Católicos, judeus, evangélicos e religiosos de matrizes afro estiveram reunidos na noite desta quinta-feira (18) pela democracia, no Centro do Rio. Com cânticos religiosos, vestidos de branco e com velas acesas nas mãos, manifestantes deram corpo ao ato "O amor vence o ódio". A concentração começou às 18h na Candelária, seguiu de 19h às 20h pela avenida Rio Branco, se estendendo em culto ecumênico além das 21h no Largo da Carioca.
Ao longo da caminhada pela Rio Branco, cânticos religiosos e gritos de ordem como "pela democracia, Haddad presidente!" e "tortura nunca mais" deram o tom da manifestação que em nenhum momento citou o nome de Jair Bolsonaro, mas repudiou o discurso de ódio contra as minorias e as homenagens a torturador emblemático no posicionamento ao longo da vida pública do único concorrente do candidato petista.
Convidado apenas para cantar, o cantor gospel e pastor batista Kleber Lucas, também discursou sobre o ato. Ele disse fazer parte de um movimento progressista que é contra o ódio, intolerância e genocídio do negro muitas vezes chancelado pela confessionalidade cristã. "Não faz nenhum sentido falar de Jesus e discriminar seres humanos por classe social ou etinia. Como pastor batista sinto vergonha de ver lideranças evangélicas de grande expressão apoiando e fazendo apologia a um candidato a favor de genocídio e morte de seres humanos", discursou Kleber Lucas antes de cantar "Não chores mais", versão de Gilberto Gil a "No wonan, no cry" de Bob Marley.
Representante da religião iorubá, o Babalawo Ivanir Santos também acompanhou o ato e falou ao Portal Eu, Rio! sobre a manifestação: "Num momento em que cresce no Brasil manifestações de ódio, racismo, intolerância religiosa, desrespeito à diversidade e aos direitos humanos é muito importante que setores da sociedade se levantem em defesa da diversidade, da democracia, do estado laico e das liberdades".
O manifestante membro do "Judeus pela democracia", Michel Gherman, falou sobre a participação do grupo no ato: "é o momento não só do povo brasileiro afirmar compromisso com a democracia, como os grupos religiosos também. Católicos, evangélicos e judeus são vítimas do uso político da extrema direita que diz falar em nosso nome: não fala! O povo judeu é um povo diverso, parte dele ainda luta contra o racismo e por isso nós estamos aqui".
Políticos como a deputada federal Benedita da Silva, o vereador do Rio Reimont (ambos do PT) e a eleita nas eleições 2018 como deputada estadual pelo PSOL, Mônica Francisco, acompanharam a manifestação. A atriz Luisa Arraes, no ar como Manuela da novela das 21h da Globo, "Segundo Sol", se emocionou com as centenas de pessoas cantando "Não chores mais"