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Operação Calígula prende delegado e delegada e estoura quatro bingos clandestinos

Foram denunciadas trinta pessoas pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Por Portal Eu, Rio! em 10/05/2022 às 11:47:15

Quase R$ 2 milhões foram apreendidos na casa da delegada Adriana Belém. Foto: Divulgação Polícia Civil

A Operação Calígula, deflagrada nesta terça-feira (10), mira uma organização criminosa do jogo do bicho liderada por Rogério de Andrade e seu filho, Gustavo de Andrade. O grupo tem como membro Ronnie Lessa, denunciado como executor da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Policiais civis estão entre os alvos.


São cumpridos 29 mandados de prisão e 119 mandados de busca e apreensão. Quatro bingos comandados pela organização foram estourados. Um delegado civil foi preso. Rogério e o filho são procurados.

Ao todo, foram denunciadas trinta pessoas pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A operação foi fruto de investigação da Força Tarefa do Gaeco para o caso Marielle e Anderson, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo as denúncias, Rogério e Gustavo de Andrade comandam uma estrutura criminosa organizada, voltada à exploração de jogos de azar não apenas no Rio de Janeiro, mas em diversos outros Estados, fundamentando-se em dois pilares: a permanente corrupção de agentes públicos e o emprego de violência contra concorrentes e desafetos. Esta organização é suspeita da prática de homicídios.

Entre os agentes públicos corrompidos estão agentes da Polícia Civil e da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Os integrantes do grupo mantinham contatos permanentes com policiais civis com pagamento de propinas em contrapartida ao favorecimento dos interesses do grupo liderado por Rogério Andrade. Por outro lado, oficiais da PMERJ serviam de elo entre a organização e batalhões, que recebiam valores mensais para permitir o livre funcionamento das casas de aposta do grupo.

Em um destes episódios, diz a denúncia, o delegado de polícia Marcos Cipriano intermediou um encontro entre Ronnie Lessa e a então titular da delegacia da Barra 16ª DP Adriana Belém e o inspetor Jorge Luiz Camillo, braço direito de Adriana, culminando em acordo que viabilizou a retirada em caminhões de quase oitenta máquinas caça-níquel apreendidas em casa de apostas. O pagamento foi providenciado por Rogério de Andrade. Cipriano e Belém foram presos hoje

No apartamento da delegada Adriana Belém foram apreendidos quase R$ 2 milhões em espécie. A quantia estava alocada em bolsas de sapato de marcas de luxo. O condomínio de luxo da policial na Barra da Tijuca foi alvo de busca e apreensão.

Também foi denunciado o policial civil aposentado Amaury Lopes Junior, elo do grupo com diversas delegacias. O inspetor de polícia Vinícius de Lima Gomez foi apontado como receptor de propinas, agindo em favor de integrantes do alto escalão da PCERJ.

A parceria entre Rogério de Andrade e Ronnie Lessa é apontada nas denúncias como antiga, havendo elementos de prova de sua existência ao menos desde 2009, quando Ronnie perdeu uma perna em atentado à bomba que explodiu seu carro. Ele já atuava como segurança do contraventor. Em 2018, ano da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, os dois denunciados se reaproximaram e abriram uma casa de apostas no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca. Segundo os investigadores, elementos indicavam a previsão de inauguração de outras casas na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

O bingo financiado por Rogério de Andrade e administrado por Ronnie Lessa, Gustavo de Andrade e outros comparsas foi fechado pela Polícia Militar no dia de sua inauguração. Em seguida, após ajustes de corrupção com Policiais Civis e Militares, a mesma casa foi reaberta, e as máquinas apreendidas foram liberadas.
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