Acuado pelo TCP e milícia, CV tenta aproximação com a ADA

Ameaçado em perder favelas para milicianos e o Terceiro  Comando Puro (TCP), o Comando Vermelho (CV) chegou a ensaiar uma possível aproximação com o que restou da facção Amigos dos Amigos (ADA). Circula nas redes sociais um áudio de um suposto traficante do Morro da Mangueira, na Zona Norte da capital, identificado pela alcunha de PQD, em que ele sugere que os dois grupos se unam porque possuem inimigos comuns. 

Na gravação, ele diz que a ADA domina o Morro do 18, em Água Santa, na Zona Norte, que é cercado de comunidades do CV como Barão, Covanca e Bateau Mouche, que ficam na Praça Seca e Jacarepaguá, na Zona Norte e que seria fundamental essa união para tomar redutos de milicianos como os morros do Campinho e o Fubá, além do Jordão e da Chacrinha. O suposto traficante também pede ajuda a traficantes  da Vila Vintém, em Padre Miguel, na Zona Oeste, outro reduto da ADA. "Estamos abertos ao diálogo. Queremos trocar um papo, Nesta guerra perdemos vários amigos, vocês perderam também.  O bagulho é unir forças, Se não quiser também, a gente vai respeitar",  menciona um trecho do áudio.

Essa aproximação do CV com a ADA, no entanto, não será tão fácil já que as duas facções estão em guerra por pelo menos duas favelas de Niterói (Palácio e Boavista) e por comunidades de Macaé, no Norte Fluminense. Na capital, porém, as duas facções não têm se atacado. 

Em meio a essa possível articulação, a facção continua lutando contra o TCP e os milicianos. Nesta semana, o CV tentou retomar a Favela do Rola, em Santa Cruz, na Zona Oeste, que foi tomada por milicianos. Houve intensos confrontos que deixaram sete feridos 11 presos e dez fuzis apreendidos.  Invadiu também a comunidade Áz de Ouro, em Anchieta, na Zona Norte, dominada pelo TCP.  Houve ao menos três mortes e dois feridos. 

Outras guerras entre o CV e o TCP ocorrem nas favelas  Cinco Bocas, em Cordovil, Jorge Turco, em Rocha Miranda e Proença Rosa, em Honório Gurgel, todas na Zona Norte, Chapéu Mangueira e Babilônia, no Leme, na Zona Sul, no Capote, em São Gonçalo, além de ameaças constantes de invasão na Vila Kennedy, na Zona Oeste. 

Há confrontos entre o CV e o TCP também em Angra dos Reis, na Região Costa Verde Fluminense, como por exemplo na comunidade do Frade. 

E as ameaças de guerras não param por aí. Recentemente, foi descoberto pela Polícia Civil, um plano do TCP de invadir a comunidade da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul. Sem contar, os recentes tiroteios entre os traficantes dos Macacos (TCP) contra o São João (CV0, na Zona Norte.

Nesta semana foi preso o chefe do tráfico de drogas no Morro do Estado, em Niterói, Wanderson Rodrigues de Andrade, o Boladinho. Ele modou de facção criminosa e fugiu do seu principal reduto para evitar a prisão. Mas não adiantou. 

Já contra a milícia, além do Rola, o CV está tentando tomar o controle das comunidades do Guaporé e do Qutiungo, em Brás de Pina, na Zona Norte. 

Antes aliados, TCP e ADA rivalizam na Baixada Fluminense, principalmente no Complexo do Guandu, em Japeri, onde recentemente houve uma chacina com quatro mortos, como também na Favela do Batan, em Realengo, na Zona Oeste,  mas estão próximos de selar um acordo para a devolução do Morro da Coroa, no Catumbi, na Região Central da capital, para a ADA.

O TCP não tem enfrentado guerras com a milícia. Já a ADA tentou recentemente invadir o Morro do Jordão, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, reduto de grupos paramilitares, que também está na mira do CV.