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Tiro de misericórdia

Última testemunha afirma ter visto PMs atirando contra motos no dia da morte de Ágatha Félix

Ex-militar do Exército nega ataque a policiais na hora em que menina de oito anos foi alvejada dentro de Kombi


Ágatha Félix, morta em uma Kombi ao lado da mãe no Complexo do Alemão,inspirou lei dando prioridade a processos por morte de crianças e adolescentes. Foto: Acervo Familiar

Na segunda-feira, dia 28, a juíza Tula Corrêa de Mello, do I Tribunal do Júri, ouviu a última testemunha de acusação, um ex-militar do Exército Brasileiro que afirmou categoricamente ter visto policiais militares atirando contra uma motocicleta sem que houvesse confronto. Será aberto agora o prazo para alegações finais e, depois, a juíza proferirá a sentença.

A OABRJ, por meio da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ), acompanhou a família da menina Ágatha Felix em mais este momento importante da instrução do processo que busca determinar o responsável pelo homicídio da menina de oito anos, que foi baleada dentro de uma kombi no Complexo de Favelas do Alemão, em 2019.



A CDHAJ vem atuando como representante da família da menina Ágatha Vitória Sales Felix desde os primeiros momentos, ainda no Instituto Médico Legal. Os advogados vêm orientando a atuação da mãe, Vanessa Francisco Sales, e do pai, Adegilson Sales, como assistentes de acusação, e tiveram participação decisiva na identificação e apresentação de todas as testemunhas civis de acusação à promotoria.

“Empenhamos esforços para apresentar esta última testemunha pois era militar à época do crime e usava o mesmo tipo de fuzil usado pelos policiais que atiraram contra a moto e acabaram acertando a kombi, um modelo FAL 7,62. Não era um leigo. Foi um depoimento fundamental para reforçar a tese da acusação”, conta a procuradora da comissão, Mariana Rodrigues. Além de Rodrigues, atuaram na audiência o secretário-geral da CDHAJ, Ítalo Pires Aguiar, o procurador da comissão Rodrigo Mondego, o membro da comissão Leonardo Gomes e o assessor Luiz Guilherme Queiroz.

“Ele afirmou que a comunidade estava tranquila, e estava posicionado de forma a conseguir ver toda a dinâmica dos fatos. Afirma ter visto um policial mais exaltado apontando para motocicletas que passavam pelo local e, depois, a moto que virou alvo do disparo que acabou acertando Ágatha,” conta Mariana Rodrigues.

O depoimento dos policiais militares no inquérito dá conta de que a comunidade estava sob intenso tiroteio e os policiais baseados no cruzamento onde Ágatha foi morta revidaram o ataque de um passageiro de uma moto.

Ouça no podcast do Eu, Rio' o depoimento de Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Rio , sobre o julgamento do Caso Ágatha, que inspirou uma lei priorizando as investigações das mortes de crianças e adolescentes.

No mesmo ato, estavam previstas também as oitivas das testemunhas arroladas pela defesa, dois policiais militares. O primeiro chegou com cerca de duas horas de atraso, após o juízo chegar a determinar condução coercitiva e comunicar à Secretaria de Estado de Polícia Militar, e alegou enguiço do carro que o transportava e falta do contato do tribunal para avisar. O segundo foi ouvido de forma telepresencial.

“A família se demonstra revoltada com a falta de estrutura de apoio por parte do estado no desenrolar deste caso. Por tudo o que se ouviu nos depoimentos, a acusação confia que o desfecho será a ida do réu a júri popular”, avalia Rodrigues.

Um dos casos mais emblemáticos e de maior repercussão abraçados pela CDHAJ no triênio passado, o caso Ágatha chegou a inspirar uma lei (Lei 9.180/21) que determina que crimes cometidos contra a vida de crianças e adolescentes tenham garantia de prioridade nos trâmites de procedimentos investigatórios, observando as normas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O diploma tem autoria das deputadas Dani Monteiro e Renata Souza, ambas do PSol, e da deputada Martha Rocha (PDT). A "Lei Ágatha" foi invocada de forma inédita pela CDHAJ em busca de resolução para o assassinato das meninas Emily e Rebecca em Duque de Caxias, no final de 2020.


Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro

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