de recomposição a partir de setembro/2021.

Contudo, após quatro reuniões de negociações com nosso sindicato, duas delas com a mediação do Ministério Público do Trabalho, as empresas de ônibus se recusam a discutir qualquer índice de reajuste. Destacamos que nossa reivindicação atual é somente recomposição da inflação de 2019 a 2021, em torno de 11% nos salários e 30% na cesta básica, que deverá ser de R$ 500. Sem isso, nossas famílias estão em situação de grave privação, nossas dívidas se acumulam e nossas condições físicas e psicológicas para transportar vidas ficam comprometidas.

Não bastasse, as empresas demitiram quase oito mil rodoviários nesse período, com a promessa de recontratação após o término da pandemia. Até hoje, ninguém foi recontratado, o que onera os rodoviários com excesso de jornada e a população com a redução dos horários das linhas. Portanto, a recontratação é medida de caráter social urgente.”

Segundo o presidente do sindicato, Sebastião José, a situação do transporte coletivo na cidade do Rio de Janeiro está sem rumo.

“Já pedimos a intervenção do Ministério Público do Trabalho (MPT), pois já são dois anos que a categoria não tem nenhum tipo de reajuste salarial, o único aumento que temos e o de demissões no setor. Desde o início da pandemia até agora motoristas, cobradores e todos os profissionais que atuam direta e indiretamente para manter os ônibus rodando, foram os que mais se sacrificaram para que a cidade ficasse em movimento”, afirmou.

Sebastião afirmou ainda que a única saída seria uma licitação séria e transparente, já que esse modelo de organização do transporte através de consórcios comprovadamente não deu certo, e quem paga o pato de toda essa desorganização é a população usuária e os trabalhadores do setor, que sofrem com essa falência. Ele lembra ainda que em 2015 haviam 35 mil rodoviários em atividade e, antes da pandemia, esse número passou para 24 mil. Depois da pandemia e do fechamento de 15 empresas só na capital fluminense, o número caiu para 19 mil trabalhadores.

Procurada, a Rio Ônibus – que reúne as empresas de transporte coletivo do Rio, informou que não irá se manifestar e que está em negociações com os trabalhadores.

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