Carioca que se preze (e pode se incluir os moradores das demais cidades da Região Metropolitana) adora fazer uma resenha com amigos e familiares em lugares com comida de qualidade. Mas desde a chegada da pandemia que o hábito não é mais o mesmo para o frequentador desses lugares. Pior para quem trabalha diretamente no setor e que viu inúmeros bares e restaurantes irem à falência no Rio desde 2020. Mas desde o fim do ano passado que o setor tem demonstrado crescimento e muitos apostam em inaugurações mesmo com as incertezas causadas pela variante ômicron.
Com mais de 25 anos de atuação no ramo da gastronomia, o empresário João Diniz foi um dos que precisou tomar atitudes drásticas no auge da segunda onda da covid. Ele já era dono de três restaurantes e resolveu abrir mais um em plena pandemia. O problema foi quando precisou demitir 40% do quadro em março do ano passado. Dos 70 funcionários ao todo, Diniz se viu obrigado a dispensar 28, ficando com 42 profissionais no total.
Tristeza virou combustível para site de empregos e até livro
Da angústia de ver trabalhadores sem sustento, João tirou forças para fazer algo pelo setor de gastronomia. Com seu conhecimento e ajuda de outros empresários, conseguiu recolocar todos em outros postos de trabalho. Assim, acabou nascendo a agência virtual de empregos Emprega Já. Um sistema simples, objetivo, que um mês depois de funcionamento já contava com mais de 2 mil pessoas cadastradas, cinco grupos de WhatsApp lotados e, nos primeiros 30 dias, já havia recolocado mais de 100 trabalhadores no mercado de trabalho.
E a reviravolta positiva serviu até para ele escrever o livro "Ordem na Casa - A força do Rio através dos setores de Gastronomia, Eventos e Turismo”. Lançado na última segunda (21) no Balh Restaurante, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. João conta como se viu engajado na defesa da manutenção de empregos no setor que foi um dos mais impactados pela crise do novo coronavírus.
“Ali, sem perceber, iniciei uma nova história na minha vida. História tão boa, que virou livro”, conta João, que é dono das marcas Bla Blá Barra, Bla Blá Jardim Botânico, Ginkeria B e o Balh Restaurante, em Ipanema, que foi aberto em meio à pandemia e está completando um ano de funcionamento.
“Em vez de fechar os estabelecimentos que eu tinha, investi em um novo restaurante. Não faltou quem me dissesse que eu estava cometendo uma loucura. Mas eu tinha certeza de que iríamos sair daquela situação e de que era preciso continuar investindo em trabalho, geração de empregos e mais oportunidades”, lembra o empresário no livro, completando que aquela era sua missão.
Do aumento de falências à retomada puxada pelo delivery
A situação enfrentada por Diniz em março do ano passado não foi um acaso. Uma pesquisa divulgada, em abril de 2021, pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) revelou que 71% dos estabelecimentos do setor no estado do Rio de Janeiro registraram prejuízo justamente no mês anterior, em março.
Ainda na ocasião, mais de 3 mil estabelecimento culinários cariocas tiveram que encerrar as atividades, 86% dos donos de bares e restaurantes enfrentavam atualmente dificuldade para arcar integralmente com os salários dos funcionários e 69% tinham alguma dívida contraída durante a pandemia do novo coronavírus. Mas foi justamente um dos poucos serviços que ajudaram os restaurantes a se manter, o delivery, que contribuiu para a retomada do crescimento do setor.
Segundo pesquisa da Associação Nacional de Restaurantes (ANR) feita entre 1º e 28 de novembro do ano passado, 53% dos restaurantes afirmam que iriam fechar 2021 com situação melhor se comparado com o que o setor teve em 2020. O estudo foi realizado com 560 empresas de todo o país, que representam 15.512 lojas.
E foi justamente com o propósito de criar mecanismos mais atraentes para o consumidor que a capital fluminense sediou o 1º evento de negócios gastronômicos focado no delivery, a Jotajá Summit Day, realizada em novembro do ano passado. Além disso, há quem aproveite o bom momento para expandir os negócios ou aproveitar a flexibilização de regras sanitárias para conquistar mais público.
Inspiração italiana para inauguração de restaurante na Zona Sul
O momento de retomada também é motivo de inspiração para inaugurar novos restaurantes, ainda que em locais onde a concorrência é tradicionalmente forte. A culinária italiana foi o que motivou a abertura, na última terça-feira (22), do Galezzo em Ipanema, na Zona Sul. Apostando no tradicional galeto que a casa oferece aliado às tradicionais pizzas, o local aposta em um conceito ítalo-brasileiro com pratos mais sofisticados, drinks diferenciados e um clima aconchegante.
E mesmo apostando em uma ideia considerada inovadora no quesito recepção ao cliente, as tradicionais pizzas que o restaurante oferece não podiam ficar de fora do cardápio. Segundo o chef Robson Silva, a pizza caprese com massa final artesanal, queijo de cabra, tomates, pesto, tapenade e folhas de manjericão é a queridinha.
“Minha inspiração para a criar o cardápio foi um mix de culinária italiana com opções saindo da parrilla. Gosto muito de sabores defumados, combina super bem com as massas e risotos. Com as entradas, trouxe uma pegada gastrobar, que combina super bem com os drinks e o clima descontraído carioca”, explica Robson.Expansão de cervejaria à liberdade da restrição do uso de máscaras em local aberto
No ano em que completa cinco anos de existência, a Cervejaria Tio Ruy resolveu que era a hora de ousar. O estabelecimento inaugurou uma nova unidade no endereço mais badalado da Barra da Tijuca, na Zona Oeste: a Avenida Olegário Maciel.
Com 12 torneiras de cervejas, sempre abastecidas com rótulos selecionados, o local oferece cardápio de hambúrgueres, menu executivo e clássicos petiscos de boteco, que permitem harmonizações de variados tipos. E se alguém pensa que os preços são de outro mundo, engana-se. É possível encontrar opções a preços bem acessíveis, como o menu executivo oferecido de segunda a sexta, das 12 às 16 horas, com preços acessíveis e comidinhas caseiras a partir de R$25,90, como o Picadinho do Tio Ruy (picadinho com arroz, farofa, banana empanada e ovo poché, R$27,90).
Já o Mureta do Leme, no bairro homônimo localizado na Zona Sul, aposta em algo simples, porém bem tradicional para atrair a clientela. A localização que permite ver o pôr do sol no calçadão. E um fato que se torna mais atrativo é o fato do uso de máscaras ser facultativo em áreas abertas, como é o caso do restaurante.
Um outro atrativo é o nome que o estabelecimento dá às bebidas. Todas elas são produzidas na hora e levam o home de algum bairro carioca, como os drinks Praia Vermelha, Ipanema,