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Sindicato denuncia que lojas obrigam vendedores com Covid a trabalhar

Entidade pede a redução do horário de funcionamento do comércio

Por Anderson Madeira em 21/01/2022 às 06:15:09

Covid-19 avança entre funcionáios do comércio. Foto: Divulgação

Trabalhadores do comércio do Rio de Janeiro infectados com a Covid-19 estão sendo forçados a trabalhar presencialmente nas lojas, mesmo pondo em risco os demais colegas de trabalho. A denúncia é do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Miguel Pereira e Paty do Alferes. A entidade divulgou carta aberta aos empresários do comércio denunciando a situação e pedindo a redução do horário de funcionamento do comércio, para reduzir o deslocamento de pessoas no horário de pico. O sindicato também enviou carta ao prefeito Eduardo Paes.

Eis um trecho da carta aos comerciantes:

“(...) O Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Miguel Pereira e Paty do Alferes, em seu primeiro ato do ano, enviou ofício à Prefeitura do Rio solicitando diálogo com o setor a fim de reavaliar o horário de funcionamento do comércio. A intenção é evitar o deslocamento em horários de pico. No Sindicato, reduzimos a jornada de trabalho dos nossos funcionários, assim como mantemos a testagem de todos os e afastamos os que testaram positivo. Precisamos preservar a saúde dos trabalhadores. Nesse sentido, endereçamos essa manifestação às entidades patronais para que apoiem a redução do horário de funcionamento e também disponibilizem testes para seus funcionários, assim como já solicitamos a intensificação da testagem à prefeitura. A preocupação também é com os empregos. Recebemos relatos de lojas que estão com o quadro de funcionários reduzidos e inclusive de lojas que fecharam pela ausência de funcionários reduzidos e inclusive de lojas que fecharam pela ausência de funcionários. Tal situação é preocupante, inclusive pelo ponto de vista econômico, já que as empresas precisam manter as remunerações e demais direitos trabalhistas destes funcionários. (...)”.

Eis um trecho da carta enviada a Paes:

“Por conta disso, avaliamos que é necessário dialogar com o setor do comércio, em especial os shoppings, para avaliar a mudança no horário de funcionamento, de modo a diminuir o impacto da perda de funcionários e frear a contaminação. Da mesma forma, ampliar a testagem. Os trabalhadores do comércio estão diariamente nas ruas, se deslocando pelo transporte público, e atendendo milhares de pessoas. Mesmo com a letalidade baixa, é necessário criar medidas que impeçam o contágio desenfreado, e garantir que o sistema de saúde não venha a ficar sobrecarregado.”

As duas cartas foram assinadas pelo presidente do sindicato, Márcio Ayer Correa Andrade. Procurados, o Sindicato dos Lojistas do Rio de Janeiro (Sindilojas) e a Prefeitura do Rio não se pronunciaram até o momento.

Novo estudo da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ) revela que 58,7% dos empresários fluminenses registraram funcionários afastados por conta da variante ômicron na última semana, representando expansão de quase 20 pontos percentuais em relação ao estudo anterior, feito no dia 6 de janeiro. Desse total, 68,3% dos empresários estão com até três funcionários afastados por conta da variante. Outros 41,3% dos empresários não tiveram funcionários afastados no período.

A sondagem foi realizada pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) para saber o impacto da variante Ômicron no comércio de bens, serviços e turismo do estado. Iniciado em 13 de janeiro, com a participação de 268 empresários do estado, o estudo foi concluído no dia 17.

A pesquisa também avaliou o impacto para o comércio de bens, serviços e turismo do estado do Rio de Janeiro e apurou que 60,5% dos consultados registraram algum tipo de prejuízo, seguidos por 23,1% que não tiveram nenhum prejuízo e 16,4% que registraram pouco impacto.

Eis a íntegra da carta aberta endereçada aos empresários do comércio:

CARTA ABERTA AOS EMPRESÁRIOS DO COMÉRCIO

Rio de Janeiro, 19 de janeiro de 2022

É com grande preocupação que acompanhamos o crescimento expressivo da taxa de contaminação pela Covid, que já pressiona o sistema de saúde. Ainda que a nova variante tenha caráter menos letal, inclusive pela adesão dos brasileiros à vacina, esta já se provou altamente contagiosa. O Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Miguel Pereira e Paty do Alferes, em seu primeiro ato do ano, enviou um ofício à prefeitura do Rio solicitando o diálogo com o setor a fim de reavaliar o horário de funcionamento do comércio. A intenção é evitar o deslocamento em horários de pico. No Sindicato, reduzimos a jornada de trabalho dos nossos funcionários, assim como mantemos a testagem de todos e afastamos os que testaram positivo. Precisamos preservar a saúde dos trabalhadores. Neste sentido, endereçamos essa manifestação às entidades patronais para que apoiem a redução do horário de funcionamento e também disponibilizem testes para seus funcionários, assim como já solicitamos a intensificação da testagem à prefeitura. A preocupação também é com os empregos. Recebemos relatos de lojas que estão com o quadro de funcionários reduzidos e inclusive de lojas que fecharam pela ausência de funcionários. Tal situação é preocupante, inclusive pelo ponto de vista econômico, já que as empresas precisam manter as remunerações e demais direitos trabalhistas destes funcionários. Diante do cenário atual e das previsões nada otimistas da comunidade científica para as próximas semanas, se faz necessário um esforço urgente de todos os setores: poder público, iniciativa privada e população. O Sindicato se encontra à disposição das entidades empresariais para o diálogo.

Agora, a íntegra da carta enviada o prefeito:

Exmo. Sr. Prefeito Eduardo Paes

É com apreensão que estamos acompanhando o crescimento vertiginoso dos casos de Covid, com a variante Ômicron, junto com a gripe. Segundo dados da própria Prefeitura do Rio, o número de infectados deu um salto gigantesco nos primeiros dias do ano, passando de 25 mil, com a média móvel em curva ascendente. Todas as regiões da cidade registram alta e a positividade dos testes passa de 40%. Esses números já geram impacto no mercado de trabalho, com muitos trabalhadores afastados e até lojas precisando fechar as portas. No comércio, as empresas estão perdendo a cada dia mais funcionários afastados por conta da Covid ou da gripe. Um estudo da Fecomércio mostra que 39,2% dos empresários tiveram seus funcionários diagnosticados. Além disso, 40,5% dos comerciantes afirmam que foram prejudicados ou muito prejudicados nos seus negócios. Para os próximos dias, 47% acreditam que terão muito prejuízo. A situação é grave, inclusive a Prefeitura do Rio abriu inscrições para que profissionais de saúde possam trabalhar em centros de testagens. Não por acaso, a Prefeitura decidiu, acertadamente, cancelar o carnaval de rua e avalia suspender a realização dos desfiles na Sapucaí. Por conta disso, avaliamos que é necessário dialogar com o setor do comércio, em especial os shoppings, para avaliar a mudança no horário de funcionamento, de modo a diminuir o impacto da perda de funcionários e frear a contaminação. Da mesma forma, ampliar a testagem. Os trabalhadores do comércio estão diariamente nas ruas, se deslocando pelo transporte público, e atendendo milhares de pessoas. Mesmo com a letalidade baixa, é necessário criar medidas que impeçam o contágio desenfreado, e garantir que o sistema de saúde não venha a ficar sobrecarregado.

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