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Caçada

Busca por R$ 25 mil de malote apreendido mobilizou batalhão em Volta Redonda

Unidade é investigada por corrupção pelo envolvimento com tráfico de drogas local


Foto: Reprodução Facebook 28ºBPM

A investigação do Ministério Público Estadual que resultou nesta semana na prisão de 32 PMs do 28º BPM (Volta Redonda, no Sul Fluminense) suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas revelou que os policiais corruptos chegaram a capturar um homem que ia entregar um malote de R$ 25 mil na Caixa Econômica Federal e que todo o batalhão ficou de olho no dinheiro:

"O batalhão inteiro estava querendo e que terceiros (alguns policiais) não queriam dividir com ninguém", diz trecho da denúncia, que diz que até coronel estava de olho no dinheiro.

Interceptações telefônicas mencionadas no documento elaborado pelo MP mostram diversas situações como os PMs se corrompiam. 

Um traficante de vulgo Cauã diz em uma conversa interceptada que foi preso e que convenceu os PMs a aceitarem R$ 3 mil para soltar ele e outros dois menores que também haviam sido detidos. Os policiais chegaram a soltá-lo para que pudesse conseguir o dinheiro.

Um outro traficante, chamado de Jonatan, fala em uma interceptação que foi abordado e algemado por policiais após estes encontrarem drogas e que pediram R$ 5 mil para liberá-lo. O traficante Daniel Babão, que era gerente dos bairros Belmonte e Siderlândia disse que não ia pagar nada pelo comparsa mas acabou concordando.

Os PMs capturaram um traficante conhecido pelo vulgo de Nenzão com uma carga de drogas e pediram R$ 5 mil para liberá-lo. Depois, baixaram para R$ 2 mil. Os criminosos inicialmente deram R$ 500 e que depois pagariam mais R$ 1.500. Os policiais aceitaram e devolveram o entorpecente apreendido para que os bandidos comercializassem e conseguissem o dinheiro restante para a entrega em 15 dias.

"A ganância dos integrantes da quadrilha era tão grande que houve episódios em que alguns dos denunciados detiveram traficantes em flagrante delito na posse de drogas, e ajustaram o pagamento parcelado de propinas para sua liberação. Nestas ocasiões, parte do valor ajustado era quitada à vista, ao que sucedia a devolução dos entorpecentes pelos policiais aos detidos para sua revenda e, com o produto desta mercancia, tornar viável a quitação do saldo remanescente das respectivas propinas", transcreve trecho da denúncia.

Os policiais envolvidos na corrupção faziam a contabilidade da propina e repassavam entre eles os valores referentes a cada um. Em uma conversa gravada, um PM cita que possuía R$ 940 que "vieram dos moleques lá de cima" e teria mais a receber. Ele fala que tem que dar R$ 70 para um e R$ 70 para outro. O dinheiro, segundo fala o policial, vinha em bolinhos de R$ 100.

Em uma outra conversa interceptada, um policial fala com um traficante sobre a perda de uma carga de entorpecente e que o bandido oferecia R$ 1.000 para recuperá-la.

Em mais uma negociação, há o questionamento por parte de um PM de quanto vão pedir por quinzena, se vai ser "um e meio (R$ 1.500)". O policial diz que tem que ser mal e terá que se impôr porque chega a ser humilhante ser R$ 100 para cada um.

Na denúncia, há uma passagem que cita uma conversa entre dois PMs que falam que um traficante conhecido como Mineiro daria R$ 1.200 por semana e que depois diminuiu o valor para R$ 500. Um dos policiais chega a dizer que receberia R$ 4.800 por mês e que ganharia mais que um capitão.Em um dado momento, falam sobre uma menina que distribuía o dinheiro e que foi detida em um morro e os policiais ameaçaram "arrancar a cabeça dela" porém só cortaram um pedaço de cabelo.

Na mesma conversa, um policial pergunta a outro quanto o traficante de vulgo Zé pagaria por semana e o segundo responde R$ 1.000.

Em outra interceptação, um policial militar que havia acertado o recebimento de propina no dia anterior retorna a uma comunidade para receber o dinheiro que foi prometido. O traficante diz que vai entregar R$ 200 dos R$ 300 prometidos já que os R$ 100 que faltavam seriam repassados por outro criminoso,

Os PMs citados também cobravam propina de um prostíbulo. Há uma conversa em que um policial fala que uma viatura precisa seguir na beira da pista para pegar o "arrego do "puteiro". Os suspeitos dão a entender também em uma escuta que pediam propina para ferro-velhos.

"Antigamente, sufocava ferro velho e loja de sucata. Hoje em dia ninguém arrocha nada. Eram 30 contos e 10 ferro-velhos dava 300 contos todo serviço", diz o trecho da conversa. 

Na denúncia, tem uma citação sobre a prisão de um traficante chamado de Gustavo. Os PMs ameaçam dar "porrada" nele e até matá-lo se não disser onde teria escondido uma carga de maconha.

Os policiais corruptos chegaram a se desentender sobre o recebimento da propina. Há uma conversa sobre uma possível quebra do arrego em que um PM diz querer fazer a ocorrência policial enquanto os outros "não iriam correr". Os PMs  se aproveitariam de um possível acordo ilegal que haviam estabelecido, para se aproximar dos traficantes sem que estes fugissem, e, então, “quebrariam” este acordo prendendo-os.

"Diante das provas produzidas tornou-se claro que os policiais denunciados efetivamente se associaram para os fins indicados, qual seja, permitir o livre comércio de drogas em Volta Redonda, sobretudo pela célula do Comando Vermelho em troca de pagamentos indevidos em dinheiro que eram realizados periodicamente. Os acusados receberam milhares de reais em propinas".

Por conta do recebimento de propinas, alguns policiais militares envolvidos, segundo a Polícia Federal, passaram a ostentar um patrimônio incompatível com seus rendimentos.


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