O músico brasileiro Gilberto Gil, cantor, compositor instrumentista e também ex-Ministro da Cultura, é o mais novo acadêmico da Academia Brasileira de Letras (ABL). O cantor tomará posse na noite desta sexta, 08 de abril, quando passou a ocupar a Cadeira 20 da Academia, sucedendo o Acadêmico Murilo Melo Filho, que foi advogado, escritor e um dos grandes jornalistas brasileiros da segunda metade do século XX.
Gil será empossado hoje, sexta-feira (8/4), como membro da Academia Brasileira de Letras, em solenidade transmitida ao vivo, a partir das nove da noite, no canal da ABL no Youtube. Pelas redes sociais, a assessoria do novo imortal postou uma foto, em que ele já está vestido com o tradicional fardão. Na legenda, a seguinte mensagem: "Por aqui, quase tudo pronto para Gil tomar posse de sua cadeira na Academia Brasileira de Letras". E, logo depois, a equipe faz um afago ao músico baiano, afirmando que a roupa ilustre "caiu muito bem nele”.
Eleito com 21 votos para integrar o grupo de imortais no dia 4 de novembro de 2021, Gilberto Gil estreita os laços da Academia com a música e a cultura popular brasileira. Gil foi um dos criadores do Movimento Tropicalista nos anos 60 e é autor de músicas consagradas como “Procissão”, “Domingo no Parque” e “Aquele Abraço”.
Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Nacional sobre a chegada à Academia Brasileira de Letras de um dos maiores compositores do Brasil.
Desde cedo, Gil mostrou interesse por música e cresceu ouvindo os interpretes da época, entre eles, Sílvio Caldas, Orlando Silva e Francisco Alves. Com 9 anos, já em Salvador, ao mesmo tempo que cursava o ginasial, estudava música na Academia Regina. Seu instrumento preferido era o acordeão, mas aprendia também a tocar violão. Em 1960, Gilberto Gil ingressou na Universidade Federal da Bahia para cursar administração de empresas. No ano seguinte, ganhou um violão de presente de sua mãe.
Ainda estudante de música, Gilberto Gil fazia parte do conjunto “Os Desafinados”, onde ele praticava o que aprendia na academia de música. Em 1963 fez sua primeira música “Felicidade Vem Depois”, um samba bossa-nova inspirado no estilo João Gilberto, que nunca foi gravada.
No final de 1963, Gilberto Gil conheceu Caetano Veloso, Maria Betânia, Gal Costa e Tom Zé, com quem iniciou mais tarde o movimento artístico chamado “Tropicalismo” Em 1967, a música “Domingo no Parque”, que Gilberto Gil cantou com a participação dos Mutantes, ficou em 2.º lugar no III FMPB, festival que foi o ponto de partida para o “Tropicalismo”.
A ideia do movimento tropicalista era a fusão de elementos da música inglesa e americana junto com as músicas de João Gilberto e Luiz Gonzaga. O movimento causou polêmica, porém, abriu portas para uma nova etapa na música popular brasileira. Ainda em 68, ele lançou o disco “Gilberto Gil” com 14 músicas, entre elas, "Procissão" e "Domingo no Parque", e um disco manifesto, intitulado “Tropicália” do qual participaram Caetano, Gal Costa, Os Mutantes, Tom Zé e Torquato Neto.
O Movimento Tropicalista foi considerado subversivo pela ditadura militar e Gilberto Gil foi preso, junto com Caetano Veloso. Em 1969 Gil se exilou na Inglaterra e lançou o disco “Gilberto Gil”, com a música “Aquele Abraço”, última música que Gil gravou no Brasil, um dia antes de partir para a Europa. Aquele Abraço foi o seu maior sucesso popular e tornou-se um samba de despedida.
No início de 1972, Gilberto Gil voltou definitivamente ao Brasil, em seguida lançou “Expresso 2222”. Em 1976, junto com Caetano, Gal e Betânia, formaram o conjunto “Doces Bárbaros” que rendeu um álbum e várias turnês pelo país. Em 1978, se apresentou no Festival de Montreux, na Suíça. Nesse mesmo ano ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Word Music com “Quanta Gente Veio Ver”.
Além de ser um dos nomes mais importantes da música brasileira, Gil também atuou na política. Foi vereador pelo Partido Verde e de 2003 a 2008, assumiu o Ministério da Cultura, durante o governo Lula.
Fonte: Radioagência Nacional e Academia Brasileira de Letras