Uma história de maus tratos contra um cachorro chamou a atenção dos moradores do bairro da Tijuca, na Zona Norte carioca. Segundo relatos de integrantes do grupo "Alerta Tijucano" no Facebook, o animal estava sendo abusado sexualmente por quatro moradores de rua, no Largo da Segunda-Feira.
No início da semana, um grupo de pessoas resgatou o cachorro e agora ele espera que um novo dono possa lhe oferecer um lar. O professor Gabriel Miranda, 32, foi um dos responsáveis pelo resgate e dividiu o mérito da ação com a Associação dos Moradores do Canto, que fica na rua Delgado de Carvalho
"Ficamos sabendo da história no último sábado (19). O que chegou até nós foi que o cachorro estava sendo estuprado por quatro moradores de rua. Depois disso, também soubemos que um dos homens que cometia tal violência foi detido pela polícia. Desse modo, o pretinho ficou abandonado. Na segunda-feira (22), após algumas sondagens, eu e dois vizinhos fomos fomos até o local e quando o encontramos, ele estava com um casal de moradores de rua", relatou o professor.
Segundo Gabriel, a dupla que vive na região do Largo da Segunda-Feira tem problemas com bebidas alcoólicas. Ele contou que ao encontrá-los, estavam espantando o cachorro de perto deles.
"Um porteiro da área me contou que a mulher e o homem que foi detido já haviam sido presos em outro momento pelo mesmo motivo. Também afirmou que que era rotina eles e mais dois homens estuprarem o animal. A violência ficou comprovada com o exame veterinário. Eu levei o Pretinho ao especialista e foi confirmado que havia lesões na bacia, na barriga e no ânus", contou o professor, que ficou com a guarda provisória do cachorro. Como mora em apartamento e já tem um cão, Gabriel pede que interessados em adotar ou ajudar entrem em contato com ele pelo telefone (21) 99559-8319..
Violência contra animais
O caso do cachorro "Pretinho" é mais uma história chocante, porém os relatos dos moradores da Tijuca parecem revelar que a violência contra animais não aconteceu pela primeira vez por ali. De acordo com muitos comentários na publicação sobre o estupro do animal, o casal citado na postagem também é responsável por atrocidades como, por exemplo, atirar um filhote de gato contra um carro em movimento.
Entretanto, conforme a Lei Federal 9.605/98 quem pratica maus tratos, abusos, ferimentos ou mutila animais silvestres, domésticos, exóticos e nativos pode pegar uma pena de 03 meses até 01 ano de prisão. Assim como, pode ser multado. Caso o animal morra, a pena ainda é aumentada.
Cristiane Duarte é fundadora da Associação Quatro Patinhas e desde 2004, além do investimento na manutenção dos abrigados no sítio, a ONG investe na educação da população, divulgando a legislação de direito dos animais e o conceito de guarda responsável.
A ONG se mantém através da contribuição dos associados e padrinhos, a arrecadação em campanhas, e a colaboração de voluntários e parceiros, exclusivamente. Todo valor recebido é revertido no cuidado dos animais.
"Quando começamos nosso trabalho, foi que percebemos a grande demanda de denúncias envolvendo os maus tratos contra animais. É inacreditável, mas existem muitas pessoas que maltratam estes seres inofensivos. Gente que bate, abusa sexualmente e machuca os bichinhos", afirmou Cristiane.
A ativista ainda relembrou dos animais de raça que são usados para procriar e vender filhotes. Segundo ela, eles quando caem em mãos de canis clandestinos são vítimas de condições desumanas. Por isso, é sempre importante que, se constatado o mau trato, a população denuncie e registre o caso numa delegacia especializada.
"Se nada der certo, ainda existem as Organizações Sociais que podem ajudar nestes casos. É preciso abrir espaço para essa discussão e um tratamento adequado para eles. É importante não se calar. Afinal, esses animais são indefesos e precisam de nós!", alertou.
No Rio de Janeiro, desde julho deste ano, a Lei Estadual 8.043/2018 sancionada pelo governador fluminense, Luiz Fernando Pezão, obriga clínicas veterinárias e Pet Shops a denunciarem os casos de violência contra animais domésticos. O município do Rio também conta com a Subsecretaria de Bem Estar Animal (SUBEM) que recebe denúncias pelo 1746.
Hoje em dia, ainda é possível se comunicar com o Linha Verde, um programa da Secretaria de Estado do Ambiente. O seu principal objetivo é coibir a prática de crimes ambientais, além de estimular a sociedade a denunciar atos ilícitos contra a natureza. Apenas no ano passado, o programa registrou mais de duas mil denúncias.
Procurada pela reportagem do Eu,Rio!, até o fechamento desta matéria, a Superintendência Regional da Grande Tijuca não se posicionou sobre o caso.