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Operacão tenta desarticular esquema criminoso de R$ 3 bilhões de Rabicó do CV

Decisões do traficante desagradaram lideranças do Comando Vermelho, como Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP

Por Portal Eu, Rio! em 23/03/2022 às 08:34:06

Atitudes de Rabicó (foto), cujo esquema financeiro criminoso movimenta R$ 3 bilhões, desagradou a cúpula do CV. Foto: Divulgação Polícia Civil

Hoje, quarta-feira (23), o Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD), da Secretaria de Estado de Polícia Civil (SEPOL), realiza a "Operação Mercador de Ilusões", em conjunto com as Polícias Civis do Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais, Amapá, Pernambuco e Rio Grande do Norte, com apoio do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), para cumprimento de 40 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária, o bloqueio judicial de até R$ 681 milhões nas contas bancárias dos suspeitos e o sequestro de bens de alto valor, todos expedidos pela 1ª Vara Especializada do Crime Organizado (TJ-RJ) com atuação do GAECO/MP-RJ.

A operação tem o objetivo de desarticular uma estrutura criminosa desenvolvida para a lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas praticado pela maior facção criminosa do Rio de Janeiro, o Comando Vermelho. Movimentações financeiras a partir da Comunidade do Brejal, Complexo do Salgueiro em São Gonçalo, integram esta engenharia financeira. Tal esquema é utilizado por Antônio Ilário Ferreira, vulgo “Rabicó”, como forma de ocultar valores arrecadados com a venda de drogas, assim como para compra de armas e drogas das regiões de fronteira. No período analisado (2019/2020/2021) foi identificada uma movimentação financeira, por esse esquema criminoso, superior ao montante de R$ 3 bilhões.

Durante a investigação descobriu-se uma complexa rede, muito bem estruturada por todo o território nacional, que se utiliza de “laranjas” e uso de contas bancárias de pessoas jurídicas com atividades de importação e exportação, além de empresas de transporte rodoviário de cargas. Muitas delas são de fachada.

Para o cumprimento dos mandados foram empregados mais de 150 policiais civis e 54 viaturas. Antônio Ilário Ferreira, o Rabicó, é ligado à facção Comando Vermelho e chefia o tráfico de drogas no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Ele foi preso em 2008, em Mamanguape, Pernambuco, onde adquiriu uma casa e morava com sua família, como empresário do setor de reciclagem, segundo as investigações da polícia.

Condenado a mais de 27 anos, ele cumpria pena numa unidade prisional de segurança máxima, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. É considerado um dos criminosos mais perigosos de São Gonçalo. Foi beneficiado pela Justiça e solto em 2019.

Ele obteve decisão favorável no Supremo Tribunal Federal (STF), que concedeu liminar, permitindo que ele aguardasse em liberdade o pedido de recurso diante do processo que o mantinha preso. Rabicó ainda mantém sua posição de principal liderança do tráfico no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. O criminoso estava preso há mais de 11 anos e tem condenação em três processos por tráfico. Em nenhuma delas, no entanto, a sentença de condenação é definitiva.

Em abril de 2019, criminosos fortemente armados denominados "Bonde do Rabicó" teriam promovido uma caçada em comunidades de São Gonçalo para capturarem e matarem Thomas Jhayson Vieira Gomes, o que teria provocado um racha no CV. Teria, então, assassinado o então aliado Schumaker Antonácio do Rosário, fugindo do Salgueiro, abandonando o CV e passando para facção rival TCP (Terceiro Comando Puro), passando a se autodenominar 3N. Rabicó e 2N estavam estremecidos porque o segundo já não aceitava ordens do chefão e se recusava a entregar o comando do tráfico no Salgueiro a outra pessoa.

Pouco menos de um ano após ser beneficiado pela medida do Supremo Tribunal Federal (STF), o traficante pode ter os seus dias de "Rei do Salgueiro" contados, após uma série de decisões que desagradaram lideranças do Comando Vermelho (CV), como Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que cumpre pena em um presídio no Paraná.

Segundo informações do interior da comunidade que chegaram até a polícia, uma série de medidas do traficante, que controla o tráfico há mais de 30 anos, após a sua soltura, já vinham desagradando algumas lideranças do CV. Uma delas seria a cobrança de uma taxa de comerciantes do conjunto de favelas, algo reprimido por Marcinho VP e cia.

Figuras conhecidas do Comando Vermelho, entre elas a mulher de Marcinho VP, se reuniram no Complexo do Salgueiro, onde teria sido decidido um corte de regalias de Rabicó. O criminoso é conhecido pela alta periculosidade e desejo pelo poder dentro da facção.

O caso mais recente do traficante Rabicó seria a promoção da traficante Rayane Nazareth Cardoso da Silveira, conhecida como Hello Kitty. Isso teria causado mal-estar entre lideranças do tráfico de drogas em São Gonçalo. O traficante teria o desejo de colocá-la na gerência de uma comunidade do Jardim Catarina, com uma possível ascensão no mundo da criminalidade.

Segundo informações coletadas pelo Serviço de Inteligência (P/2) do 7°BPM (São Gonçalo), o desejo de Rabicó de subir Hello Kitty no tráfico, dando-lhe uma posição importante na hierarquia, não agradou antigos traficantes do Jardim Catarina, conhecidos como Neuber e Telminho.

Segundo os criminosos, a posição de gerência em favelas da comunidade deveria ser ocupada por "crias" da mesma comunidade, "soldados" que nasceram no Jardim Catarina, um dos redutos do Comando Vermelho em São Gonçalo. A discordância gerou uma grande desavença entre os criminosos, que integram a velha guarda do crime de São Gonçalo.

Apadrinhada pelo traficante Alessandro Luiz Vieira Moura, o Vinte Anos, Hello Kitty é apontada como principal parceira do criminoso e já foi identificada como integrante de um grupo que realizava assaltos em áreas investigadas pelas delegacias do Centro (76ª DP) e do Fonseca (78ª DP), ambas em Niterói.

Antiga integrante da facção criminosa Amigos dos Amigos (A.D.A), ela pulou para o Comando Vermelho após a guerra de grupos criminosos instaurada em São Gonçalo e Niterói após a morte do traficante Schumaker, o Piloto, antigo chefe do tráfico de drogas do Jardim Catarina, e isso em nada agradou a cúpula do CV.

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