De acordo com a organização Save the Children, 84.471 crianças menores de 5 anos de idade morreram de fome extrema desde que a Guerra no Iêmen se intensificou, há mais de três anos.
Esses números detalham os horrores da pior crise humanitária do mundo, que acontece enquanto intensos conflitos se desenrolam na estratégica cidade portuária de Hodeidah, no Iêmen. O porto, é de um ponto de entrada vital para a ONU e outras ajudas humanitárias, e o centro do conflito entre os Estados Unidos, que apoia a coalizão liderada pela Arábia Saudita, contra os houtis alinhados com o Irã.
A coalizão internacional tem como objetivo acabar com a Guerra de quase quatro anos. Este conflito, que já matou mais de 10 mil pessoas, levou a nação à beira da pior fome do mundo em cem anos. Dados das Nações Unidas apontam que 14 milhões de pessoas passam por fome extrema no país.
Desde o bloqueio da coalizão saudita no porto de Hodeidah, seguido pela violência em andamento e outras interrupções, as importações comerciais de alimentos caíram mais de 55.000 toneladas por mês, segundo a Save the Children. Essa comida poderia atender às necessidades de 4,4 milhões de pessoas, metade das quais são crianças.
Tamer Kirolos, diretor da Save the Children no Iêmen, disse que a Organização está horrorizada com o número de crianças que podem ter morrido por causa da fome.
"As crianças que morrem dessa maneira sofrem imensamente quando suas funções vitais diminuem e acabam parando. Seus sistemas imunológicos são tão fracos que são mais propensos a infecções. Algumas estão frágeis demais até para chorar", disse Kirolas. "Os pais estão tendo que testemunhar a perda de seus filhos, incapazes de fazer algo a respeito."
Save the Children diz que um aumento nos combates, bloqueios e burocracia em Hodeidah forçaram a entidade internacional a trazer suprimentos através do porto sul de Aden, triplicando a quantidade de tempo para que a ajuda alcançasse as pessoas que mais precisam.
Estima-se que 400.000 crianças sofram de desnutrição aguda severa em 2018, de acordo com as Nações Unidas - 15.000 a mais que no ano passado.