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Tradicional pipoqueiro que trabalhava desde os anos 80 na UFF morre vítima de infarto

Conhecido pela simpatia com professores e alunos, Seu Tião faleceu no último domingo (28)

Por Gabriel Gontijo em 01/12/2021 às 12:45:49

Foto: Reprodução/Facebook

"Boa tarde (ou boa noite). Pipoca salgada e doce, com leite condensado, tá?", era uma das frases características que o pipoqueiro Sebastião Figueira Diniz atendia a alunos, professores e diversos funcionários do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense, o IACS-UFF. Mas desde o último domingo (30), essa e outras frases não poderão ser mais ouvidas. Conhecido como Seu Tião, o profissional faleceu de infarto em casa, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.

Em nota, o Núcleo de Comunicação Institucional e Cultura do IACS lamentou o falecimento do pipoqueiro que trabalhava no local desde os anos 80.

"É com muito pesar que o Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense comunica a morte de Sebastião Figueira Diniz, nosso querido pipoqueiro do IACS. Seu Sebastião, sentiremos sua falta! Descanse em paz", informou o comunicado do NCIC do IACS-UFF.

Em conversa com o Portal Eu, Rio, o professor aposentado João Baptista de Abreu Filho, que deu aulas por quase 40 anos na instituição, explicou que soube através de amigos em comum que Sebastião trabalhou horas antes de falecer no Campo de São Bento, em Icaraí, na Zona Sul de Niterói, e voltou para casa se queixando de cansaço e que estava com muito calor.

"Ao voltar do trabalho no Campo de São Bento, ele reclamou com a companheira que não estava passando muito bem. Dizia que estava cansado demais, com muita quentura no corpo. Daí soubemos que ele foi deitar na varanda pra ver se melhorava. Nesse período, a esposa tomou um banho e ao sair do banheiro notou que ele demorava a sair da varanda. Ao chegar lá para chamá-lo, percebeu que o Sebastião não estava mais vivo, infelizmente", contou João.

Nascido em Aperibé, no Norte Fluminense, Tião resolveu tentar a sorte na capital no início dos anos 80. Em entrevista concedida no ano de 2014 ao jornal estudantil O Casarão, feito pelos estudantes de jornalismo da UFF, Sebastião lembra como foram os primeiros tempos na Região Metropolitana, quando percebeu que seria através de um carrinho de pipoca do primo – “que não usava, por vergonha de ser visto pelas meninas” – a oportunidade que esperava.

“Ele me chamou para dividir trabalho. Me mostrou mais ou menos e disse: ‘é assim, assado… Agora, é só se virar’. Em duas semanas, já tinha aprendido tudo”, afirmou na ocasião.

Trabalho em outros pontos de Niterói

A rotina se estendia de domingo a domingo, com uma pausa na sexta, “o dia oficial de descanso dos pipoqueiros”. O final de semana era o período mais agitado. Depois de fazer pipoca no Campo de São Bento, Sebastião ia para a Praia de Icaraí ou aonde tivesse movimento.

“Sábado e domingo é ralação total: pego às 8 horas e largo às 22. Isso quando não faço nenhuma festa”, afirmou ao O Casarão.

Em média, ele gastava cinco quilos de milho por semana, o equivalente a 30 caixinhas de pipoca. Todo o material vinha de Bragança Paulista, no interior de São Paulo.

Tamanha convivência com o pessoal que circulava pelo IACS rendeu um momento bem especial a Tião. Como celebração pelo aniversário de 40 anos do IACS, em 2008. João Baptista recordou, em relato feito na própria página pessoal do Facebook, que contratou os serviços do pipoqueiro para a ocasião. E garante jamais ter se arrependido disso.

"Em 2008, quando o IACS completou 40 anos, fizemos uma festa num sábado à tarde. Eu era vice-diretor e decidi contratar o Tião para oferecer pipoca de graça aos participantes, alguns deles crianças filhos de ex-alunos. Foram os 200 reais mais bem pagos de minha vida", contou João na rede social.

Torcedor fanático do Botafogo, Sebastião morreu podendo ver o clube de coração de volta à Série A do Campeonato Brasileiro. Além da companheira, de nome não divulgado, o pipoqueiro deixou uma filha, que também não teve a identidade revelada.

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