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Castro segue exemplo de Paes e recomenda que blocos não sejam liberados

Reportagem do Portal Eu, Rio! conversou com especialista na cobertura do Carnaval, que lamentou tratamento diferenciado e falou em "perseguição social"

Por Daniel Israel em 07/01/2022 às 19:18:20

Castro também recomendou que blocos não saiam pelas ruas do Rio no Carnaval/2022. Foto: Agência Brasil

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), declarou, em nota encaminhada à imprensa nesta sexta-feira (7), que "não é recomendável a realização do carnaval de rua".

Ao expor sua decisão, Castro frisou que o secretário de Saúde, Alexandre Chieppe, está em diálogo com os gestores dos 92 municípios do Rio para que o evento seja "suspenso" em todo o estado.

A orientação do governador ecoa a decisão do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que na última terça-feira (4), após reunião com entidades que representam os blocos, anunciou a suspensão do carnaval de rua diante do aumento de casos da variante Ômicron. Com a quarta cepa da covid-19, está sendo necessário reativar leitos hospitalares para tratamento da doença.

Especialista na cobertura dos desfiles de Carnaval, o jornalista Anderson Baltar, em conversa com a reportagem do Portal Eu, Rio!, considera "prudente" a suspensão dos blocos. Na opinião dele, porém, ocorre "perseguição social" contra a festa e seus foliões.

"O desfile das escolas de samba se enquadra num evento idêntico a jogo de futebol, corrida de Fórmula-1, festival de rock. É um evento fechado, onde só entram as pessoas que terão que comprovar [a vacinação]. É sempre que o carnaval vai ficar pagando essa conta? Está evidenciada uma perseguição ideológica, social, religiosa", opina o fundador e locutor da Rádio Arquibancada, que transmite desfiles e apurações do carnaval do Rio tanto no Sambódromo quanto na Av. Intendente Magalhães, em Vila Valqueire.

Professor em cursos sobre jornalismo de carnaval, Baltar ingressou, em 2021, no Mestrado em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele discorda da possibilidade de os desfiles sofrerem qualquer alteração no calendário e alerta aos gestores públicos sobre a autonomia da festa.

"Eu não vejo motivo plausível para se falar em cancelamento ou adiamento, principalmente num momento que a gente está a 50 dias do desfile e dezenas de eventos estão ocorrendo diariamente pela cidade. Acho que todo gestor público tem que ter em mente que o carnaval de rua não é controlável. As pessoas sairão às ruas, farão suas festas. O carnaval é incontrolável, o que não vai acontecer é o oficial", sustenta ele.

O jornalista também se revolta ao lembrar que não houve qualquer auxílio governamental para os trabalhadores do carnaval do Rio. Estima que existam pelo menos 300 funcionários em cada um dos 14 barracões da Cidade do Samba (12 do Grupo Especial, além de Estácio de Sá e União da Ilha, do Acesso). Mas o total de impactados, ainda segundo ele, é pelo menos cinco vezes maior. "São 20, 30, 40 mil pessoas afetadas diretamente".

Segue a nota do Governo do Estado, na íntegra.

"O governador Cláudio Castro avalia que não é recomendável a realização do carnaval de rua no Rio de Janeiro, em razão do aumento do número de casos de Covid-19. A comemoração promoveria aglomerações sem haver a possibilidade de seguir os protocolos sanitários determinados pela Secretaria de Estado de Saúde.

Assim, Cláudio Castro encaminhou ao comitê científico do estado uma indicação para que o carnaval de rua não seja liberado. O governador aguarda a deliberação dos especialistas e determinou que o secretário de Saúde, Alexandre Chieppe, dialogue com o conselho de secretários de saúde dos municípios para que o evento seja suspenso neste ano".

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