Desde que foi revitalizada para a Olimpíada de 2016, há 5 anos, a Praça Mauá encontra todo o tipo de arte estampada nos muros da região. E entre os desenhos, há espaço para protesto e até informações. Isso porque os lambes colados na semana de Enfrentamento à Violência contra a Mulher são resultados das atividades artísticas do curso Delas: Direitos, Políticas e Arte. Oferecido para mulheres, nos meses de junho e julho, a formação teve o objetivo fortalecer a capacidade de atuação delas na conquista de seus direitos e no enfrentamento de violências.
As aulas do curso incentivaram as alunas a manifestarem o desejo de acessar potencialidades artísticas como forma de pautar a prevenção de violências e a redução de homicídios e feminicídios na agenda pública.
Para Thais Gomes, coordenadora executiva do Programa de Direito à Vida e Segurança Pública do Observatório de Favelas, mais uma vez a organização enfrente o desafio de produzir uma comunicação sobre temas de violência, que alcance a população de modo sensível, por isso o curso se utilizou de linguagens artísticas para apresentar o resultado da formação:
“A arte aparece como uma ferramenta ampliadora das percepções sobre a violência contra a mulher, uma ferramenta capaz de colocar este debate na agenda pública e a partir disso gerar estratégias de incidência política, que provoquem o conjunto da sociedade a pensar formas de enfrentamento desse problema”, afirma Thais.
Além das imagens retratadas nos lambes, as mulheres protagonizaram a ação de colagens. A intervenção contou com performance artística da educadora Thais Ayomide e de um mutirão para instalação dos lambes, tudo realizado por mulheres que participaram do curso e outras que compõem a equipe de profissionais do Observatório de Favelas.
Curso DELAS
O curso DELAS foi uma capacitação realizada de forma virtual para mulheres (cisgênero e transgênero) negras e/ou periféricas, acima de 18 anos, com interesse na temática de enfrentamento às violências de gênero e o desejo de acessar potencialidades artísticas como forma de pautar a prevenção de violências e a redução de homicídios e feminicídios na agenda pública. Os lambes que serão colados durante a intervenção são o resultado coletivo dos trabalhos realizados pelas participantes durante o percurso artístico que costurou toda a formação.
A iniciativa foi realizada pelo Observatório de Favelas. Criado em 2001, a entidade é uma organização da sociedade civil sediada no Conjunto de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio, mas também tem trabalho em todo o Brasil. Dedica-se à produção de conhecimento e metodologias visando incidir em políticas públicas sobre as favelas e promover o direito à cidade. .Atualmente, desenvolve programas e projetos em cinco áreas: Direito à Vida e Segurança Pública, Arte e Território, Comunicação, Educação e Políticas Urbanas.
Programa Direito à Vida e Segurança Pública .
O Programa de Direito à Vida e Segurança Pública tem como objetivo contribuir para a formulação e implementação de políticas e ações públicas que tenham a valorização da vida como um princípio fundamental. Neste campo, produzimos estratégias de enfrentamento da violência priorizando as dimensões raciais, de gênero, sexualidade, etárias, socioeconômicas e territoriais. A partir de uma perspectiva interseccional, busca-se contribuir com a produção de conhecimento visando subsidiar políticas de prevenção da violência e redução da letalidade; elaborar metodologias de intervenção que fortaleçam mecanismos e redes de proteção à vida; e ações de sensibilização social e incidência política que potencializem a desnaturalização da violência e a priorização da redução de homicídios e feminicídios na agenda pública.