O presidente do Irã, Hassan Rouhani, prometeu "quebrar" as sanções que o governo norte-americano impõe aos principais setores da economia. A administração Trump está restaurando todas as sanções levantadas sob o acordo nuclear de 2015 em uma tentativa de pressionar o Irã.
Essas sanções atingirão as exportações de petróleo, navios e bancos. Além de dificultar a realização de negócios com a rica nação em petróleo."Iremos orgulhosamente quebrar as sanções", disse o presidente iraniano em uma reunião com autoridades econômicas.
Os países europeus que ainda fazem parte do acordo para conter a atividade nuclear do Irã dizem que ajudarão as empresas a contornar as sanções. Mas há dúvidas de como isso será bem-sucedido. Mesmo antes de as sanções dos EUA serem reimpostas, a economia do Irã teve um ano difícil, com a moeda do Irã, o rial, despencando em relação ao dólar, elevando o preço dos bens básicos.
Entenda o caso
O presidente dos EUA, Donald Trump, retirou os EUA do acordo nuclear no início deste ano, um acordo que ele chamou de "pior acordo já negociado". Ele ofereceu alívio às sanções do Irã em troca de reduzir seu desenvolvimento nuclear. A agência nuclear global, a AIEA, diz que o Irã cumpriu o acordo. No entanto, os americanos descordam, e exigem que o Irã volte à mesa de negociações.
O presidente americano também diz que quer parar o que chama de atividades "malignas" de Teerã, incluindo ataques cibernéticos, testes de mísseis balísticos e apoio a grupos terroristas e milícias no Oriente Médio. "O Irã queria dominar todo o Oriente Médio. Agora eles só querem sobreviver", disse ele em um comício no Tennessee, informou a Reuters.
Quais os impactos das sanções?
Os Estados Unidos restabeleceram uma série de sanções em agosto, mas analistas dizem que esta última rodada é de longe a mais significativa. Mais de 700 indivíduos, entidades, embarcações e aeronaves estão agora na lista de sanções, incluindo grandes bancos, exportadores de petróleo e empresas de navegação.
Além disso, a rede de mensagens bancária Swift, com sede em Bruxelas, para fazer pagamentos internacionais deve cortar os laços com as instituições iranianas, isolando o Irã do sistema financeiro internacional.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que os EUA reduzirão as vendas de petróleo iraniano à zero.
As sanções serão extremamente prejudiciais para o funcionamento do Irã. As medidas serão mais sentidas pelas pessoas comuns, que já estão se recuperando sob o peso do aumento dos preços, da escassez e do rápido declínio do rial. Tudo isso colocará o Presidente Rouhani sob considerável pressão.
Hassan Rouhani possuía, até então, um governo mais moderado, porém, com as atuais medidas, a linha mais dura do Irã argumenta que condições extraordinárias no país exigem soluções extraordinárias. Eles têm pressionado o líder supremo aiatolá Ali Khamenei a dispensar Rouhani por incompetência e entregar a administração para candidatos mais extremistas.
Reino Unido, a Alemanha e a França - que estão entre os cinco países ainda comprometidos com o pacto nuclear - se opuseram às sanções. Eles prometeram apoiar empresas europeias que fazem "negócios legítimos" com o Irã e criaram um mecanismo de pagamento alternativo - ou Special Purpose Vehicle (SPV) - que ajudará as companhias a negociar sem enfrentar as penalidades dos EUA.
No entanto, os analistas duvidam que isso diminua materialmente o impacto das sanções sobre o Irã, dada a importância dos EUA no comércio global. Pompeo disse que mais de 100 grandes empresas internacionais se retiraram do Irã por causa das sanções iminentes.
Mesmo que as empresas possam usar o SPV, qualquer empresa dos EUA com quem faça negócios poderá ser punida.
Outro signatário do acordo nuclear, a China, disse que lamenta a reimposição de sanções e que seu comércio legal com o Irã deve ser respeitado. De fato, tais medidas abrem um enorme petroquímico para uma China expansionista sedenta de fontes de energia.