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Representantes da esquerda convocam militância para resistência democrática

Vídeo de Guilherme Boulos (Psol) repercute nas redes sociais

Por Leonardo Pimenta em 29/10/2018 às 22:11:04

Partidos de esquerda farão ato contra a vitória de Bolsonaro (Foto: Divulgação Jandira Feghali)

A vitória nas eleições para a Presidência da República do candidato Jair Bolsonaro, neste domingo 28/10, está gerando uma nova articulação por parte dos partidos de esquerda.  Após a confirmação da escolha do novo presidente, o candidato derrotado à presidência, Guilherme Boulos (PSOL), e a Deputada Federal Jandira Feghali (PCdo B), manifestaram-se nas redes sociais, falando sobre resistência e união dos partidos de esquerda e movimentos sociais.

Guilherme Boulos fez uma live dizendo que, nos próximos dias, "todos aqueles que no 2°turno souberam se colocar do lado certo da história irão impulsionar uma frente ampla pela democracia. Afirmou ainda que terá resistência e que, entre a prisão e o exílio, a escolha é a ida às ruas". Segundo Boulos, nesta terça 30/10, haverá uma manifestação organizada pela Frente de Mobilização "Povo Sem Medo".    

Jandira Feghali, Deputada Federal pelo PCdoB, disse aos seus apoiadores, através de um vídeo na sua página, que não só a esquerda, mas os ativistas dessa luta conseguiram realizar aquilo que deveria ter sido realizado desde o 1° turno, ou seja, "uma luta em unidade, uma luta ampla, de frente, em que se conseguiu juntar, para além dos partidos, todo mundo que pensa o Brasil e pensa uma construção democrática, com projetos brasileiros e com a diversidade humana, cultural e religiosa que se tem em todo o país". Segundo ela, é necessário que se tirem lições dos erros e dos acertos e que agora os partidos de esquerda terão que ficar muito mais juntos, pois enfrentarão um período muito difícil. Jandira completa que houve crime eleitoral, fraude, mentira e que há uma apuração a ser feita, mas institucionalmente a luta tem limite, assim como tem limite o Congresso Nacional.  "Sabe-se que as coisas pioraram muito no Congresso, mas iremos enfrentar, fazer a resistência e lutar lá dentro. A resistência principal, porém, terá que ser do lado de fora, todos unidos e cada vez mais vinculados e articulados. Não se pode deixar perder o que foi construído nesse período de 33 anos de democracia".

Segundo a assessora de um deputado do PSOL, até o momento não ocorreu nenhuma reunião entre os partidos de esquerda para discutir sobre como será essa frente ampla.

A Frente de Mobilização Popular "Povo sem medo" marcou manifestações para esta terça-feira, nos seguintes estados: Brasília, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul São Paulo.

No Estado do Rio de Janeiro, a manifestação chamada "Vai ter resistência" será nesta terça, às 17hs, na Cinelândia, Centro.

 

Frente Popular Brasil e Povo Sem Medo emitem manifesto de resistência

A Frente Popular Brasil e Povo Sem Medo emitiram a seguinte nota sobre o resultado das eleições:

"A eleição terminou, mas a luta está apenas começando: seguimos de cabeça erguida resistindo pelo Brasil!

Vivemos um processo eleitoral totalmente atípico. Desde o encerramento do período militar não tínhamos a prisão política de um líder, como a de Luiz Inácio Lula da Silva, injustamente condenado, e que teve sua candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Um processo em que forças que atuavam, até então, nos porões do país, emergiram a disputa presidencial provocando uma grande onda de ódio e violência contra o povo brasileiro.

Nossa candidatura foi uma resposta democrática ao arbítrio que contamina o cenário político desde o golpe parlamentar que, em 2016, derrubou a presidenta Dilma Rousseff. Enfrentamos abusos e patifarias praticados por correntes comprometidas com mesquinhos interesses antipopulares, antidemocráticos e antinacionais.

A eleição de Bolsonaro representa uma ruptura política, cujos sinais estão representados no assassinato de Marielli, de Moa Katendê - líder capoeirista, Charlione - jovem cearense que ainda ontem participava de uma carreata. Eles ameaçam as nossas vidas por lutarmos por um país igual e justo.

Mesmo sob balas, resistimos em defesa da soberania nacional, violentada de tantas maneiras nos últimos dois anos. Protegido por setores do sistema judicial e da mídia monopolista, o candidato deputado Bolsonaro ficou de mãos livres para financiar sua máquina de mentiras com dinheiro clandestino, incitar a violência contra seus adversários, fugir de debates públicos e burlar regras eleitorais.

Essas forças, através da tramoia e da truculência, com manobras ainda sujeitas a investigações e julgamentos, chegaram à Presidência da República.

Apesar de tantos obstáculos, nossa aliança organizou uma poderosa resistência por todo o país, que levou à realização do segundo turno e a um formidável movimento em defesa da civilização contra a barbárie, da democracia contra a ditadura, do amor contra o ódio.

Nesse segundo turno, que hoje se encerra, homens e mulheres de todos os quadrantes se manifestaram a favor dos pilares constitucionais de nosso país. Essa jornada jamais teria sido possível, porém, sem a dedicação e a valentia dos movimentos sociais e setores democráticos da sociedade.

Continuaremos a defender a Constituição, a tolerância, um Brasil de todos e a combater o perigo da ditadura, a eliminação das conquistas sociais, a venda do patrimônio público, a entrega das riquezas nacionais, o racismo e a misoginia, a homofobia e a ameaça da violência institucionalizada.

Neste momento, é fundamental continuarmos juntos e coesos em torno da democracia, da soberania nacional e dos direitos. Portanto, orientemos que na próxima semana se organizem plenárias em todas as cidades, reunindo a militância e todos aqueles que se somaram nessa batalha. Onde for possível devemos também organizar manifestações, tal como já está marcado para a próxima terça-feira, 30 de outubro em São Paulo.

Não devemos deixar nos abater pelo medo, pois temos uns aos outros. Diferente do que eles pensam, o povo brasileiro saberá resistir."

 

28 de outubro de 2018

Frente Brasil Popular Frente Povo Sem Medo

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