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Ortopedista fala sobre cuidados que devemos ter com as mãos no cotidiano

Médica especializada em cirurgia de mão, Marcella Rodrigues também explica sobre possíveis consequência que a covid-19 pode afetar a articulação das mãos

Por Gabriel Gontijo em 16/12/2021 às 17:02:50

Foto: Pixabay

Com elas cumprimentamos, abraçamos e nos despedimos de alguém muito querido. É bem verdade que com elas também podemos fazer o que não é o certo sob o ponto de vista comportamental, como uma agressão, por exemplo. Mas de forma geral, ela está presente em nossa rotina de forma que muitas vezes não nos damos conta, só que em todas ela é útil. As mãos atuam de diferentes maneiras no dia a dia que há quem relativize ou até menospreze sua função no corpo humano. Mas a médica ortopedista Marcella Rodrigues explica que elas são mais fundamentais do que muitos pensam.

A doutora, que é especialista em cirurgia de mão, reconhece que esse valor só acontece quando alguém tem algum problema e que, consequentemente, precise de um tratamento. Para piorar, alguns desses casos são de diabético e hipertensos que só procuram ajuda médica quando a dor se torna intensa, pois ambas as doenças praticamente não apresentam sintomas.

"Quem já machucou o dedo ou a mão sabe de como faz falta uma mão saudável! Muitas vezes as pessoas só dão valor na saúde das mãos ou na saúde de outro órgão se sentem dor. São 27 ossos, 18 músculos e mais de 50 ligamentos só na mão! Então a maioria dos pacientes que procura o especialista em mãos já teve ou está com alguma queixa: pode ser dor ou dormência nas mãos e dedos. Que são as duas queixas mais comuns no consultório do médico especialista", explica.

A especialista em mãos participou de dois congressos sobre o tema que aconteceram de forma concomitante na cidade do Rio de Janeiro. Nos últimos dias 9, 10 e 11, Marcella esteve no 18º Congresso Latinoamericano de Cirurgia de Mão e o no 12º Congresso Latinoamericano de Terapeutas de mão, ambos realizados no Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Ela participou dos dois eventos falando sobre hipoplasia do polegar são deformidades congênitas nas mãos, que são alterações dos dedos da mão quando a criança nasce. Também sobre o tema, a ortopedista apresentou o livro Atualização em Cirurgia de Mão - Mão Pediátrica, do qual é coautora de um capitulo que aborda as anomalias no nascimento.

Marcella Rodrigues é ortopedista especializada em cirurgia de mãos. Foto: Divulgação

Dor nas mãos e covid-19. É possívelter relação entre uma coisa e outra?

A descoberta da variante ômicron acendeu o alerta em todo o mundo sobre mutações que podem continuar a acontecer a respeito do coronavírus. Mas ainda há uma série de estudos que discutem as consequências que a covid-19 podem causar no corpo humano. E será que a doença pode acarretar em problemas específicos nas mãos?

Marcella é sincera em admitir que só são conhecidas algumas relações de médio prazo pelo fato da doença ainda ser recente. Nestes casos, o o mais comum é a pessoa ter dor muscular na mão. Ainda sim, ela acredita que só com mais estudo é que será possível descobrir consequências maiores que a doença pode eventualmente acarretar nas articulações das mãos de algum paciente.

"Dentro de alguns anos e décadas vamos conhecer outras possíveis sequelas que podem vir a aparecer principalmente relacionadas a articulações", sugere.

Falta de atenção na saúde pública

A ortopedista não se esquiva em comentar sobre o que pensa a respeito do acesso da população à tratamentos feitos pela saúde pública. Para Marcella, um dos problemas é o fato do paciente ter que aguardar muito tempo para conseguir uma consulta com um especialista em mãos. Essa conhecida demora em agendamento de consultas, ou até marcação de cirurgias, pode trazer danos irreversíveis ao paciente. E o cenário pode ser pior se o problema for em crianças.

"Infelizmente a população que depende do sistema público, precisa passar por várias etapas e consultas até conseguir uma avaliação com ortopedista especialista em mãos. E algumas vezes o paciente já perdeu o tempo ideal e adequado para fazermos correções cirúrgicas. Isso pode implicar em sequelas tanto em em adultos quanto em crianças. Por exemplo, pode acontecer a piora de uma deformidade congênita em crianças, que são alterações diagnosticadas ao nascimento", argumenta a médica.

Então, o que pode ser feito? Marcella sugere que, em casos de recém-nascidos, o ideal seria a criação de um atendimento emergencial em maternidades para diagnosticar casos de anomalia de nascença e em quais situações, neste cenário, são necessárias eventuais cirurgias de emergência.

"O ideal na minha opinião seria criar um caminho direto da maternidade para um ambulatório de atendimento de crianças, por médicos ortopedistas cirurgiões de mão. Alguns serviços de referência pública no Brasil já possuem essa possibilidade de encaminhamento direto. Porém infelizmente a grande maioria dos hospitais e maternidades públicas não possuem uma parceria ou apoio de serviços de atendimento, o que atrasa muito o tratamento, uma vez que a mãe precisa levar a criança recém nascida ao posto de saúde e aguardar uma fila de espera geralmente enorme para conseguir uma consulta para seu filho", finaliza.

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