O tradicional e bucólico bairro da Urca é o pano de fundo da história de um casal cuja a rotina normal pode ficar abalada. Horácio é professor universitário e Vera, sua esposa, é deputada federal que se lança candidata à prefeita do Rio. O convívio entre os dois era normal, até que um acidente torna Horácio em celebridade e ele resolver ceder aos desejos carnais que podem abalar seu casamento e atrapalhar a campanha política de sua esposa. Essa é a situação que acontece no filme "Happy Hour. Verdades e Consequências", que tem a direção de Eduardo Albergaria e conta com Letícia Sabatella e Pablo Echarri interpretando o casal protagonista.
Misturando dilemas do casamento e bastidores da política, o filme é uma comédia romântica com pitadas de drama onde alguns temas considerados tabus são abordados de forma leve. Em conversa com o "Portal Eu, Rio!", Albergaria falou que o longa aborda a questão do desejo masculino de uma forma diferente, onde o protagonista resolve ser sincero do que negar algo que está dentro de si.
"No filme, o Horácio fala a verdade para sua esposa a respeito de um desejo que tem, sendo que ele toca nesse tema com a melhor das intenções, pois se trata de um personagem 'brutalmente' honesto. É claro que não é tão simples para a Vera lidar com essa situação. A partir daí, acontece uma série de situações que se desenvolvem, pois no primeiro momento ela pensa em se separar, mas depois vê que precisa continuar casada para alavancar sua campanha política.", afirmou Albergaria.
O diretor também comentou que resolveu fazer o longa para desafiar alguns temas que considera, em suas palavras, estranhos. Além disso, ele contou que a proposta do filme vai além de falar sobre a rotina matrimonial, e propõe questionar sobre o custo da verdade não ser tratada no cotidiano.
"A pergunta fundamental do filme é esta: qual o custo de dizer a verdade dentro de casa, na imprensa e na política? São três perguntas que me pareciam interessante de serem investigadas. Foi a partir disso que eu busquei entrelaçar essas questões no longa. Agora é curioso que o desejo pode até ser reprimido, mas nunca deixa de existir, não é algo que se possa negar. E o desejo que ele tem é, no mínimo, factível. Mas a norma da boa conduta sugere que isso seja reprimido, mas na vida real isso não acontece. Na verdade, o filme nos mostra que, no fundo, a realidade dói", provoca Albergaria.
Em sua primeira experiência no cinema brasileiro, Pablo Echarri também falou ao "Portal Eu, Rio!" sobre o filme e se mostrou muito feliz em integrar o elenco do "Happy Hour". Ele contou que ficou impressionado ao ler o roteiro e descreveu a convivência com Eduardo Albergaria como "maravilhosa". Echarri também comentou sobre a situação principal que acontece com o casal de protagonistas.
"O que o meu personagem no filme fala, em algum momento da minha vida pessoal, eu senti, mas ão chegou a ser uma fantasia e nem fiquei com vontade de concretizá-lo. Então me senti como um instrumento de contar algo que está próximo da vida de muito casal e eu gosto disso, de fazer algo que esteja próximo da realidade, perto do público, não que esteja longe", admitiu o ator argentino, que também disse, aos risos, que não imaginava que Horácio tivesse uma maneira tão "crua" de dizer a verdade.
A pré-estreia de "Happy Hour - Verdade e Consequências" aconteceu na última quinta-feira (8) no Reserva Cultural, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. O filme foi um dos longas que fizeram parte do Festival do Rio, que teve seu encerramento neste domingo (11).