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Alunos da FAETEC propõem brincar o carnaval o ano inteiro

Por Alexandra Silva em 13/11/2018 às 21:20:22

Foto: Patrick Lima/Divulgação

Plumas, paetês, confetes e união fez o carnaval fora de época dos alunos do 3º ano, do curso técnico em Eventos, da FAETC Adolpho Bloch, em São Cristóvão. Que iniciaram nesta terça-feira (13), o evento Carnavalize-se.  O evento é resultado do projeto de conclusão de curso da turma e acontece até amanhã (14), Centro de Artes Calouste Gulbenkian, no Centro do Rio, atrás do Terreirão do Samba.

Este projeto foi o vencedor do pitchin realizado na unidade, no final de 2017 e foi desenvolvido pelos 18 alunos do curso de Eventos ao longo de 2018. O Carnavalize-se foi idealizado pelos alunos: Bruno da Costa; Nicole Higino e Mayara Natiellem de Oliveira

"Num contexto de corte de verbas, enredos críticos na Sapucaí. Vimos que o carnaval vai além da avenida. Ele acontece o ano todo. Buscamos aprender mais e entender como é. Então, o Carnavalize-se é uma máscara e você tem a liberdade de ser oque você quiser e enxergar o mundo com outros olhos" explicou Mayara de Oliveira.

A mesa de abertura cujo tema foi - "Pecado é não brincar o carnaval", contou com a presença de estudiosos do carnaval, como, Desirré Reis, gestora do Museu do Carnaval e foi mediada por José Antônio Rodrigues, diretor executivo da revista Plumas e Paetês Cultural.

"Me senti lisonjeado em participar deste projeto, satisfeito em saber que pessoas tão jovens, de escolas públicas estão voltados para o olhar social, politico, cultural de desprendimento total do carnaval. Achei bárbara a iniciativa, pois, saber que o carnaval é um movimento cultural que mais reúne pessoas, independente de suas escolhas, classes e credos é a cadeia de economia criativa que mais emprega e promove a inclusão de pessoas que não teriam oportunidades em outros segmentos. O Carnavalize-se é de suma importância para os dias de hoje e é prioridades nas pautas de políticas públicas e sociais. Porque alunos de instituição de ensino estão atentos a tudo que nos cercam. É preponderante para que a gente possa ter uma sociedade mais justa e formadora de cidadãos responsáveis", disse José Antônio Rodrigues, mediador no Carnavlize-se.

Inspirados nos temas recém abordados pelas escolas de samba e blocos carnavalescos nos últimos carnavais. Os alunos elaboraram o evento onde abordam toda cadeia criativa e produtiva do carnaval.   O evento conta com uma programação intensa, como mesas de debates; exposições; desfiles; concursos e oficinas de maquiagem, confecção de adereços e fantasias e de marchinhas. A ideia é que ao final da oficina de marchinhas, seja feita uma composição que será tema para o desfile do Bloco Carnavalize-se, que encerrará o evento amanhã, às 20h. As oficinas vão permitir atividades práticas relacionadas a esse universo, estimulando jovens e adultos a ingressarem nesse mercado.

"Nosso objetivo é abordar o carnaval a partir de seu contexto político, visando à reflexão do público a respeito da importância dessa festividade enquanto expressão cultural popular", contou a coordenadora geral do evento, Bruna Romão.  

Carnaval: Folia e Reflexão

Temas políticos recentemente ressaltados no carnaval carioca, como o uso de fantasias estereotipadas e o corpo político feminino. Serviram de referência para a concretização do projeto Carnavalize-se, que convida todos a caírem na folia da forma como melhor se entendem na festa de Momo, seja em casa ou nos blocos e avenidas. Os alunos propõem uma reflexão sobre o papel do carnaval na sociedade, como festa agregadora e momento de contestação e reflexão sobre temas delicados. Estes temas estão sendo debatidos com a presença de profissionais do mundo do carnaval e de pesquisadores do carnaval, nas mesas de debates.

Um dos idealizadores do projeto, Bruno da Costa, é um jovem, cujo pai curte Heavy Metal, mas também ouve Clara Nunes e outros bambas do samba. Isso influenciou o jovem aluno que se sente realizado com a conclusão do trabalho.

"Numa sociedade elitizada, os sambistas trazem o cotidiano do subúrbio e da cultura afro. Isso ficou na minha cabeça. Com a realização do projeto, sinto que realizei um anseio relacionado à pesquisa sobre o subúrbio, sobre o carnaval. E vejo o quanto é significativo para as pessoas terem três dias de liberdade de expressão e se realizarem num processo criativo com suas fantasias", revela Bruno Costa.

O evento trás um novo olhar sobre o carnaval através do trabalho dos alunos que estão à frente de toda cadeia de produção do Carnvalize-se, onde assumem as funções necessárias para a realização do mesmo e demonstram a capacidade de realização e união de todos.

"Este é um momento muito significativo para eles. Um momento onde a diversidades, a cultura estarem ameaçados e a apesar de toda dificuldade na área da educação. Fazer um projeto desses é resistência. Se a gente é resistência, enquanto turma, enquanto grupo. A gente não largou a mão de ninguém! Então, peço que ninguém solte a mão de ninguém", declarou o professor orientador do projeto, Jorge Braga Jr.

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