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Taxa de mortalidade de doenças negligenciadas aumenta na pandemia

Em 2020, a taxa de mortalidade para malária subiu mais de 80%.

Por Portal Eu, Rio! em 31/01/2022 às 09:00:00

Em 2020, a taxa de mortalidade para a dengue registrou aumento de quase 30% nas internações e de 14% na taxa de mortalidade. Foto: Agência Brasil

A pandemia de covid-19 trouxe impactos para o atendimento em relação às doenças tropicais negligenciadas que passaram a registrar aumento da mortalidade e queda de internações. Os dados fazem parte de um estudo dos pesquisadores Nikolas Lisboa Coda Dias e Stefan Oliveira, da Universidade Federal de Uberlândia; e Álvaro A. Faccini-Martínez, da Universidade de Córdoba, na Argentina.

Eles compararam os dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) durante os primeiros oito meses de 2020 com os valores médios do mesmo período dos anos de 2017 a 2019.

Em 2020, a taxa de mortalidade para malária subiu mais de 80%, apesar da queda de 29% nas internações. Já a dengue registrou aumento de quase 30% nas internações e de 14% na taxa de mortalidade.

Doenças como a leishmaniose visceral e a leptospirose também apresentaram alta de mortalidade de 33% e quase 40%, respectivamente. O número de internações por essas doenças diminuiu no período, com quedas de 33% e 44%.

Na avaliação do presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), Júlio Croda, houve aumento do número de casos dessas doenças na pandemia. “Houve redução dos casos notificados e aumento da letalidade”, disse à Agência Brasil.

“Houve uma desassistência às pessoas acometidas por essas doenças e que, geralmente, são populações mais vulneráveis”, destacou o infectologista.

Retrocesso

Na avaliação de Júlio Croda, o Brasil retrocedeu de dez a 20 anos no combate a essas doenças. Segundo ele, será necessário reconstruir os serviços de saúde já que todos os programas nacionais de controle para essas doenças sofreram algum impacto.

Ele acredita ainda que a curva de redução de incidência que o país mantinha e de mortalidade associada a essas doenças tende a entrar em estabilidade até 2030.

“A gente perdeu uma década de combate a essas doenças, principalmente por conta da pandemia, da desassistência, da falta de diagnóstico e de um tratamento precoce”, avaliou o especialista.

Tuberculose

O presidente da SBMT afirmou que, depois de 15 anos, houve registro de redução das notificações de tuberculose em todo o mundo e crescimento do número de óbitos. “No Brasil, não foi diferente.”

A tuberculose é a doença negligenciada responsável pelo maior número de mortes entre as populações mais vulneráveis, segundo Croda.

Relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), divulgado em outubro de 2021, relatou que os serviços de tuberculose estão entre os interrompidos pela pandemia de covid-19 em 2020.

O impacto sobre essa doença foi particularmente grave e, em 2020, 1,5 milhão de pessoas morreram de tuberculose no mundo.

A OMS estima que 4,1 milhões de pessoas sofrem atualmente de tuberculose, mas não foram diagnosticadas com a doença ou não notificaram oficialmente às autoridades nacionais. Em 2019, o número de pessoas afetadas por tuberculose chegava a 2,9 milhões.

Doenças Negligenciadas

No mundo, mais de 1,7 bilhão de pessoas sofrem com algum tipo de doença tropical negligenciada.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), elas somam um grupo diversificado de doenças transmissíveis que prevalecem em condições tropicais e subtropicais em 149 países, matam milhões de seres humanos e custam bilhões de dólares às economias em desenvolvimento a cada ano.

O Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas, lembrado neste domingo, 30, foi criado em 2019, por uma resolução da Assembleia Mundial da Saúde.

Em nota divulgada hoje, Marcelo Wada, coordenador de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, afirmou que a pasta vêm investindo na vigilância dessas doenças e implementando ações para que se alcance a eliminação ou controle desse grupo.

“Existem muitos desafios para a eliminação das DTNs, incluindo mudanças climáticas, ameaças zoonóticas e ambientais, emergentes em saúde pública. Vamos avançar nas estratégias para controlar essas doenças”, observou Wada.


Fonte: Agência Brasil

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