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MPRJ denuncia delegado e policial civil por obstrução de Justiça e violação de sigilo

Apreensão de celulares do delegado na primeira fase da operação Carta de Corso permitiu a obtenção de novas provas

Por Portal Eu, Rio! em 28/12/2021 às 09:24:39

delegado Maurício Demétrio Afonso Alves ao ser preso. Foto: Reprodução

Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), denunciou o delegado Maurício Demétrio Afonso Alves e o policial civil Adriano Santiago da Rosa, por integrarem organização criminosa voltada à prática dos crimes de obstrução de Justiça e violação de sigilo funcional. A denúncia, que deu origem à realização da segunda fase operação Carta de Corso, realizada na última quarta-feira (22/12) e que prendeu Adriano, é um desdobramento da primeira fase da operação, realizada em junho deste ano, quando Maurício e outros policiais civis foram presos. A decisão foi proferida pela Vara Especializada do Estado do Rio de Janeiro.

A apreensão de aparelhos celulares do delegado na primeira fase operação Carta de Corso permitiu a obtenção de novas provas contra o delegado, preso por forjar uma operação contra o delegado Marcelo Machado, que investigava a organização criminosa pelos crimes de extorsão contra comerciantes de Petrópolis. De acordo com o conteúdo extraído, com autorização judicial, dos aparelhos telefônicos, Maurício contava com o apoio de Adriano, lotado no Setor de Inteligência Policial da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial, para obter dados sigilosos de diversas pessoas, com o objetivo de prejudicá-las.

Em uma dessas ações, no dia 23 de novembro, seis dias antes do segundo turno das eleições municipais de 2020, Maurício, por meio do advogado Thalles Wildhagen Camargo, fez chegar ao conhecimento do delegado da Polícia Federal Victor Cesar Carvalho dos Santos, primo do advogado, a notícia de que um portador não identificado entregaria uma grande quantia em dinheiro, de origem desconhecida, ao então candidato Eduardo Paes.

Uma equipe da PF chegou a ser mobilizada para abordar o então candidato, de acordo com as informações repassadas por Thales ao delegado da PF mas, de acordo com Victor, a operação não teria acontecido a partir do momento em que lhe foi revelado que as informações para a realização da abordagem haviam partido do delegado. Em outro episódio, Maurício informou ao agente da Polícia Federal Enrico Cortes Villela Delle Piane, que um outro delegado, morador de Petrópolis e que havia atuado na Corregedoria, estaria traficando drogas em seu veículo, nos deslocamentos entre a capital e a Região Serrana. Ele chegou a se encontrar presencialmente com o agente da PF para repassar os dados que seriam utilizados em uma futura operação para prender o delegado, porém, após diversas mensagens eletrônicas, sob a alegação de que ele e sua esposa haviam contraído Covid, Maurício cessou o repasse de informações ao agente.

Além disso, também de maneira ilegal, Maurício determinou que Adriano realizasse uma devassa de dados restritos de inúmeros cidadãos, entre eles autoridades e seus familiares, tendo acesso, inclusive, a informações sobre movimentações bancárias das vítimas, com o objetivo de produzir dossiês.

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