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Vinte dias após enchente, Petrópolis sofre com invasões e saques a residências abandonadas

Cadela foi morta a facadas, no último sábado (5), e PMERJ se posiciona por meio de nota dizendo "dialogar sobre demandas destes locais, inclusive segurança pública"

Por Anderson Madeira em 08/03/2022 às 00:46:52

Imóveis passam por dupla exceção: saídas de moradores seguidas de assaltos. Fotos: Divulgação

Não bastasse sofrer as consequências da forte chuva do último dia 15 de fevereiro, os moradores do bairro de Caxambu, em Petrópolis, um dos locais mais atingidos pelo temporal, têm suas antigas residências invadidas e saqueadas por criminosos. As ocorrências estão acontecendo principalmente nas ruas Bartolomeu Sodré e Waldemar Ferreira da Silva, duas das principais vias do bairro. Na madrugada do último sábado, 5, bandidos ainda mataram a facadas uma cadela em uma das casas.

“No sábado de manhã, quando cheguei para cuidar dela, eu a encontrei morta. O nome dela era Luna, xodó aqui de casa. Tinha cinco anos e era da raça Pincher”, conta Gabriel Castro, morador da Rua Bartolomeu Sodré, acrescentando que a família não teve tempo de registrar boletim de ocorrência na delegacia.

“Eu estou trabalhando na casa que conseguimos de favor. Minha mãe ainda está na casa de amigos. Estamos todos cansados de trabalhar, porque a casa está muito destruída. Eu estava ainda me desdobrando todos os dias para ir olhá-los, botar ração e comida. A cachorrinha era a única brava. Com certeza avançou no assaltante. Porque os outros bichinhos estavam vivos. Não caiu a ficha ainda. Ela era muito especial para a minha mãe. Só queremos justiça”, lamenta Gabriel, emocionado.

Os moradores do bairro querem policiamento para a região. “Policiamento na Rua Bartolomeu Sodré, principalmente na altura do número 600 ao 800, que está toda interditada. Eles botaram um carro só no início do Caxambu. Não serviu para nada. Também só botaram policiais aqui depois que repercutiu a morte da Luna. O policiamento é muito mais embaixo. Aí, não resolve nada”, conta. De acordo com ele, os moradores pediram ajuda da Polícia Militar, que respondeu que há poucas viaturas para intensificar as rondas noturnas.

Lama continua espalhada por diversas vias públicas da Cidade Imperial

Ainda segundo os moradores, após as enchentes, a violência aumentou no bairro. “A violência era intensa mais para cima. Ali na área não tinha roubo e os vizinhos se ajudavam. Todo mundo se conhecia. As pessoas eram nascidas e criadas ali. Agora que caiu a barreira e interditaram as casas, a violência aumentou de uma tal forma, que nós estamos com medo. Fazendo mudança correndo”, relata o morador.

A prima de Gabriel, a guia de turismo Raquel Neves, também moradora do bairro, confirma a versão dele. “Não fizeram B.O. Meu tio está doente. A situação está muito complicada. Minha prima parou uma viatura na rua e disseram que não poderiam fazer nada sem provas. A delegacia do bairro do Retiro está interditada e falaram para a gente ir na de Itaipava, que fica bem longe daqui. Meu tio está usando oxigênio e não pode ficar sozinho. Problema no pulmão. Imagina ir para Itaipava? O trânsito está um horror, fora a dificuldade para deslocamento. Meus primos estão tentando online. Meus tios estão abrigados na comunidade de Santa Isabel, que fica no final do Caxambu, onde tem as plantações de flores e hortaliças”, explica Raquel.

Segundo ela, não havia ocorrências no bairro até a enchente. "Começou quando tivemos que sair das casas. Metade da rua foi evacuada. Tem muitos pontos sem iluminação, o que torna ainda mais propício”, relata a guia de turismo, ressalvando assaltos no bairro. “Até a sede da associação de moradores foi arrombada”, acrescenta.

Os moradores aguardam obra de contenção na pedreira e na parte debaixo, que atingiu a rua e as vilas Augusto Ferreira da Silva e Manoel Ferreira da Silva. “Estamos aguardando parecer da prefeitura. O governador já aprovou a obra”, diz Raquel.

Cadela Luna foi esfaqueada e morta após suposta tentativa de assalto

Procurada, a Secretaria de Estado de Polícia Militar divulgou a seguinte nota:

“A Secretaria de Estado de Polícia Militar não apenas se manifesta em solidariedade à população de Petrópolis, como também mobilizou amplo aparato para auxiliar nos trabalhos após as fortes chuvas que atingiram a cidade na Região Serrana do Rio de Janeiro.

Desde então, o 26º BPM (Petrópolis) vem atuando de forma intensificada em todo o município de Petrópolis para coibir quaisquer práticas e movimentações criminosas.

Nesta segunda-feira (07/03), o comando do 26º BPM e outras autoridades estiveram reunidos com a população dos bairros Caxambu, Chácara Flora, Sargento Boening, Vila Felipe e Vinte e Quatro de Maio para dialogar sobre as demandas destes locais, inclusive sobre segurança pública.

Cabe informar também que, no dia 21/02, policiais militares do 26º BPM prenderam um homem que estava se passando por policial e obtendo produtos em pontos de arrecadação de donativos no bairro Bingen, no município de Petrópolis. O detido foi conduzido para a 106ª DP”.

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