"Sentem-se próximos em bancos próximos ao cobrador ou motorista. No corredor, para ter controle de quem senta ao seu lado ou caso precise trocar de lugar". "Evite andar sozinho à noite. Procure estar em grupos de amigues (sic) e pessoas que você conheça". Dicas de segurança como essa estão em uma cartilha virtual elaborada pela Rede Nacional de Operadores de Segurança LGBTI (Renosp), escrita pela 2ª Sargenta da Marinha Brasileira Bruna G. Benevides e com arte visual do soldado da Polícia Militar de São Paulo Tiago J. Leme Lisboa. Começou a ser divulgada no segundo turno da campanha presidencial e foi viralizada na internet com a vitória de Jair Bolsonaro (PSL).
A cartilha é intitulada "Dicas de Segurança". Visa aos gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais (pessoas que se identificam com os dois sexos). Diante da iminência da eleição de Bolsonaro, no final de outubro, surgiram na imprensa e nas redes sociais relatos de LGBTs agredidos por supostos eleitores do então presidenciável, cujo histórico é marcado por declarações homofóbicas na mídia.
A cartilha visa orientar as pessoas LGBTI evitar locais perigosos, encontros em locais desertos, e embates e discussões acaloradas nas ruas, além de como evitar ataques no transporte público. "Evite entrar em embates ou reagir a provocações, xingamentos e insultos. Não deixe de pedir ajuda caso se sinta inseguro". "Evite ficar só em pontos de ônibus, especialmente à noite. Procure um ponto mais movimentado sempre que possível". Estas são algumas das dicas do documento.
"Quando sair no final de semana para balada, por exemplo, evitar ir sozinho e, ainda, o consumo excessivo de álcool e drogas. Na hora de ir embora, caso faça uso de transporte público, procurar pontos movimentados", diz uma das dicas na cartilha. "Avise para alguém de confiança caso vá marcar um fervo com alguém. Passe o local e horário para que a pessoa monitore a sua segurança", ressalta o manual.
"Caso presencie alguma situação de violência, tente prestar apoio, desde que sua segurança não seja ameaçada. Se possível, filme ou peça para alguém filmar a situação, facilitando a identificação dos agressores".
O manual preferiu usar uma linguagem neutra a fim de garantir o respeito às pessoas não binárias (pessoas que não se identificam nem com o gênero masculino nem com o feminino).