Antes de mais nada, vale ressaltar que quando falamos sobre infertilidade, nos referimos à dificuldade ou impossibilidade de engravidar de um casal e não somente da mulher. Existem fatores masculinos e femininos que contribuem igualmente em importância para a infertilidade do casal e dentre os femininos, a endometriose tem um papel de destaque.
O problema é que a endometriose não apresenta sintomas tão específicos, o que torna frequentes os casos de demora na confirmação da infecção. Segundo o ginecologista Alexandre Silva e Silva, mesmo em países desenvolvidos, são recorrentes as situações em que a doença leva de sete a dez anos para o diagnóstico definitivo.
O acompanhamento junto a médico ginecologista deve ser iniciado desde o início da vida fértil da mulher (primeira menstruação), a fim de garantir sua saúde e seu bem-estar, possibilitando o diagnóstico precoce e maiores índices de êxito no tratamento.
Todavia, muitos fatores podem influenciar na fertilidade da mulher que tem endometriose. “A doença é uma alteração particular em cada uma e quanto mais cedo for realizado o diagnóstico detalhado da doença, melhores serão planejados os seus tratamentos e mais eficazes serão seus resultados”, explica o médico ginecologista Alexandre Silva e Silva.
“A mulher com endometriose pode, sim, engravidar e ter filhos, antes ou depois do tratamento, a depender do tipo de doença e das particularidades de cada caso”, pontua.
Prevenção, pesquisa e tratamento
O estilo de vida e o meio ambiente podem influenciar alterações de fatores imunológicos e inflamatórios em algumas mulheres, que parecem estar associados à presença e desenvolvimento da endometriose. Alterações da resposta celular aos hormônios esteroides levam a uma desregulação da resposta inflamatória promovendo a progressão da doença através da prevenção da morte celular do tecido endometrial fora do útero e formação de aderências, invasão de tecidos e proliferação celular.
Em pesquisas realizadas no endométrio de pacientes inférteis portadoras da inflamação, foram encontradas alterações das populações de células do sistema imune que poderão compor um novo rumo para o diagnóstico da doença, nesse grupo de pacientes, em algum momento. As pacientes portadoras de cistos ovarianos (endometriomas) podem apresentar, mesmo antes do tratamento cirúrgico, diminuição da reserva ovariana com diminuição do número de folículos ovulatórios e consequentemente o número de óvulos viáveis, levando à infertilidade.
O tratamento cirúrgico desses cistos pode contribuir para a diminuição da reserva ovariana de acordo com as técnicas aplicadas para remoção deles e de suas cápsulas. A remoção mecânica da cápsula dos endometriomas pode por si só causar danos ao tecido ovariano diminuindo o número de folículos, causando sangramento e formação de aderências. Nesse caso, existe a necessidade de aplicação de energia no tecido ovariano para conter o sangramento que ocasional seu dano térmico.
Além disso, devido à proximidade entre as tubas uterinas e os ovários, no momento da remoção dos cistos e suas cápsulas, as tubas podem apresentar lesões de endometriose na região das fímbrias, que são estruturas responsáveis pela captação dos óvulos.
A endometriose profunda infiltrativa também pode levar a infertilidade e as pacientes portadoras dessa forma da doença apresentam taxas de gravidez espontânea baixas, variando entre 8,7% e 13%. Essa variação é frequentemente encontrada no intestino, bexiga urinária, ureteres, infiltrando diafragma (músculo da respiração), parede abdominal, músculos pélvicos e nervos.
Estudos demonstram que as pacientes que apresentam alta expressão de determinadas moléculas nas células do endométrio, engravidam mais do que as que apresentam baixa contagem. Não existem métodos diagnósticos laboratoriais não invasivos capazes de diagnosticar a doença.
Sobre a endometriose
Doença inflamatória provocada por células do endométrio (tecido que reveste o útero) que, ao invés de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar. Esse processo provoca dores agudas na paciente, como as abdominais, além de cólicas menstruais intensas, e pode até mesmo levar à infertilidade.
Vale ressaltar que a endometriose é uma doença ginecológica comum, que afeta cerca de 4% a 10% das mulheres em idade reprodutiva do mundo (176 milhões de pessoas), definida pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina e pode ser encontrada basicamente de três formas: implantes superficiais, cistos ovarianos (endometriomas) e profunda infiltrativa.
Fonte: MF Press Global