Responsável por consolidar as principais imagens de cartazes do cinema brasileiro, o ilustrador e designer Benício morreu na tarde desta quinta-feira (7), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. Em um comunicado assinado pelos filhos do artista, eles lamentavam a morte do pai e enfatizaram como o trabalho o tornou conhecido mundialmente.
"Nós, Bia, Béu, André, Renato e netos, com o coração doído, mas sereno, comunicamos o falecimento de nosso amado pai e avô, que se eternizou através do seu jeito ímpar de ser, do amor que sempre espalhou por onde passava e da arte que o tornou mundialmente reconhecido", informou parte do comunicado, sem especificar qual foi o motivo da morte e se ele chegou a dar entrada em algum hospital.
José Luiz Benício da Fonseca nasceu na cidade de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, em 14 de dezembro de 1936. Aos 4 anos de idade mudou-se com a família para a capital Porto Alegre e em 1953 fixou residência no Rio de Janeiro.
Os primeiros passos no desenho começaram quando ele estudava no Grupo Escolar Argentina, ainda na capital gaúcha. E o talento começou a ficar visível ao ganhar dois concursos na ocasião.
A mudança para o Rio de Janeiro veio quando ele tinha apenas 16 anos de idade. Apesar de ainda ser um adolescente, a mãe o apoiou pelo fato dele ter ido estudar piano no Conservatório Brasileiro de Música. Além disso, ele iria morar com o irmão, que já residia no Rio. Para conseguir bancar os estudos, o jovem Benício conseguiu um emprego como desenhista na Rio Gráfica. Foi aí que tudo começou.
Nos anos 1970 o artista se tornou conhecido por desenhar cartazes de filmes brasileiros que fizeram muito sucesso, como A Super Fêmea, estrelado por Vera Fischer, e Dona Flor e Seus Dois Maridos (foto abaixo).
Ele explica que visitou Benício em sua residência, localizada na Tijuca, na Zona Norte do Rio, em 2019 e que o artista já se encontrava com problemas de saúde, tendo dificuldades para falar. Apesar disso, destacou a generosidade do cartazista conversar falar sobre o trabalho feito com Os Trapalhões. Ele também falou sobre os outros encontros que teve com o artista.
"Tive a oportunidade de conhecer o gênio dos cartazes brasileiro. Em 2007 eu o contratei pra ministrar uma oficina no Sesc Santo André. No mesmo ano montei uma exposição com os cartazes mais emblemáticos que Benicio ilustrou. Em 2016 ele participa do meu livro 'O Cinema dos Trapalhões, por quem fez e por quem viu'. Em 2012 novamente eu o contrato pra fazer um workshop, dessa vez no Sesc Santo Amaro. Nosso último encontro se deu em 2019 quando eu tive a honra de entrevistá-lo em sua casa para o documentário 'Trapalhadas sem Fim'. Além do carinho e simpatia, tive a honra de conhecer seu vasto acervo e me deparar com preciosidades do seu portfólio. Fico feliz que, mesmo de maneira tímida, consegui homenageá-lo em vida. Viva José Luiz Benicio!", saúde Spaca.
O corpo de Benício será às 12 horas desta quarta (8) e o sepultamento será às 15 no Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária.